Capítulo 02

8.4K 750 436
                                    

-Pode ficar a vontade. - Cheryl disse dando espaço para Toni passar.

O dia havia sido proveitoso para Toni. Ela, enfim, teve coragem de acabar com seu namorado idiota. Ele insistiu que mudaria e faria suas vontades, mas não era isso que ela queria. Ela desejava alguém que tivesse atitudes boas por si só e não dependesse da opinião de ninguém para agir corretamente.

Cheryl havia sido espancada mais uma vez, já que Reggie achava que ela era a culpada disso. Ele correu para encontrá-la no final da aula e a bateu fortemente, só sendo parado por Veronica que passava por ali.

-Você está bem? O que houve com seu rosto? - Toni perguntou espantada ao notar um machucado no seu olho esquerdo.

Mal sabia ela que o corpo estava muito pior. Reggie adorava derrubar Cheryl e chutar sua barriga.  

-E...eu caí na saída da escola. - Cheryl não queria contar a verdade, não queria fazer Toni brigar com Reggie e ele vir se fingar dela.

Já bastava ele ter gritado a todo segundo enquanto a espancava que a culpa era dela, mesmo ela não sabendo do que se tratava seu crime.

-Nossa, você precisa cuidar disso. Já passou gelo? - Ela perguntou e Cheryl confirmou.

Na verdade, a ruiva já estava até acostumada com a dor física. O que lhe doía mais era saber que o idiota que havia feito isso namorava a garota que ela era apaixonada. E que, caso se casassem um dia, ela poderia se tornar vítima dele também.

-Sim, não se preocupe. - Respondeu sorrindo e percebeu que os músculos de seu rosto doíam demais para tal ato.

Começaram a estudar e Cheryl teve certeza de que Toni era tão inteligente quanto a ruiva pensava. Nunca reparou em nota de ninguém, mas via que ela era bastante interessada nas aulas. Mesmo que em algumas tivesse dificuldade, ela se esforçada em todas as matérias.

A tarde passou rápido e Cheryl logo pediu licença para preparar algo para elas comerem. Toni desceu junto para ajudar a mais nova e acabou se perdendo na bunda enorme que a ruiva possuía ao descerem as escadas.

-Você gosta de suco de morango? - Cheryl perguntou, fazendo Toni desviar sua atenção do corpo da mais nova.

-Bastante, mas não quero incomodar. Água já é suficiente.

-Claro que não, minha mãe me ensinou a tratar bem as visitas para que elas voltem sempre. - A ruiva disse se arrependendo no segundo seguinte. - Eu quero dizer que gostamos de tratar os outros bem, não que eu quero que volte sempre aqui. - Disse nervosa, piorando ainda mais a situação. - Eu quero que volte sempre aqui, eu só não vou te pedir para que não se sinta forçada a vir. Eu...com açúcar? - Perguntou após notar que não possuía argumento nenhum para desfazer suas palavras desconexas.

-Pode fazer do jeito que você gosta. - Toni disse adorando ver a ruiva nervosa em sua frente. Ela ficava com as bochechas vermelhas e mexia as mãos nervosamente.

-Tacos? Você gosta? - Toni perguntou após notar uma caixa de massa de tacos em cima do armário.

-Ah, sim. Nós amamos. - Disse alegremente, lembrando do quanto sua mãe adorava fazer tacos aos domingos para que pudessem ver algum jogo na televisão. - Nós temos origem latina, eu e mami somos cubanas e papa... - Cheryl parou imediatamente após pensar no que estava falando.

Algumas pessoas em sua escola sofriam bullying por serem imigrantes, diziam que eram invasoras e que mereciam serem deportados para o país de origem. Ao se lembrar disso, viu que havia acabado de dar mais uma forma de xingamento para a namorada do garoto mais idiota da escola.

-Eu te imploro que não fale para seu namorado do que acabamos de conversar. Eu posso fazer seus trabalhos até o final do ano ou, além dos trabalhos, as tarefas também. - Disse desesperada. Apanhar doía muito, Reggie piorava os espancamentos cada vez mais e Cheryl não aguentava mais andar gemendo de dor. - Eu faço tudo que você quiser na verdade.

-Ei, calma. Eu não falarei de sua origem para ninguém. A menos que você fale para escola que tenho origem cubana. - Toni sorriu cúmplice para Cheryl, recebendo um olhar de gratidão. - Aqui somos só eu e você.

Naquele momento, nascia uma grande amizade. A qual elas sabiam que poderiam contar tudo uma para outra sem que ninguém interferisse e nenhuma das duas se machucasse.

Ensina-me o que é o amor - Versão ChoniWhere stories live. Discover now