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Instantaneamente as presas do vampiro apareceram, e pela primeira vez foi tomado pelo medo — não por sua vida, e sim por Mackensie. Ele então sentiu a mão da mulher tremer; o coração dela estava ligeiramente mais rápido, então ele a puxou para si, envolvendo-a nos braços, a fim de acalmá-la e demonstrar que nada aconteceria a ela, que estava ali para protegê-la.

— O que quer aqui? 

Ele estava preocupado; há muito tempo, encontrou-se com a tribo Petrova, uma tribo formada por três irmãos, e ele não queria se envolver nos assuntos, estava apenas de passagem, até que um dos irmãos resolveu recrutá-lo. Mak não queria, mas como o mais velho usou força, ele respondeu da mesma forma: matou esse cara. A briga que tiveram separou a tribo Petrova, e os dois remanescentes juraram tirar do vampiro que ele mais amava; Mac era a única coisa viva que eles sabiam que ele amava.

— O que eu quero? — repetiu, como se pudesse amedrontar Mak, e riu para os vampiros, aproximadamente cinco, atrás dele. — Você sabe muito bem o que é! Do mesmo jeito que tirou de mim algo que amo, farei o mesmo com você. — Apontou para a mulher.

Um clã de cinco vampiros não era consideravelmente grande, contudo faria um estrago, e ele não poderia se concentrar em proteger a dama pois estava ocupado demais se protegendo.

— Não vai tocar em um fio de cabelo dela — disse, e logo colocou os lábios sobre o ouvido dela. Não que aquilo fosse impedir o vampiro-chefe de escutar, mas na hora do desespero suas ações eram estranhas. — Corra.

Assim que mandou a mulher correr, ele a soltou completamente e grunhiu alto, fazendo os vampiros que se aproximavam vacilarem. Tudo o que importava era a segurança da mulher. A distância que a mulher correu não era nada se comparado à distância em que ele poderia chegar.

O vampiro mais alto e magro fez Mak se perguntar como ele estava de pé. Com seus fios de cabelo, seus vermelhos olhos profundos, avançou. Era o único a ter coragem de se aproximar dele, e o vampiro pulou com tanta força sobre o corpo de Maksimovich que ele teve que fazer força para ficar de pé. Seu corpo ia para trás à medida que o vampiro empurrava.

Mackensie olhou para trás; seu pulmão queimava, e a dor em seu peito a fazia querer ir devagar. Desde cedo aprendeu que não deveria esperar nada de ninguém, que ninguém poderia fazer por ela nada do que ela não pudesse fazer. As pessoas eram decepcionantes, e ela estava sozinha e pronto; queria salvar sua pele, e uma parte dela não estava interessada no vampiro, se ele ia sobreviver ou não, mas mesmo assim olhou para trás e viu apenas sombras se movendo em sua direção.

Mak estava preso a um vampiro, e por esse motivo os outros estavam livres para se aproximar. Ela caiu quando um deles puxou seu pé, agarrou-se firmemente na grama verde, o que não adiantou de nada; seu corpo frágil foi levado. O vampiro então a virou, colocando em cima dela a figura feroz de olhos negros que era. Ela pôde ver sua morte, e não estava pronta para ela. Gritou, e graças a isso Mak em questão de segundos empurrou o que o estava atrasando, e como o vento rapidamente colocou as fortes mãos sobre o ombro do que estava sobre ela e o puxou com tanta força que o vampiro caiu a alguns metros de distância.

Então outro pulou sobre ele, com uma estaca na mão que não se sabia bem de onde tinha saído. Tentou atingi-lo, mas o homem puxou a arma mortífera da mão dele. Gastou suas energias em atingir todos os outros que se aproximavam dela, acertando cada um dos vampiros jovens e inexperientes.

Então o vampiro mais velho, o único que restou dos caídos, avaliava a situação. Mac estava caída, o sangue de seus companheiros estava à sua volta, havia corpos dilacerados. E a raiva o consumia. Ele manteve o olhar sobre a garota, repleto de rancor, e suas presas pareciam ser maiores do que as de Mak e aparentemente mais perigosas. Ele tremia de ódio; tirou de baixo da roupa uma estaca comprida — ela não precisava de muito para saber que era para ela — e avançou contra a mulher, até que Mak se colocou na frente.

