Cardigan

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Hello Girassóis, como estão?

Cheguei com Cardigan. Espero que gostem...

(...)



Camiseta retrô, telefone novo

Saltos altos em paralelepípedos

Quando você é jovem, eles supõem que você não sabe nada

Fazia frio.

Eram meados de setembro e o outono deixava sua marca no vento gélido que os envolvia naquele fim de noite. E se pudesse apostar, estaria gripado no dia seguinte, mas há poucos dias havia se convencido -ou sido convencido- de que a vida era curta demais para não a aproveitar, mesmo que o aproveitar fosse aguentar os mesmos velhos amigos em uma mesa de bar. O que para ele era quase o mesmo que tortura.

As luzes do bar piscavam em sincronia com música que tocava ao fundo, e era um rock nacional a trilha sonora daquela noite, e aquele detalhe secretamente o deixava as coisas um pouco mais agradáveis.

No bar as mesas estavam lotadas e aquela sexta-feira não tão perdida no tempo, era palco de amantes e bêbados que insistiam em afogar suas magoas e amores na bebida. E sem saber se por sorte ou azar, ele não fazia parte de nenhum dos dois. Mas ainda assim o álcool era uma companhia interessante quando a intenção era se manter calado e observar.

Seus braços se apoiaram na mesa de madeira e os negros como a noite percorreram o ambiente observando as poucas pessoas que o rodeava:

Lupin, seu mais velho companheiro de batalha e professor de matemática aplicada, debruçava-se sobre a professora de psicologia comportamental, a qual Severo não sabia o nome, mas sabia que o quer que ambos tivessem era duradouro. Diggory observava a mesa ao lado, onde alunas do sétimo semestre bebiam distraídas, e era inevitável não revirar os olhos. Aparentemente o professor psicanalista não havia aprendido nada, nem com a vida nem com Freud. Ao seu lado esquerdo Black, o qual ele de fato não sabia o que fazia ali já que ambos não se davam bem o suficiente para isso, havia acabado de voltar com outro copo na mão e o colarinho sujo de batom. E por fim Potter falava ao telefone com a noiva, a professora de química, e sua melhor amiga; Lilian.

Cada qual perdido no próprio universo de insignificâncias, e acompanhado do álcool. Seus olhos se fecharam e riu sozinho, no auge dos 28 anos ele estava se sujeitando a aquela saída após o trabalho, no frio de Londres, e o ambiente -e as pessoas- se quer o agradava. Como Lupin pode ter jogado em sua cara, duas semanas antes, que ele não estava vivendo? Dividir uma mesa de bar, após horas exaustivas em uma sala de aula, era viver? Por Deus preferia então apenas... sobreviver.

O copo de whiskey desceu queimando por sua garganta e negou com a cabeça. Talvez devesse reconsiderar se incluir no grupo dos bêbados, não tinha magoas para afogar junto a bebida, mas ela era de fato sua melhor companhia.

–Boa noite, desculpa a demora. -Seus olhos largaram o liquido de cor âmbar, e seguiu a voz de Lilian. –Essa é a nova professora de Sociolinguística, Julianne Myrtle. -De Lilian, seus olhos desceram para a mulher a seu lado e as pupilas dilataram inconscientemente. Não podia ser... – Sejam legais com ela.

– Somos muito receptivos, Lilly querida. -Respondeu Black piscando para a ruiva a vendo revirar os olhos.

O único lugar vago era uma cadeira ao seu lado direito, e outra ao lado de Potter onde Lilian certamente iria sentar. Julianne, também ruiva, se deslocou sem jeito para perto dele e lhe oferecendo um breve sorriso se sentou.

–Uma cerveja por favor. -A voz suave e baixa combinava com seu porte sereno e pequeno. Os cabelos ruivos eram longos e ondulados nas pontas, diferentes dos de Lilian que mantinha os fios sempre curtos. Seus olhos, ainda que tomados pela luz da noite eram de um verde claro, e os lábios rosados. Exatamente igual se lembrava, faziam alguns anos mas ainda era ela.

Folklore -Severo Snape Where stories live. Discover now