EXTREMO

15

Duas horas depois, Harry, alguns policiais e o restante da equipe já se encontravam no local. Nolan e Mike recolhiam amostras ao redor da casa enquanto eu coletava provas na parte interna junto com Aaron e Samuel.

Quando retornamos ao departamento, já passava de meia noite. Mike e Samuel foram os primeiros a ir embora após deixarem seus relatórios e suas provas mais ou menos organizadas para o dia seguinte. Aaron foi logo a seguir. Eu estava cansada e com fome, mas não estava com a mínima disposição de dirigir até minha casa. Resolvi descansar um pouco no gabinete, era sossegado, com pouco movimento e ainda tinha alguns bancos onde eu poderia, quem sabe, tirar um cochilo rápido. O Frank's estava fechado e eu não estava afim de fazer o chef Yian sair daquela distância para entregar apenas um jantar àquela hora.

Abri meu armário em busca de algum pacote de biscoito ou qualquer outro tipo de açúcar que me mantivesse de pé por algumas horas. Encontrei 2 barras de Hersey's e meio pacote de M&M’s. Peguei tudo e sentei no banco gradeado de madeira, atacando a primeira barra de chocolate. Inclinei meu corpo um pouco de lado, apoiei as costas na parede e fechei meus olhos por alguns instantes enquanto deixava o açúcar circular pelo meu sangue. Senti a presilha apertando meu cabelo e resolvi soltá-la. Balancei um pouco a cabeça e escutei passos e vozes vindos do corredor, mas continuei quieta, parada. Minutos depois percebi um movimento dentro da sala. Abri os olhos e me deparei com Sidney, sentado ao meu lado, com um ar preocupado.

- Sid... – Sussurrei lhe estendendo a mão.

Ele a segurou com firmeza e a colocou sobre sua perna.

- O que está acontecendo, Sarah?

- Nada... só estou descansando um pouco. – Falei baixo, quase inaudível.

- Sabe que não estou falando disso. – Seu olhar era carinhoso e ao mesmo tempo acusador.

- Ah, Sid... estou me sentindo como num Jet leg. Mas não se preocupe, eu acabo me acostumando. – Uma parte daquilo era verdade, mas não tudo.

Sidney não sabia o quanto eu estava frustrada e me sentindo sozinha.

- Mary me contou que Nolan precisou levá-la da última vez que descansou desse jeito. Não pode tomar toda responsabilidade para si, então por que não tenta cumprir seus horários? – Falou sorrindo.

Eu ri sem entusiasmo.

- Sid... sabe que nunca cumpri meus horários mesmo quando estava no turno da noite.

- Mas quando estava no turno da noite, você pelo menos dormia quando chegava em casa.

Isso era verdade.

- Ok, Sid, prometo que vou pra casa descansar, mas só depois de ficar um pouquinho aqui, sabe... pra repor minhas energias. – levantei minha segunda barra de chocolate como se ela pesasse uma tonelada e tombei as mãos, pesadamente sobre minhas pernas.

- Você quem sabe... se precisar que eu leve você em casa, é só me ligar que estarei aqui em minutos. – Ele bateu de leve em minha mão e se levantou.

Eu agradeci e fechei os olhos de novo assim que o vi sair. Esfreguei meu rosto com força e depois passei as mãos na cabeça, que já dava sinais de enxaqueca. Menos de 5 minutos depois, ouvi novamente a aproximação de alguém.

- Sid... não preciso de babá. – Falei com a voz frouxa, sem abrir os olhos imaginando que Sidney havia voltado para me deixar em casa.

- Não... o que você precisa é de uma boa noite de sono.

A voz grave de Nolan me fez sobressaltar. Empertiguei-me rápido e meu cansaço milagrosamente havia desaparecido. Meus olhos estavam novamente vigilantes, meus músculos tensos e minha mente aguçada. Odiava ficar sozinha com ele e ultimamente ele parecia estar conspirando a este favor.