Oh honey, I died - {chacha history}

You weren't here

Desci as escadas com raiva, indo em direção ao banheiro. Geralmente uso o banheiro do meu quarto, mas não podia mais estar lá, não enquanto ele insistisse que devia ficar. É CLARO QUE NÃO O QUERO AQUI! Grande baboseira. Minha mente estava a milhão, fumegando de indignação, enquanto atravessava a sala me dirigindo ao banheiro, mas quando cheguei, parei à porta. Por um momento só fiquei ali, encarando o pequeno banheiro de visitas que não usava há 7 meses. Estava tão perdida em pensamentos que só reparei para onde estava indo quando cheguei.

-Acha que é por isso que estou aqui? Pra falar sobre isso? - Solto um urro de raiva, será mesmo possível que alguma parte de mim esteja sendo tão traiçoeira?

-Se estivesse aqui desde o começo nos pouparia todo o trabalho de descobrir.

-Não seja rude - Chase disse simplesmente, se jogando no sofá.

Dei meia volta desistindo de usar o banheiro indo até a geladeira onde pego uma caixa de suco e bebo direto da tampa.

-tsc tsc - reprova chase - sua mãe estaria desapontada agora mocinha

-Então ainda bem que a casa é minha.

-Porque está sendo tão grosseira, querida? - zomba ele fazendo bico

-Um, não me chame assim, é estúpido. E dois - tomo outro gole de suco e guardo a caixa novamente na geladeira - Só não me chame assim.

-Você sempre gostou mais de princesa mesmo - ele dá de ombros

*flashback*

"- Está tudo bem, princesa, está tudo bem. Vocês precisam ficar aqui, eu vou voltar e chamar a emergência."

-CHEGA! - explodo, apoiando as mãos no balcão da cozinha enquanto tento reorganizar meus pensamentos - Você não pode aparecer aqui em um passe de mágica e esperar que eu simplesmente aceite que você é um fantasma ou algo do tipo. Isso aqui é a vida real, eu não quero estar ficando louca, eu não posso estar louca, tá bom? As pessoas precisam de mim e eu preciso estar sã.

-Você está sã, Charli - diz ele de repente sério e bufo uma risada sem humor

-Pois eu não tenho certeza! - digo saindo da cozinha logo me sentando em uma das poltronas e afundando meu rosto nas mãos - Eu só... Só não sei o que fazer. Você não tem ideia do quanto foi difícil continuar, Chase. Você morreu, e não faço ideia de como foi, mas sobreviver dói! As vezes a morte pode ser um destino piedoso se comparado com o que nós que sobrevivemos temos que enfrentar.

-Estou aqui pra te ajudar a lidar com essas coisas, ajudar a seguir em frente 

-É claro que está! Como em um daqueles filmes idiotas, não é? Sem sentido algum, onde de repente a mocinha encontra outro amor e o antigo pode ir embora. Veio me arrumar um namorado é isso?

-Escute Charli, se você não me levar a sério isso não vai funcionar. Você precisa abrir sua mente.

-Certo, estou toda a ouvidos então. Tirou a sorte grande, meu amor, hoje é minha folga da faculdade. Pode me concertar o dia inteiro! - abro um sorriso forçado e cruzo as pernas como se esperando toda a palhaçada de terapia começar.

-Não é assim que funciona - diz ele rindo - Onde está o controle? Já que estou aqui vou escolher algo de verdade para assistir. Já me cansei de ver toda aquela besteira de documentários de animais que você assiste. - isso não pode mesmo ser real, e a única coisa que me faz permanecer no meu lugar é o fato de que lhe socar o rosto doeria mais em mim e nada nele.

Olho pra Chase. Pela primeira vez, olho de verdade. Ele está de jeans preto e moletom, com a gola da camisa social branca despontando pela gola do moletom. Chase costumava usar esse tipo de roupa em seus dias de folga da empresa de seu pai, quando não estava com aquela jaqueta de couro idiota se achando super descolado como no colegial denovo. Os olhos azuis dele contrastavam com o cabelo preto que lhe caía no rosto. Lindo. Tão lindo que seria impossível dizer que ele não é real caso eu não estivesse presente na cabana. O rosto dele estava calmo, com uma expressão descontraída enquanto assistia atentamente o jogo que pôs na televisão. Tão diferente da última vez que o vi...