∘˚˳°𝑪𝑨𝑷 𝑻𝑹𝑰𝑵𝑻𝑨 𝑬 𝑵𝑶𝑽𝑬

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     Remus se lembra bem da confusão de buzinas que machucavam seus ouvidos mesmo que os vidros estivessem levantados. O rádio estava fora do ar, o barulho arranhando fazendo fundo para as falas altas que eram trocadas entre as duas pessoas até jovens demais dentro daquele carro.

      — Não, a gente não pode sair do apartamento agora! — Ninfadora diz, agarrando o volante com as duas mãos. — Não temos a droga do dinheiro, Remus.

        — Eu estou tentando guardar dinheiro do meu salário para mudarmos de casa e seria mais fácil se você não quisesse gastar tudo com coisas desnecessárias. — Remus falou de modo irritado, até um pouco chateado.

     Nos dias que vivia, cinco anos depois daquilo, entendia que não tinha escolhido as melhores palavras para abordar o assunto. Ele poderia ter sido mais sensível, mas seu eu de dezoito anos com contas para pagar, um filho para criar e o medo de não ir para faculdade fazia a raiva falar maior.

          — Que coisas desnecessárias?! Você tá viajando! — Dora exclamou, andando com o carro porque o engarrafamento se movimentou.

           — Não estou não! Acredito que sair para comer fora todo final de semana e comprar roupas novas para o Edward o tempo todo não são prioridades!

              — Para mim são coisas necessárias!

              — Você deveria mudar seu conceito de necessário, então. Não temos um centavo, Dora.

                — Não me chame de Dora enquanto estamos brigando.

                — Okay Tonks, vamos lá — se virou para a namorada, cruzando os braços. — Me diz o que vamos fazer para conseguir dinheiro? Porque meu trabalho na livraria não cobre tudo.

               — Não precisa cobrir, você sabe que temos ajuda. Afinal, qual é o motivo de querer tanto sair daquela porra de apartamento?

           — Meu Deus, não é só sobre isso...

                — Mas é a principal causa para você querer tanto dinheiro! — a garota exclamou, seu rosto um pouco vermelho. — Me dê um motivo!

                — Sua mãe paga aquele negócio para nós e eu não quero! Só não quero! — Remus confessou, falando mais alto do que podia medir — Ela me odeia! Eu não quero ficar devendo pra ela.

                  — Ela não te odeia...

                   — Não tenta mentir pra mim. Você sabe que sim.

         Dora estava dirigindo. Era uma das poucas vezes que brigaram sério em todo seu relacionamento. Ted estava na casa dos avós maternos, era lá o destino de seus pais, indo buscá-lo. Remus se lamenta de ter começado aquela conversa.

                    — Só acho que você não faz nem questão de tentar ter uma boa relação com ela.

                     — Eu não faço questão?! Só não quero ficar sendo gentil enquanto ela quer pisar no meu pescoço.

                       — Minha mãe é complicada, Remus. Eu já te disse isso — Ela suspirou, enfiando as mãos nos fios.

                         — Acredito que já temos muitas complicações na vida. — Remus resmungou, os braços bem cruzados. — Por isso prefiro ficar com seu pai.

                       — E lá vamos nós com você comparando meus pais de novo!

                       — Não estou comparado ninguém! Só dizendo que prefiro Ted porque pelo menos ele me chama por meu primeiro nome e não me olha como se eu fosse um bandido!

𝐁𝐀𝐃 𝐀𝐓 𝐋𝐎𝐕𝐄; wolfstar Where stories live. Discover now