Querido David ✔👶

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💚LUDMILLA💚

Começo a rotina de David às cinco horas da manhã. Dou banho, penteio seu cabelo e coloco uma roupa quente pois iríamos sair, fico quase meia hora para conseguir preparar a mamadeira com a temperatura certa ou a textura ideal.

Agradeço mentalmente por David segurar a própria mamadeira e o deixo no bebê no cercadinho para poder ir preparar o meu café da manhã.

Suspiro ao ouvir seu resmungo vindo da sala e aponto minha cabeça para fora da mesma, David estava com um enorme bico chorão e vou até o cercadinho.

- O que foi? - pergunto me inclinando para ficar mais próxima dele - Quer ficar comigo na cozinha? - David estende os braços em minha direção - Não, você não vai vir no meu colo. Você já está grandinho. - nego com a cabeça e seu bico fica ainda maior.

Fico séria e quando vejo, estava com David nos braços e indo para a cozinha. O coloco na cadeira de alimentação e continuo a preparar o meu café da manhã com as coisas enlatadas que tinham nos armários.

Ouço David rir quando eu abro o pacote de cereal e o olho com um sorriso divertido.

- Você acha engraçado o barulho? - pergunto e balanço a caixa fazendo barulho e ele volta a rir - Interessante... - estreito meus olhos e David leva as mãos até a boca e eu sorrio novamente.

Pego uma caixa de leite que estava na geladeira e junto com o cereal que estava em uma vasilha. Começo a comer rapidamente, quando termino, vou até a garagem para procurar uma cadeirinha ou bebê conforto, seja lá o que eu iria usar no meu carro.

Engulo seco ao ver o carro de Elizabeth ali e suspiro, vou até a porta traseira e a abro vendo um bebê conforto azul ali. O tiro e volto para a cozinha.

Coloco David no bebê conforto e subo para o segundo andar, coloco um desenho infantil na televisão que tinha no quarto que eu estava e vou para o banheiro, tomo um banho de três minutos e saio rapidamente, escovo os dentes e vou para o quarto, pego uma roupa e me certifico que David estava bem e volto para o banheiro para me trocar.

Eu iria levar David ao cemitério para que ele possa se despedir dos seus pais. Não iríamos ficar muito tempo, era só uma passada rápida já que no dia do velório, ele não apareceu e eu acredito que isso é um direito dele.

[...]

Paro em frente as duas lápides e aperto meus lábios, acaricio as costas de David que segurava o colarinho da minha camisa com força e suspiro.

"Lawrence Oliveira da Silva
1986 - 2020"

"Elizabeth Richardson Oliveira
1992 - 2020"

- Vamos nós despedir dos seus pais? - sussurro para David e me ajoelho na frente das lápides onde eles haviam sido enterrados.

Coloco David em pé a minha frente e seguro suas mãozinhas. Seus olhos percorrem as lápides e ele estende tenta se ajoelhar, eu permito e ele engatinha até a lápide de Lawrence, seus olhinhos ficam sobre a foto do meu irmão e suas mãozinhas tocam a foto me fazendo ficar com os olhos marejados.

Toco minhas mãos na grama verde e me sento sobre meus pés, David se senta e me olha, esboça um sorriso para mim e eu retribuo.

Uma terceira presença naquele cemitério deserto me chama a atenção, vejo uma mulher parando com uma flor amarela em mãos na lápide que ficava localizada atrás de Lawrence.

Reconheço aquele rosto e percebo que era a mulher que havia contratado os meus serviços de fotógrafa. Quando David começa a falar vários "da's", a atenção da mulher para sobre mim e enxugo as lágrimas que estavam em meus olhos.

- David, vem cá, garoto. - peço batendo as mãos em minhas coxas e franzo o cenho em seguida percebendo que parecia que eu estava chamando um cachorro.

Me inclino e pego meu sobrinho nos braços, dou uma batidinha em seus joelhos e mãos para limpar um pouco da grama que ele havia pego. O deixo apoiado sobre meus braços e arrumo cabelo rebelde.

- Eu vou cuidar dele, fique tranquilo. - sussurro e beijo o topo da cabeça de David - Fale tchau. - digo segurando sua mãozinha e faço tchau com a mesma - Nós te amamos. - digo no mesmo tom e suspiro antes de me levantar.

Fico em silêncio encarando a lápide até que uma brisa bate em meu rosto me fazendo respirar fundo.

- Eu sinto muito pela a sua perda. - a mulher a minha frente fala de cabeça baixa e levanto meu olhar para o seu rosto.

- Sinto pela a sua também. - digo em um tom baixo e David apoia sua cabeça em meu ombro.

Quando ela levanta o olhar para mim, tenho certeza que é a mulher que havia contratado meus serviços. Qual o nome dela mesmo?

Brenda, Beatriz.....Brunna, isso.

Fico em silêncio e solto um último sorriso triste com os olhos pregados as lápides, mando um beijo e dou as costas voltando caminhar, vou para fora do cemitério e me encosto em meu carro.

Vários minutos se passam até que a mulher saí do cemitério e me olha, esboça um sorriso baixo e eu respiro fundo tomando coragem para me aproximar e tentar não ser insensível com o assunto que eu iria abordar.

- Ei, com licença. O seu nome é Brunna? - pergunta para confirmar se era ela mesma e chamo sua atenção, ela para de andar e se vira para mim.

- Sim, sou eu. - esboça um sorriso reconfortante e da alguns passos em minha direção - Você é a fotógrafa Oliveira, certo?

- Sim... Desculpe vim falar sobre isso aqui mas - coço minha nuca sem saber como dizer e David vira o rosto em direção a Brunna-, eu queria pedir desculpas mas eu não irei poder comparecer hoje, eu não tenho com quem deixá-lo. - toco o braço de David.

- Pode o levar junto se não se incomodar. - olha para David e sorri.

- Não terá problema? - questiono e ela nega com a cabeça.

- Eu entendo isso de mães solos que não tem com quem deixar os filhos. - comenta e eu solto uma risada baixa e sem humor - E é uma festa infantil, ele vai se divertir.

- Não, não. Ele não é meu filho. - nego com a cabeça e em seguida aperto meus lábios - Mas obrigada e perdoe-me pela abordagem aqui. - peço novamente e ela nega com a cabeça.

- Está tudo bem, Srta Oliveira. - cruza os braços - Te vejo às uma da tarde? - pergunta e eu afirmo com a cabeça.

- Bom dia e perdoe-me novamente. - esboço um pequeno sorriso - Diz tchau para a moça. - seguro a mão de David e faço tchau com a mesma o fazendo rir.

- Tchau lindinho. - Brunna afina sua voz e David da o seu melhor sorriso para ela.