VIII

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— O que a senhora desejar saber... — Ele passou os braços em volta dos braços da mulher como se realmente estivesse empolgado com o que falaria. Ela apenas manteve o sorriso singelo nos lábios e, diminuindo a distância entre os dois, forçou um sorriso. O homem pegou o copo e levou o líquido na boca.

— Como se conheceram? Quando começaram a namorar? Não vai me dizer que minha filha traiu o Dobreved — falou em tom de desaprovação.

— Se eu tivesse feito isso, mãe, não estaria na desvantagem — resmungou, afinal, o homem a havia traído, e seu único arrependimento era não ter feito o mesmo.

— Mackensie, não foi assim que te ensinamos — o pai falou em desaprovação total, balançando a cabeça.

Ela encolheu os ombros e olhou para baixo. Como filha única e adotada do casal, ela sempre tentou mostrar seu valor, mostrar o quanto poderia ser uma boa filha. Maksimovich afastou-se, colocando o copo no balcão, e olhou para a mulher.

— Era noite, ela estava andando sozinha, voltava para casa depois de uma aula. Eu fiquei preocupado com a dama voltando sozinha para casa, pois algum ser terrível poderia estar atrás dela — falou, ainda observando a mulher, que evitava olhar para ele. — Então me aproximei, e de imediato ela achou que eu fosse um assassino ou algo do tipo, mas calmamente fomos conversando até a casa dela, e esse percurso se repetiu.

Ele voltou a olhar para a mãe.

— Até eu perceber que estava perdidamente apaixonado por ela. — Ele fez uma pausa longa enquanto a mãe parecia se derreter de amores. — Eu não tive escolha além de amá-la profundamente, mas eu não poderia falar; que tipo de homem seria? Por esse motivo, guardei meus sentimentos. Até o dia em que ela me revelou os problemas de seu relacionamento. Já sabíamos sobre Dobreved há tempos, e Mac só precisava de uma prova, até o dia em que ela recebeu de Emma as imagens, depois de ser deixada brutalmente na estrada. Ela foi até a minha casa, ficou lá até o dia seguinte e voltou anteontem, quando a deixei na porta. Achei que fosse o melhor momento para pedi-la em namoro, afinal, se não fosse agora, seria quando?

— Fez bem, querido, assim ela não pensa na merda que é...

Parou de falar quando o marido a reprendeu; o homem não gostava de palavreados baixos. Era definitivamente contra.

— Quando ela disse sim, eu me senti o homem mais feliz do mundo e decidi fazer de tudo para honrar com minha palavra, de fazê-la a mulher mais feliz do mundo e jamais ferir os sentimentos dela — falava aquilo mais para a loira do que para os outros presentes no local. Aquela era a promessa dele para ela, e não importava as circunstancias: ele estava decidido a cumprir.

Todos ficaram em silencio. Ele falava com tanta franqueza que Mac chegava a duvidar do mau caráter dele. Não justificando a ação dele, mas aquela era a natureza do homem, tão mortal e perigosa. A mãe o olhava encantada, como olhava para o ex da loira, com aquele mesmo brilho. Então a mãe se aproximou, e podia-se dizer que ela estava ligeiramente emocionada.

— Cuida bem da minha menina. — Segurou forte na mão do homem.

Mackensie virou os olhos com tanta força que pensou que fosse perdê-los; o pai então prestava a atenção na torta no forno. Ela bateu uma mão na outra sem fazer barulho. Seus serenos olhos foram para o homem — pensava que nunca havia sido enganada de tal forma ou nunca havia escutado tamanha trapaça. E sendo devorada por grande angústia, querendo separar os pais da presença do vampiro, ela resolveu dizer algo.

— Por que não comemos no jardim? — questionou sem esperar uma resposta. Aproximou-se dos pratos e pegou quatro, entregando ao homem. — Leve-os para a varanda, querido. — Apesar de a voz ser doce, em seu interior estava tomada por completo rancor.

Lua de SangueWhere stories live. Discover now