Ela se levantou, observando a sombra dos vampiros se moverem e um outro se aproximando, usando uma camisa de botões azul-escuro, calça jeans levemente rasgada. Ele correu até Mac; era Pixel, mas a mulher e sua ingenuidade gritaram, o que fez Maksimovich ter a atenção toda para ela e, nesse momento, o Petrova se soltou e correu até a mulher tão rápido que Pixel com seu pouco controle de habilidade não percebeu. Empurrou a mulher para que caísse, e então em um salto Maksimovich entrou na frente, sendo atingido com a estaca que era para a mulher, bem próximo ao coração. E a estaca que pegou de outro, ele aproveitou a proximidade e a fincou no coração do ser.

Os dois poderosos vampiros caíram tristemente no chão. O Petrova ficava preto, lentamente todo o seu corpo se desfazia com os outros, e Mak puxou a espada de seu ombros, percebendo então que não foi o único lugar atingido; de alguma forma um vampiro perfurara seu abdome. Ela se levantou e correu até o vampiro que a salvou; estava com medo de Pixel, pois não o conhecia, e confusa por Maksimovich, que esteve a ponto de dar a vida por ela. Poderia ter se retirado em paz do local, mas colocou-se na frente de uma estaca. Ela então se abaixou ao lado do homem, sem saber ao certo se deveria tocar nele ou não. Tudo o que fez, por impulso, foi balançar a cabeça negativamente.

— Por que fez isso? — questionou, curiosa.

O homem então segurou a mão da mulher. Ele olhou bem nos olhos dela, com um sorriso fraco nos lábios agora que estavam tomados por sangue.

— Não sabe mesmo o porquê? — Olhou para Pixel, para que se aproximasse.

Depois que sentiu o cheiro de Mac, ele encontrou um motivo para viver; por ela e com ela, não deixaria nenhum mal acometê-la. Mesmo que ela mal soubesse de sua existência há poucos dias, ele soltou a mão dela e a colocou no peito, tossindo, e olhou para Pixel, que se aproximava.

— Leve-a ao instituto. — Voltou a sua atenção a ela, que estava prestes a resmungar. — É o lugar mais seguro; ninguém ousará te procurar por lá.

— Eu não quero ir — disse, segurando a mão do homem. Não tinha ideia do que sentia em relação a ele. Medo? Simpatia? Não sabia, mas nem por isso o deixaria ali. — Você também não poderá se aproximar; além do mais, não quero matar vampiros,

Ele aproximou a mão dela de seus lábios, depositando um beijo caloroso, a promessa de um além. Quando afastou a mão da mulher, a marca de sangue estava na mão dela, o que fez o homem sorrir. O sangue era tudo o que importava para sua existência, mas Mackensie era essencial e, sem ela, nada haveria de ter sentindo.

— Eu me curo rápido, e vou até você quando tudo terminar. — Olhou para Pixel e para ela como se ordenasse que ele a levasse imediatamente. Pixel em silêncio segurou no braço da mulher e a fez se levantar.

— Vamos — disse, curto e seco, e ela puxou seu braço.

— Não vou deixá-lo.

— Se ficar aqui, outro vampiro pode aparecer e então Mak terá que lutar por ele e por você. Julga que será bom assim? — Fez uma pausa e logo continuou: — Ele vai ficar bem, vou te deixar lá e logo após volto para buscá-lo.

Ele, por sua vez, interferiu, vendo que a mulher não sairia do local de forma alguma. Sorria a fim de passar tranquilidade. Levantou-se devagar — sua mão forte estava sobre a ferida que se curava lentamente —, e curvou o corpo com a dor. Talvez fosse resto de madeira em seu peito.

— Por favor, só ficarei bem se tiver certeza de sua segurança, Mackensie. Você é tudo o que importa para mim — confessou, as palavras com tanta seriedade e verdade que tudo o que restou a ela foi escutá-las.

Aproximou-se do ferido, abraçando-o sem fazer força, um agradecimento pelo homem tê-la salvado. Ele falou perto do ouvido dela:

— Abrace-me com toda a sua força quando nos virmos novamente, me envolva com sua ternura da próxima vez, mas agora você deve partir, Mackensie, e não se preocupe; eu irei até você onde quer que esteja.

Afastou-se com os olhos nele; sua respiração faltava, seu peito chegava a doer e a cabeça lhe pesava. Seguindo adiante com Pixel, andou ao lado do homem em silêncio, e, quando se afastou, ele a pegou no colo.

— Durma — pediu, persuasivo, para a mulher.

Por mais que ela não quisesse dormir, após escutar o homem todo o seu sistema ficou lento; não conseguiu dizer uma só palavra. Apenas fechou os olhos.

Lua de SangueWhere stories live. Discover now