Capitulo 7

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Luiz Tomazetti

Olho o relógio espelhado em cima da minha mesa pela milésima vez. A cada batida do meu coração, eu o olhava, acompanhando lentamente os ponteiros desejando que as horas voassem. E quando finalmente deu oito horas e trinta minutos, dei um salto da cadeira almofadada de couro preto, com passos rápidos andei até o pequeno sofá de dois lugares do outro lado da sala, só para pegar a mochila jeans que guardava uma muda de roupa e corri para a pequena porta do outro lado da sala, a porta que escondia o banheiro da presidência.

Por mais que seja aceitável o fato da sala do dono ser elegante e exageradamente luxuosa, não me importo com toda essa decoração de lustres com alguns diamantes disfarçados entre os vidros, cadeiras de couro, computador da apple e o que mais me dá inquietação são as enormes janelas de vidro que me dão visão do centro da cidade. Morro de medo de me escorar ali e cair de cara na rua, mesmo que o vidro seja temperado.

Pego meu celular e a chave do carro calculando meus passos para fora da minha sala.

— Andressa estou indo na fisioterapia, qualquer emergência me ligue! — Minto um detalhe.

— Fisioterapia? O senhor está bem? — Seus olhos se arregalam.

— Sim, coisa boba. — Sorrio.

Vejo seu olhar descer e subir por meu corpo enquanto ela concorda e logo suas bochechas ruborizam quando percebe que notei sua olhada. Embora ela seja uma bela morena de corpo esbelto e bem-humorada, nunca passou pela minha cabeça qualquer cena de nós dois juntos.

Fico encarando o painel do elevador enquanto ele descia os andares e disparei para fora quando as portas se abriram, acenei rapidamente para Michel entrando no carro e acelerando pelas ruas pouco movimentadas até o bairro que Cecília havia dito. Em quinze minutos passo por uma plaquinha verde suspensa indicando a entrada do bairro e ando pelas ruas a procura do parque e o acho. Estaciono próximo a placa de identificação da praça, Helvécio Anholetti.

Confiro as horas e olho ao redor, do outro lado da praça a vejo correndo. Parece não notar meu carro, acredito que nunca tenha me visto nele. Está com fones de ouvido, olhando para frente. A calça preta colada me dá uma boa visão de seu quadril largo e sem medo ou vergonha, está usando uma pequena blusa preta que deixa a mostra sua barriguinha saliente. Os cachos estão presos em rabo de cavalo alto e balançam de forma graciosa.

Saio do carro e começo a correr de vagar contra ela para que me veja e funciona. A mesma para na minha frente sorrindo e respirando um tanto afobada.

— Fiquei na dúvida se viria mesmo. — Comenta ofegante.

— A preguiça quase me venceu.

Minto. Ela não precisa saber o tamanho da minha ansiedade quando me lembrei do convite assim que abri os olhos.

— Vamos, mexa-se! — Desvia de mim voltando a corrida e acompanho-a.

A corrida é tranquila, mas logo percebo minha respiração ficar mais pesada e meus joelhos reclamarem.

— Então, a quanto tempo corre? — Puxo assunto.

— Faz um tempinho, gosto de aproveitar o sol fresco da manhã.

— Já pensou em ir para a academia? — Enruga o nariz em uma careta.

— Fazer o que lá? Posso correr de graça aqui na praça. — Responde indiferente.

— Talvez musculação, aulas de dança. — Opino.

— Ah não, gosto de sentir esse vento fresco no rosto, não tenho estrutura para ficar pegando peso ou fazer agachamento. — Desdenha.

Brilhe Como Diamante Where stories live. Discover now