03 | O Inimigo

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Legado e família, dever e honra

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Legado e família, dever e honra.

Essas palavras foram ensinadas de geração em geração, sendo proferidas como um sinônimo de orgulho, um lembrete diário de quem somos e por quais motivos devemos agir, porque fazemos as coisas que fazemos; porque traficamos, roubamos e matamos. Ela dá um significado as atrocidades que cometemos, ao mau que semeamos, porque faríamos de tudo para proteger esse lema. Dizem que o ser humano é movido por objetivos, e aquela frase é a razão de minha família estar no topo, pois existe algo em nós que quer honrar aquelas palavras a todo custo, independente das ações, consequências ou qualquer merda.

Em situações comuns eu sou o vilão da história, um assassino cruel, líder de uma facção que tem influência no mundo inteiro. Fui preparado para isso minha vida toda, desde o dia do meu nascimento foi plantado na minha cabeça a ideia que devo ser respeitado, mas acima de tudo, temido. Não existe um sentimento mais controlador que o medo e isso é fato, a única maneira de serem totalmente leais é se temerem sua presença.

Se um dia pisar seus pés na Italia e pronunciar o nome de Giorgio Marcino, verá pernas tremerem e sorrisos sumirem, isso é o que as sílabas do meu nome causam: pavor.

Estava dirigindo a 100km por hora, sentindo a adrenalina percorrer cada vaso sanguíneo do meu corpo. Minha mente continha dentro de si um turbilhão de emoções que buscavam emergir a superfície: matar Marco, conhecer a mulher mais sedutora que já vi e meu tio convocar reunião com informações confidenciais. Chegou num ponto que me tornei incapaz de raciocinar e somente seguia o mapa mental de Las Vegas até chegar onde meu tio me aguardava.

Meu primo, Vincenzo, vinha do meu lado, gritando no meu ouvido para que eu diminuísse a velocidade, porém, sinceramente, aquilo só me dava mais incentivos para pisar no acelerador com mais força. Irresponsábilidade ou coragem? Nao sei responder, pois acho que estou arriscando demais. Entrei no túnel e fui conduzindo no subterrâneo, então reduzi a velocidade.

— Você é o homem mais poderoso do mundo e ainda assim age feito crianca? Quando vai crescer, hein? — Reclamou, arfando e cerrando as sobrancelhas, seus cabelos morenos se mexiam conforme o vento.

Vincenzo e eu crescemos juntos, temos o mesmo sangue e somos mais que mero primos, nos tornamos irmãos, somos quase idênticos um ao outro quanto em aparência: cabelos castanhos, olhos azuis e corpo malhado. Nos diferenciamos em personalidade, pois meu primo é com certeza mais "calmo" e menos estressado que eu. Compartilhamos os altos e baixos da vida um do outro, como a morte do meu pai e minha ascensão ao trono da máfia. Depois de mim, ele e meu tio são dois pilares importantes para manter a máfia sob controle.

— Qual é a graça de ter tanto poder senão fazer o que eu quiser? — Provoquei, dirigindo em direção ao compartimento secreto e sub térreo, onde são debatidos assuntos importantes quando nos hospedamos nos Estados Unidos. Fazem anos que não um assunto não é tão importante ao ponto de nos fazer usar esse lugar, me surpreende lembrar da trajetória.

Desejo Ordinário - O Rei da MáfiaWhere stories live. Discover now