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          Kakashi não era um pai presente como sonhara ser, mas também não era tão ausente como temia, cuidava da sua garotinha, ou melhor, do seu floquinho de neve, como gostava de chamá-la por causa do cabelo que herdara da parte paterna, da melhor forma que conseguia, visto que, como ele havia dito para Akemi no dia em que soube que seria pai, nunca levara jeito com garotas, fazia tudo o que estava ao seu alcance, até treinava com ela quando não estava muito cansado. A garota ainda não havia desabrochado por completo, mas sentia que ela seria uma kunoichi formidável, como a mãe.
          Era apenas um dia se findando, como tantos outros. Estava parado em frente a enorme janela que tinha em sua sala, encarando a vila logo abaixo quando ouviu a porta atrás de si ser aberta e a voz de Sayuri ecoar pelo local.

— Pai...

— Aconteceu alguma coisa, Sayuri? — Kakashi virou seu rosto em direção a menina, suspirando de leve por tamanha semelhança com sua falecida esposa.

— Eu tava pensando... — Ela se aproximou da mesa do Hokage, pegando um dos porta-retratos que tinha ali, era o único que tinha a imagem de Kakashi e Akemi juntos, provavelmente logo após o casamento. — Você quase não fala sobre a mamãe...

— Ah... — Respirou fundo, sentindo seu coração apertar. — Sinto muito por te privar de saber mais sobre sua mãe, eu não faço por mal.

— Você amou muito ela, não foi? — Sayuri observava o pai que suspirou e afirmou com a cabeça de leve, voltando a encarar a vila abaixo deles. — Dá pra perceber só pela forma como você fica quando citam ela ou algo assim...

— Bom, ela foi a única mulher que eu amei daquela forma, então ainda dói... — Kakashi se afastou da janela e caminhou em direção a garota, parando atrás dela e observando a imagem em suas mãos, suspirando de forma pesada em seguida, aquele dia ainda estava fresco em sua memória, assim como a morte de Akemi que repassava em sua mente durante suas noites de sono, a imagem fora tirada em frente a casa que haviam escolhido para dividirem até o fim de suas vidas, eles só não imaginavam que o fim da vida dela chegaria de forma tão precoce, meses depois da foto ser tirada. — Mas eu acho que consigo falar um pouco dela, o que gostaria de saber?

— Como ela era? Que tipo de pessoa?

— Eu acho que você não se lembra, mas, uma vez, quando você era bem pequena, me perguntou se ela era bonita e eu disse que sim e que também era a mais gentil... — Se encostou na mesa, observando a filha a sua frente. — O coração dela era grande e bom, sempre fazia tudo o que estava ao seu alcance pra proteger e cuidar de quem amava, fora o fato dela ser uma kunoichi incrível.

— Kiba-niichan disse que ela era muito calma.

— Um pouco menos que eu, mas sim, era mesmo. — Ele soltou uma risadinha, lembrando de como era a esposa. — Ela era muito amiga da maioria dos ninjas aqui da vila, acredito até que ela poderia ter sido Hokage...

— Ela era tão forte assim? — A garota arregalou seus olhos, não sabia das habilidades de sua mãe, apenas algumas coisas.

— Ela era muito boa em praticamente tudo, menos taijutsu, essa parte você herdou de mim. — Encolheu de leve seus ombros, saindo da sala após apagar as luzes e se abaixando um pouco. — O que acha da gente jantar fora hoje?

— Só não esquece que amanhã eu tenho a primeira prova do exame chunin. — Sayuri correu e subiu nas costas do pai, rindo baixinho. — Vou treinar e ficar tão forte quanto a mamãe, 'tô certa!

— É agora que eu fico triste porque o meu floquinho de neve 'tá crescendo? — Kakashi falou como se estivesse triste, mas então sentiu seu pescoço ser abraçado com um pouco mais de força. — Eu acho que tem alguém andando demais com a família do Naruto, 'tá falando igual a ele.

— Eu nunca vou deixar de ser seu floquinho de neve, papai! — Falou. — Tenho treinado com Naruto-niichan e brincado com os filhos dele de vez em quando.

— Sei disso, Naruto-kun me contou. — Sorriu orgulhoso, sabia que a filha estava dando tudo de si porque a vila toda esperava muito dela por ser a filha do Hokage. — Quero que dê tudo de si amanhã na primeira parte do exame chunin, mas não quero que se sobrecarregue, tudo bem?

          Sayuri afirmou de leve com a cabeça, imaginava que seu pai soubesse sobre as coisas que os moradores da vila falavam sobre ela.
          Enquanto comiam na churrascaria conversaram um pouco sobre Akemi, sobre a guerra que tirou a vida de pessoas muito queridas e importantes para a vila, sobre a primeira etapa do exame que Sayuri prestaria no dia seguinte e aquele momento, onde Kakashi estava na presença de sua filha, era a forma mais pura de felicidade que poderia existir, claro, o buraco em seu peito causado pela morte da amada jamais seria preenchido, mas, pelo menos, podia se sentir um pouco mais feliz, sabendo que sua menina estava se tornando cada dia mais forte e gentil, com a mesma vontade de proteger a vila que Akemi e ele tinham.
          Kakashi era um pai orgulhoso e todos a sua volta poderiam dizer apenas pela forma como ele olhava para Sayuri, e a garota também sentia orgulho do pai já que ele a criou praticamente sozinho, era grata por ter um pai e uma mãe, mesmo que não estivesse mais viva, que a amavam de forma incondicional.

[THE END]

ANBU LOVERSOnde histórias criam vida. Descubra agora