Capítulo 3

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Capítulo III

Às sete horas da manhã, Erosdann já estava acordado. Havia ido à padaria para comprar pães e frios e preparou a mesa do café da manhã. Margarida, ao acordar, ficou surpresa e disse:

– Minha nossa, você está doente?

Com um sorriso encabulado, Eros disse:

– Você gosta de me irritar, né?

– Também, imagine como eu fiquei ao vê-lo acordado cedo, ido à padaria e ainda ter arrumado a mesa? Diga, o que você quer pedir?

– Não quero nada! Simplesmente acordei cedo porque ontem dormi cedo. Eu estava esgotado.

– E por que você não faz disso sua rotina diária? Pense bem a respeito.

– Ah, acho que agora poderíamos falar daquele assunto de ontem? O que acha?

– Eu já te falei que não tenho muito o que falar dele. Não sei o motivo de você insistir.

– Você sabe que ele é seu pai, e sei que minha imaturidade também fez com que você se afastasse mais dele. Hoje eu percebo que ele é doente. Precisa de ajuda.

– Cada um faz o que quiser da vida! Ele escolheu beber, agora que aguente as consequências.

– Filho, e o que você estava fazendo da vida até ontem à noite? Estava indo aonde todos os dias à noite? Perceba, é fácil atirarmos pedras, como fiz, muitas vezes, na vida, e ainda tenho minhas quedas ao fazer julgamentos infelizes. Porém, saiba que não somos dignos de julgarmos alguém pelo simples fato de essa pessoa não ser perfeita ou do jeito que achamos ser correto.

Erosdann apenas escutava as palavras de Margarida.

– Seu pai e eu nos juntamos ainda jovens. Não programamos minha gravidez e na época, eu apenas pensava no que seria de nós no futuro. Não tinha maturidade, gostávamos de sair, como qualquer adolescente que acabara de chegar à fase adulta. Hoje, apenas vejo que Deus me deu um lindo filhão. E se não fosse seu pai, você não existiria como meu filho.

– Eu sei, mas ele não me ajuda com nada, dificilmente me liga e está desempregado há anos. Não sei como consegue dinheiro para beber.

– Ele está perdido, como essas pessoas que você viu hoje no bar. Graças a Deus, o pouco que ganho, serve para nos sustentarmos, embora sem luxo algum. E sobre como ele consegue dinheiro para beber, pode ter certeza que aparecem dezenas de "amigos" que estão dispostos a pagar todo tipo bebida.

– A última vez que ele me ligou, disse que estava levantando umas lajes como ajudante de pedreiro, mas tudo temporário, ganhando por dia de trabalho que conseguia. E me disse que ia me mandar dinheiro e depois disso não nos falamos mais.

– Isso tem quanto tempo, filho?

– Uns seis meses.

– Bom, tenhamos paciência, pois apenas queria te alertar, já que, apesar de tudo, ele é seu pai. E o fato de ele não falar muito contigo, é porque tem vergonha da vida que teve e tem, e que nada pôde te oferecer até hoje.

– Eu não quero nada dele, só queria atenção, só que já é muito tarde para isso.

– Por que acha que é tarde? Você ainda é jovem e ele pode se redi­mir contigo um dia.

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