Capítulo 9° - "Hospital";

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A dor de cabeça era constante. Me vi caída no chão do banheiro do campus, logo após não me lembro de nada. Poderia apertar o botão vermelho para chamar a enfermeira ou qualquer outra pessoa desse ramo, mas, tinha medo de me enfiarem a agulha e voltar a dormir.

- A mocinha acordou? - Um médico lindo adentroi o quarto. Seu físico era forte, tinha a barba feita na face, os olhos castanhos claros brilhantes ou talvez cansados por estar desde não sei que dia ou hora no hospital, seu cabelo tinha um corte super atraente, não que eu fosse desse tipo, cobiçar um médico, ainda mais um lindo desse... - Está me ouvindo? - O médico encostou no meu braço de leve. Sorri envergonhada, fiquei babando no seu corpo e sua beleza, tanto que nem dei atenção ao mesmo.

- E-estou. - Gaguejei devido a vergonha, e é nessas horas que me dou um tapa mentalmente.

- Bom... - Analisou o fio ao meu lado, onde eu estava tomando soro, fiz uma careta só de pensar que enfiaram uma agulha no meu braço sem minha permissão. - O soro já está acabando, e quando acabar, você já pode ir. - Ele disse tudo num tom sério, que me fazia molhar a calçinha do jeito que falava. Perai, o cara era um pedacinho de pecado.

Para!

Assenti de leve e perguntei:

- Mas, o quê me fez "desmaiar"? - Fiz aspas com os dedos.

- Você teve uma carga emocional muito forte, o quê fez você ter falta de ar e desmaiar. - Bom, pelo menos ele disse na língua de gente, pois sempre que ia no hospital, eu nunca entendia o quê eles diziam ou a letra em que eles rabiscavam no papel. Assenti morosamente. Li seu nome no jaleco onde tinha escrito " Dr. Leandro".

- Tudo bem, Doutor Leandro. - Sorri. Ele solta uma risasa engracada.

- Tudo ótimo... Allyssa. - Olhei confusa para ele, fazendo o mesmo me olhar e continuar. - Tenho a sua ficha aqui. - Apontou para a prancheta embaixo do seu braço. - O soro acabou! - Ele sorriu e jurei que senão fosse os fios que me seguravam neste momento, já tinha pulado em cima dele. Fiquei analisando ele tirar o fio do meu braço, soltei um grunhido de dor, ao sentir a agulha sair do meu braço. Quando o Leandro terminou, ficamos nos olhando por alguns minutos, até a porta abrir e sermos tirados da "pequena flertagem".

Dylan entrou pela mesma, me lançando um olhar confuso. Rapidamente tirei o sorriso que tinha na minha cara, olhando-o imortalmente.

- Evite que aconteça esses acidentes emocionais. - Assenti devagar ainda apreciando seus olhos castanhos. - E pode me chamar apenas de Leandro. - Cochichou perto de mim, me fazendo rir.

Um pigarreio.

Dylan continuava parado na porta, rolei os olhos e disse:

- O quê você quer?

- Levar você embora. - Disse com normalidade.

- Eu tenho pernas, por isso, pode ir. - Exclamei grossa.

O doutor percebendo a tensão, se despediu dizendo um "até logo", isso quer dizer que ele quer me ver novamente. Me arrepiei com os pensamentos desnecessários há essa hora da tarde.

- Se eu não chegasse aqui, você e o doutor estariam se beijando à essa hora. - Rolei os olhos com tal atrevimento da parte dele. Eu estava nesse hospital por causa dele

- Da minha vida cuido eu, e você não tem nada a ver com quem beijo ou deixo de beijar. - Pulei da cama que me mantinha deitada até anteriormente. Ele bufou e eu fui até a casa de banho, olhei meu reflexo, minha boca seca e meus olhos sem cor. Bom, poderia estar pior, mas não estou. Dei graças à Deus por trazer sempre o meu kiti de maquilhagem na bolsa, passei um batom fraco nos lábios, um pó e o rímel.

Saí da casa de banho e Dylan estava parado do jeito que o deixei.

- O quê você ainda faz aqui? - Perguntei pegando minha bolsa de ombro.

