"Já não é um pedido, é uma ordem"

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Sara on

Passado algumas horas a médica que me tinha andado a acompanhar finalmente me deu alta, e disse que eu poderia voltar às aulas quando eu me sentisse melhor mentalmente, mas mesmo estando de cadeira de rodas pediu-me para fazer o menor esforço possível.

Sim...eu estava de cadeira de rodas...aquela experiência realmente foi bem...difícil para mim, e eu sabia que me ia ser bem difícil de recuperar, mas ficar em casa sem fazer nada também não me ia fazer nada bem...então acho que ter a minha agenda cheia ia ser bom para mim, para me distrair.

Enquanto eu pensava, Taís ia empurrando a minha cadeira de rodas até à saída, apercebi-me novamente disso quando senti o os lábios dela tocarem o meu couro cabeludo.

- Parece que alguém vai ter um tempo extra em casa – Eu olhei para ela e ela sorriu

- Em relação a isso...eu gostava de voltar à escola contigo, ao invés de voltar a casa

- Porquê? – Ela perguntou confusa

- Aquela experiência foi um bocado traumatizante para mim...acho que ficar em casa fechada não seria das melhores opções...prefiro ter algo que me distraia a cabeça – Olhei-a nos olhos e depois voltei a olhar o balcão da secretaria, onde acabávamos de chegar só para entregar uns papéis e depois poder ir embora.

Demorámos alguns minutos e eu apenas fiquei a observar algumas pessoas que também esperavam ser atendidas. Acordei novamente dos meus pensamentos quando a Taís começou a mover novamente a minha cadeira de rodas.

- O que dizes a uma corrida? – Ela disse num tom brincalhão enquanto começava a correr com a minha cadeira de rodas na direção da saída enquanto ria um pouquinho com aquele olhar concentrado e sorriso malicioso e brincalhão, acabei por rir também, parecíamos duas crianças a brincar

Chegando no carro onde Sebastian já estaria à nossa espera Taís parou a cadeira um pouco ofegante e logo abriu a porta para me ajudar a entrar. Ela colocou um dos meus braços em volta do seu pescoço para me ajudar a levantar.

- Taís, eu consigo não te... - Eu falei mas ela passou logo o outro braço por baixo das minhas pernas para me levantar ao seu colo.

- Não te preocupes, és bem leve – Ela olhou para mim e sorriu, mas quando ela olhou para mim ela ficou com o seu rosto tão perto do meu que me fez logo corar. Ela pousou-me com cuidado no banco de trás do carro e depois arrumou a cadeira de rodas na mala do automóvel. A nossa mãe entrou no banco da frente do carro e o pai ao meu lado atrás. – Bom eu tenho que levar a minha moto, então vejo-vos em casa – Ela falava do lado de fora do vidro do carro e depois começou a caminhar para a sua moto, onde retirou o elástico que prendia aqueles cabelos rosa dela para colocar o capacete de moto. Como eu a olhava meio de lado pelo vidro do carro, os nossos olhares cruzaram-se e ela sorriu de canto enquanto passava uma das suas mãos pelos cabelos e com a outra pegava no capacete. Até mesmo a colocar um simples capacete ela conseguia ser sensual.

Antes que eu pudesse pensar em alguma coisa o carro arrancou para fora dali enquanto ela ainda ligava a moto. Eu já nem me lembrava que estava no carro por estar a olhá-la.

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Já em casa, e de volta à cadeira de rodas, Gael empurrava-me para a sala da casa.

- Filha...amanhã já vai começar a tua fisioterapia, mas só voltas à aulas quando te sentires mesmo melhor, ok? – Sheila falou enquanto aparecia ao lado do meu pai

- Sim, não precisas ir já para lá, já pedimos à Ada para avisar a professora também. – Gael completou

- Mãe, pai, eu sei que eu deveria repousar o máximo que puder, mas deixarem-me fechada em casa não me vai ajudar lá muito...prefiro voltar à escola...só mesmo para entreter a minha cabeça – Ao terminar a frase olhei nos olhos deles, enquanto ambos se entreolhavam

A minha meia irmãOnde histórias criam vida. Descubra agora