01 | Primícias

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Meus dedos tremulavam levemente enquanto o sangue escorria pela minha pele

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Meus dedos tremulavam levemente enquanto o sangue escorria pela minha pele.

Minha respiração era profunda e ranhosa, exprimindo tudo que sinto no momento: ódio. Cerrei fortemente o punho, constatando todos os ossos que o compõem latejar de dor em resposta. Meu corpo inteiro estava em chamas, como se a qualquer momento pudesse entrar em combustão. Normalmente consigo controlar minhas emoções, mas acontece que estou tendo um dia de merda.

A caixa torácica do homem diante de mim se contraia de maneira grosseira, com dificuldade para puxar o oxigênio. Ele estava preso à cadeira de madeira por cordas grossas e se contorcia, numa tentativa falha, de fugir. Naquela altura do campeonato o máximo que poderia fazer era rezar e pedir perdão a Deus.

Raramente um líder suja suas mãos com sangue, o mais comum é que essa tarefa seja atribuída aos subordinados. Porém, hoje decidi que irei olhar nos olhos do filho da puta enquanto atiro no meio da sua cara.

— Homens como você se sentem o dono do mundo, não é mesmo? Quer dizer, vocês tem dinheiro, o tráfico e esse bando de prostitutas e acham que mandam em tudo. Como um antigo amigo seu, Giorgio, vou ser sincero: você não construiu nada, é um zé ninguém, tudo que tem é graças a essa grande teia chamada de máfia, que faz merdinhas como você acharem que são alguém.

Sem medir esforços o acertei com um soco que o fez rangir de dor.

— Francamente, não sei o que te faz pensar que me importo com qualquer porcaria que sair da sua boca. Você é deprimente, basta olhar pra sua cara e qualquer um percebe que é um fodido. O único questionamento que faço é: quem te ajudou a roubar as mercadorias da Itália?

Marco foi soldado na máfia há muito tempo e faz quase dez anos que tinha evaporado do mapa. Semanas atrás houve um furto de um descarregamento de armas de fogo nas águas da Europa, já na costa da Itália. Dentre os envolvidos, alguns homens relataram que Marco estava no meio. Ele foi encontrado em Las Vegas, que, por ironia do destino ou não, é a cidade onde estou hospedado há três semanas.

Faz um tempo que estamos nesse joguinho. Já devo ter quebrado mais ossos do que posso contar. Apesar de ser desprezível, devo elogiar sua lealdade, até o momento não abriu a boca sobre para quem está trabalhando.

— Não sei, Marcino, acho que foram os passarinhos, eles sussurraram no meu ouvido e me hipnotizaram. Foi mal, vou ficar te devendo essa. — O tom de sua voz me deu vontade de vomitar, e então arremessei outro murro na sua cara, fazendo-o cuspir um dente.

— Porra, esse tempo todo você esteve onde? Numa clínica psiquiátrica? Bom, se não vai me contar, então tudo bem. — Sorri, esboçando um leve contentamento. — Hoje você vai pro inferno, aproveita e reserva o meu lugar lá com as melhores prostitutas.

Não lido bem com rodeios, ou é ou não é. Não posso fazê-lo acreditar que terei misericórdia, porque não terei. Alguma coisa diz que isso é só o início de uma maré de caos e incertezas. Desde sempre aprendi a lidar com os inimigos, e darei um ponto final nessa situação. Isso, ou não me chamo Giorgio Marcino.

Desejo Ordinário - O Rei da MáfiaWhere stories live. Discover now