- Vou te levar para casa. - Deu de ombros. Ele ficava mais sexy sério, e com as mãos no bolso de sua calça ficava difícil de não o agarrar aqui mesmo.

Você acabou de flertar e dizer coisas sinistras mentalmente sobre o Doutor Leandro, agora está pensando em pegar Dylan?

Misericórdia.

Rebolei meus olhos mentalmente. Consciência filha da mãe.

- Bette e Lola não ficaram pois já é um pouco tarde. - Balancei a cabeça. Saí porta à fora com Dylan no meu encalço. Observei as olhadas que as enfermeiras davam a ele, até a recepcionista, para quem ele piscou. Inevitavelmente, rolei olhos com faltas de quartos e privacidade nesse lugar. Se quisessem se comer, iam para um lugar privado. Bom, só faltavam eles fazerem "amor" na minha frente. Pois quando fui assinar o papel da minha alta, eles ficaram flertando.

Deixei ele para trás, enquanto ia direto para seu carro, não foi difícil de achar o mesmo, visto que era uma BMW branco. Fiquei com os braços cruzados sobre o peito, encostada na porta do passageiro, ele não aparecia, posso jurar que eles estavam se agarrando no balcão.

Ciúmes, Allyssa?

Claro que não. Dylan é um completo idiota, merece um pé na bunda de tão tapado que é. Aposto que quando ele for sair dali, prometerá um "Até logo" a recepcionista, e ela nunca mais irá vê-lo na sua frente. Me fez lembrar o até logo do doutor Leandro. Talvez eu pudesse desmaiar mais vezes.

Tomei um susto, ao ouvir o carro sendo destravado.

- Calma, baby. - Dylan sussurrou no pé do meu ouvido. Ele estava tão perto de mim, que eu conseguia ouvir as batidas do seu coração calmamente e sua respiração quente no meu pescoço.

Quebrei o contato entrando dentro do carro, não antes de ouvir uma risada de sua parte. Soltei o ar dos pulmões, o ar que eu não sabia que tinha prendido. Minhas mãos estavam suando, meu coração palpitando rapidamente e minha respiração descompensada. Dylan era um idiota.

O que estava havendo comigo?

Ele entrou no banco do motorista e começou a dirigir. Virei minha cara para a janela, olhando as luzes da noite... Já era noite. Suspirei pesadamente. Minha mãe deveria estar a me chamar de desnaturada e insensível por não os visitar. Como posso os visitar, se me mudar foi só por uma causa? Me afastar deles por momentos. Tomar um rumo na minha vida. Não que viver com meus pais tivesse sido ruim (foi apenas sufocante), mas eles sempre pegavam no meu pé e isso não colava. Mais um suspiro é escapado dos meus lábios.

- Você está bem? - Dylan se pronunciou, quebrando o silêncio que se transformou a nossa saída do hospital. Ele pegou minha mão, e acariciou com o polegar.

- Sim. - Tirei minha mãe da sua vagarosamente, evitando seu olhar, meu rosto comecava a queimar não sei se é de raiva ou vergonha. Não tinha intimidade com ele, muito menos a confiança que ele achava que tínhamos só por ele estar me trazendo para casa, depois de ter ficado comigo no hospital, ainda mais depois de ele ter dado em cima da recepcionista, e agora querer vim bancar de romântico ou preocupado para o meu lado.

Minutos depois ele estacionou, e antes que ele desligasse o carro, saí correndo do mesmo. Esperei o elevador, mas seria constrangedor tanto para mim, quanto para ele, olharmos um para o outro, depois de ele ter pegado minha mão. Subi as escadas correndo, meu andar é no oitavo, não sabia que era tantas escadas assim.

Deus!

Quando cheguei a porta das escadas, abri a mesma, encontrando Dylan sair do elevador com um sorriso sacana na face. Estava suando e ofegante, parecia que eu tinha corrido uma maratona.

Ele acenou com a mão, me dando um "boa noite" todo saltitante antes de entrar no seu apartamento. Bufei, sentindo nojo de mim. Eca!

Abri a porta do meu apartamento, entrei dentro dele, soltando um gemido de insastifação.

Amanhã tenho que olhar para a cara dele de novo. Bufei com muita frustração.

Capítulo revisado (20/09/16)

A Aposta - Volume 1 (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora