Nunca sozinha

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A semana começou esquisita. Como Natasha estava afastada do hospital (obviamente a contragosto, e após discutir muito com Tony Stark), ficaria em casa dali por diante. Não deixou Steve levar Sarah para a escola, queria passar um tempo com ela. As palavras de Sharon ainda reverberavam na cabeça dela.

A primeira coisa que notou é que a filha já falava muito mais coisas do que ela pensava. E subia em mais lugares do que ela achava que uma criança de dois anos alcançava.

Também era uma criança mais carinhosa do que ela sabia, e não brincava com nenhum dos brinquedos que Natasha achava que eram os preferidos.

"Desce daí, filha!" Ela pegou Sarah pelos bracinhos. A menina estava empoleirada na parte de cima do assento do sofá. Se caísse dali, ao menos um braço quebrado era certo.

Sarah riu gostosamente dos esforços da mãe, e Natasha se sentou com ela no colo. Tudo a cansava o triplo ultimamente.

"Eu já falei que vai machucar!" Ela tentou dar bronca, mas pareceu mais uma súplica. Sarah ficou séria e olhou para baixo. Sem aviso, colocou um dedinho em riste apoiado na barriga da mãe.

"Jamie."

"O que foi, meu amor? Não entendi. Baby?"

"Jamie." A menina insistiu.

"Jamie?" Natasha perguntou, e Sarah confirmou com a cabeça.

"O nome do bebê vai ser Jamie?"

"Jamie." Ela sorriu. Natasha não fazia a menor ideia de onde Sarah tinha tirado aquele nome. Sabia que Steve tinha contado para ela que ia ter um irmão, o qual estava na barriga da mamãe, mas Nat não tinha ideia que ela já tinha assimilado tão rápido.

Em poucos minutos, Sarah adormeceu pacificamente no colo da mãe. Nat olhou para o rostinho dela, quase uma cópia do próprio. Se sentia mal de pouco ter visto a filha naquele último ano. Não queria mais passar tanto tempo longe da família, e o bebê que logo nasceria era a oportunidade perfeita dela começar de novo.


Ao longo daquela semana, algumas coisas se solidificaram; Nat e Sarah estavam mais próximas do que nunca, e isso tinha finalmente feito Nat aceitar melhor a nova gestação. Estava até ansiosa.

A única coisa que não tinha mudado muito era a relação dela com Steve. Ambos estavam se falando mais, e mais afetuosos um com o outro, mas ainda assim, o climão permanecia.

Nat estava fazendo algo que não fazia há anos: cupcakes. Alguns tinha separado para Sarah confeitar, o que também era um código para bagunça infinita no cadeirão.

Quando percebeu que Steve tinha chegado em casa, a menina fez a maior festa. Nat percebeu, com dor no coração, que ela não parecia desesperada para subir no colo dele e não largar mais, como sempre ficava com a mãe quando chegava.

Talvez porque ela soubesse que, quando acordasse, o pai estaria lá.

"Toma, papai." Sarah estendeu um cupcake melado de cobertura rosa por todos os cantos, que Steve pegou feliz.

"Cupcakes seus, há quanto tempo eu não os comia." Ele disse, dando um beijo na bochecha da esposa.

"Anos."

Não falaram nada de mais, como sempre. Na hora de tomar banho e dormir, Sarah não deu ⅓ do trabalho que sempre dava para Natasha.

Quando ela saiu do quarto da filha, Steve estava no quarto deles. Parecia estar lendo, mas ela sabia que não era o caso.

"Oi." Ela disse.

"Oi." Ele sorriu.

"Acho que entendi o que você quis dizer com ela sentir minha falta." Nat disse, sem jeito. "Desculpe. Eu tenho sido tão..." ela deu de ombros.

Steve deixou de lado o livro que fingia ler.

"Natasha, eu jamais te pediria para escolher entre eu ou sua carreira. Ou te daria qualquer tipo de ultimato. Nem nada disso. Eu admiro sua determinação e espero que nossos filhos aprendam isso com você. Só quero ter espaço na sua vida, só isso. Você é uma excelente médica, o amor da minha vida e a mãe dos meus filhos. Jamais desistiria de você, só não quero que aja como se estivesse só. Eu amo você."

Os olhos de Nat se encheram de lágrimas. Steve a defendeu diante de Howard, a salvou do terremoto, ficou ao lado dela enquanto estava doente, se casou com ela, entendeu mesmo quando não precisava.

Ela não era boa com palavras, mas o beijou e disse:

"Obrigada por nunca me deixar sozinha. Eu amo você."

E era só o que importava.

[N/A: Epílogo vem aí!!!]

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