O namorado

161 18 0
                                    

Haviam tantas coisas que Lalisa queria contar para Minnie.

Ela poderia começar dizendo: dez horas! Dez horas com um avental em minha cintura, fazendo um peru enorme na minha cozinha decorada com mistletoe.

Ou quem sabe: "minha família inteira usará o famoso christimas sweater para tirar fotos perto da árvore de natal e isso nunca aconteceu!"

Mas o jeito como Minnie falou com Lisa na última ligação fez com que ela não sentisse tanta vontade de lhe contar seus próprios detalhes natalinos.

Nem pensou também nas horas que poderiam perder tentando adivinhar a aparência do namorado de sua mãe, e do filho dele e se seus parentes são bonitos.

Eram muitas coisas novas, tão boas que Lisa deixou todas em sua mente, dançando sobre seus sentimentos o tempo todo.

Também haviam roupas novas, e Bambam pela primeira vez não detestou seu traje, já que podia usar luvas de couro iguais as do motoqueiro que costumava admirar.

-Você parece gay! Com esse gorro, essa blusa de gola alta e essas luvas de dedos abertos, parece até membro do Village People!-Lisa zombou do mais novo, arrancando um riso dele.

-Se pareço gay, você parece lésbica! Essa sua calça e essa blusa horrível só me fazem pensar na Alyssa Jones ou na Corky!

As referências usadas por seu irmão calaram os risos de Lisa que imediatamente tomou uma expressão séria e apontou a saída de seu quarto, para que Bambam fosse embora.

E ele o fez, porque senão ela o tiraria dali puxando-o pela orelha.

Não se falaram o resto do dia, até mesmo quando foram enrolar as luzes nas árvores e nas cercas, durante o entardecer, não se olhavam nem se falavam.

Diziam que quem cala consente, e os dois estavam fazendo isso, mesmo com uma tremenda vontade de voltar no assunto e perguntar de onde diabos saíram aquelas referências.

Acho que os dois dividiam esses pensamentos, pois começaram a explodir risos baixos aos poucos, e por fim, voltaram a se olhar e ficou impossível terminar aquilo sem a supervisão da mãe.

-Estamos indo, mãe! Amanhã voltamos para terminar de decorar o jardim, traremos um prato surpresa também!-Ten disse, carregando seus dois filhos no colo, enquanto eles deitavam suas cabeças sobre os ombros do pai, dormindo feito anjos.

-Dirija com cuidado, quando chegar nos avise!-ela falou, beijando a testa dos garotos que só queriam sossegar no sono.

Ten era o filho favorito da família. Ele não era o mais velho e antes, outra pessoa ocupava o trono de filho favorito.

Sorn Manoban, é a irmã mais velha, a primogênita. O futuro que os pais projetaram para ela não era nada parecido com o que ela queria fazer.

Sorn queria fazer musicais, dançar para o público, encantá-los com sua voz. Nunca quis trabalhar em uma advogacia, defendendo casos.

Ela queria ser o caso.

E ela foi, até hoje é porque há anos, ela não visita a casa onde a família mora e Lisa teria feito o mesmo se as palavras que foram ditas a Sorn fossem para ela.

Como Sorn era sua única irmã, Lisa se espelhava muito nela, mas depois que ela saiu de casa passou a querer ser como seus irmãos.

Suas roupas mudaram para que eles pudessem ser mais amigos e ela pudesse jogar futebol com eles, mesmo que eles nunca tenham pedido para ela mudar.

Acontece que o apego entre as duas irmãs era enorme, e ambas dividiam até a mesma cama. Não era difícil, Lisa era muito nova, cabia perfeitamente no menor lado especial ao lado de Sorn.

Depois de perder sua companhia favorita, dormiu em um colchão ao lado de Ten por anos, mas ele também fez sua vida fora de casa.

Restou então Bambam, o pestinha.

Os dois já aprontaram muito, mas quando Lisa cresceu mais, desistiu de participar das brincadeiras e se tornou o alvo do irmão mais novo.

Por isso, imaginar o novo namorado era importante. Ela queria saber se ele seria tão bom para ela quanto seus irmãos foram uns para os outros. Porque, ela também estava fazendo sua vida e depois, Bambam também.

E Lisa pensava muito nisso, sobre com quem sua mãe aprenderia coisas novas, com quem ela dividiria o cobertor favorito e com quem ela aprontaria novas receitas malucas na cozinha rústica da qual ela tanto se orgulha.

Pois seus filhos não estariam mais aqui para fazer isso.

MERRY LOVE CHRISTMAS | short fic 🎄Onde histórias criam vida. Descubra agora