Capítulo 12

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Estamos ali no chão os 6, sem dizer nada. Já não estamos a chorar mas sinceramente acho que é por não ter mais lágrimas para deitar. Estou de mãos dadas com Hero e Mathew, os punhos de Mathew estão cobertos de sangue que agora está seco. No meio do silêncio ouve-se os sapatos de salto alto de Hillary a aproximarem-se da porta e como suspeitava ela entra. Tem os olhos inchados, esteve a chorar.

-queres que ligue à Amanda ? - ela pergunta cuidadosa.

-Não, não vale a pena trazer este assunto de volta. - não quero que a minha mãe volte a sofrer por tudo outra vez, já me sinto mal o suficiente por termos voltado para Inglaterra por minha causa.

-Pronto querida eu não digo, agora têm que ir almoçar já é tarde. - eu não tinha fome nenhuma e calculo que Mathew também não mas faço-lhe a vontade e levanto-me para sairmos dali. Um tontura atingi-me mas logo sou segurada por Hero que não me deixa cair. 

-Vai para a mesa que eu vou pedir uma sopa para ti. - Ema diz de forma carinhosa. Hero continua a segurar-me e estou com a cabeça junto ao peito dele quando entro no refeitório.

-Não tenho fome. - Mathew diz com a voz baixa e sem olhar para ninguém.

-Come uma sopa ao menos. - Caleb diz enquanto o conforta. Nisto Mat concorda e Caleb levanta-se para ir buscar a sua comida e a sopa de Mathew.

-Está toda a gente a olhar. - digo entre dentes e nos braços de Hero.

-Queres que eu trate deles? - Hero pergunta de forma cuidadosa, ele está nervoso e com medo de fazer ou dizer qualquer coisa e eu fique pior.

-Não, não quero mais brigas.

-Hailey ajudas-me a trazer o tabuleiro para o Hero. - Ema diz quando chega à mesa com a minha sopa. Hailey sai com ela mas logo volta Caleb.

-Come. - Hero diz afastando-se um pouco para olhar para mim. E nisto eu como a sopa mesmo tendo o meu estômago fechado. Mathew continuava com aquele olhar perdido, ele não se ia recuperar. Já passam das duas da tarde quando acabamos todos de comer. Eu preciso de estar sozinha para que consiga por a minha cabeça no lugar, só tenho medo do que Mat possa fazer.

-Eu preciso de estar sozinha...- digo baixo e todos olham para mim menos Mat.

-Tens a certeza ?- Ema pergunta com cuidado.

-sim, tenho que por tudo no lugar. - nisto levanto-me e saio do refeitório em direção ao quarto. Olham de lado sem entender o que se passa e eu apenas sigo caminho.

Quando chego ao quarto tiro as botas e enrolo-me numa manta. Deito-me na cama e fico ali a reviver tudo e a tentar perceber como é que consegui olvidar tudo da primeira vez. A minha cabeça dói de tanto que chorei e gritei, os meus olhos pesam e por muito que eu tente cair no sono a minha mente não para de trabalhar. Fico assim a tarde toda, a pensar e a corroer-me por dentro. Eu confiava neles, eles eram os meus melhores amigos no entanto andavam por trás das minhas costas a maltratar a minha irmã. Eram quase 19 da tarde quando finalmente consigo ter algum controle e pensar direito sobre tudo. Levanto-me da cama onde estive nestas ultimas horas e calço as botas. Tenho que ir falar com Mathew antes de ir jantar então mando-lhe uma mensagem a perguntar onde está, ele responde logo a seguir "no telhado". O telhado tinha uma varanda enorme que era de fácil aceso e onde os rapazes passavam bastante tempo a fumar quando não conseguiam ir para a cabana. É no edifício dos quartos e por isso sem qualquer vigilância visto que o único controle que existe neste edifício é nos corredores dos dormitórios para terem certezas que nenhum rapaz ou rapariga vai para a ala oposta. Chego lá em cima e sinto o ar gélido bater-me na cara, ainda estava de dia mas não faltava muito para começar a escurecer. Mathew está a fumar e não tira os olhos do horizonte, só se vê a floresta que nos rodeia. Sento-me ao lado dele e consigo ver o punho com feridas dos socos que deu.

The Forbidden CrownWhere stories live. Discover now