As Crônicas Do Ar : Fênix do Fogo {LIVRO 1}

6. O passado vem à tona

—O que acabou de acontecer, exatamente? —Bia soava confusa ao se dirigir para a avó, que havia sido socorrida por Miguel, e estava sentada em uma das cadeiras novamente, todos a sua volta, curiosos sobre o repentino e breve desmaio.

—Quando um Nó de Sangue é formado —Miguel tomou a palavra – Todas as outras ligações são fortificadas, especialmente quando o recente laço é adquirido na família.

—Então quer dizer —Luan ajeitou os óculos ao falar —Que a vovó tinha, quer dizer, tem essa ligação com o irmão dela? Mas ele não estava desaparecido, dado como morto?

—Isso foi o que eu havia pensado, quando Thiago chegou e nos deu a notícia —Thiago também se aproximou, cautelosamente, com as mãos nos bolsos —Mas agora, eu sei que meu irmão está vivo, pois eu senti sua energia vital. —Helena virou-se para o marido —Nós precisamos ir até Caeli, Miguel. Precisamos salvar meu irmão.

—Mas, querida —Miguel soava pesaroso —Nós não podemos voltar para lá, você sabe disso. Nós fomos exilados da Ilha e só podemos voltar caso não houvesse outro descendente para o Trono.

—Exilados? —Bia olhou para os avós perdida, e depois para Luan, que parecia igualmente confuso.

—Miguel e eu tínhamos mais ou menos a sua idade —Helena começou a explicar—Minha mãe era a Rainha de Caeli na época, e, como o primeiro na linha de sucessão sempre foi Nathaniel, vivia minha vida livremente, cheia de aventuras; e uma delas foi o seu avô. "Ele era da família Ferrarius, ou seja, da família de ferreiros do castelo. Nós aos poucos fomos nos conhecendo, e acabamos nos apaixonando. Mas aquela era uma paixão proibida, pois eu era uma princesa, e ele, um aprendiz de ferreiro, um plebeu. Mas nada disso importava para mim, pois o que eu sentia por ele era mais valioso do que todas as riquezas do mundo". "Um dia, minha mãe me chamou e me disse que eu deveria me casar, pois casamentos sempre fortalecem o reino, criam laços. Eu não tinha dúvidas de quem seria o meu escolhido, mas ela falou que eu deveria me casar com William Missus, um membro de uma das famílias mais influentes de Caeli". "Eu argumentei com ela, e disse que queria me casar com uma pessoa que eu realmente amasse, mas ela rebateu, dizendo que eu deveria honrar com meu compromisso de princesa, e que eu tinha que pensar também em meu povo, e além do mais, minha mãe já havia me prometido a William, e ele estaria vindo me ver naquela mesma noite". "Lembro-me de ter me sentido traída, de estar furiosa, de estar sentindo uma amargura tão grande a ponto de largar tudo para trás e fugir. Então fui me encontrar com Miguel, e propus para que fugíssemos dali a três noites, e ele concordou". "Naquela mesma noite Willian foi até o castelo para me ver. Ele me pareceu bem cordial a princípio, mas quando fomos deixados sozinhos, ele me deixou extremamente desconfortável, pois tentava investir a todo custo, tentando me beijar, mesmo sabendo que eu não queria. Eu me mantive firme em minha convicção, e ele foi embora mais cedo do que o previsto, já que não havia conseguido realmente o que queria naquela noite". "Quando deu meia noite, o horário em que eu e seu avô nos encontrávamos escondidos atrás dos estábulos do castelo, fui para lá, e o achei todo machucado e sangrando. Fiquei desesperada, e descobri por ele que William não queria somente se casar comigo pelos laços que nossas famílias adquiririam, mas sim para conseguir o trono. 'Acidentes domésticos acontecem o tempo todo' dissera ele para um de seus lacaios, então Miguel foi lá para confrontá-lo e acabou sendo agredido por aqueles covardes"