"Sinto muito por hoje"

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Dois meses depois...

Era finalmente dia do embarque. Natasha estava morrendo de sono, já que a festinha com Thor, Carol e Wanda tinha ido até mais tarde. A amiga estava sentada dormindo no ombro dela. Ia ser legal ter Wandinha junto na viagem.

Além dela, de médicos estavam na viagem Maria Hill, da ortopedia, o que faria Thor chefe interino do setor; Bruce Banner, infectologista; Carol, que acabou mudando de ideia no último minuto e indo; James Barnes, da cirurgia-geral... e Rogers.

Ela rolou os olhos de leve. Mesmo sabendo que ele não ganharia um centavo, tinha a impressão que ele era meio como Howard e gostava de se mostrar. Ou talvez as pessoas o colocassem em evidência demais.

O viu se despedir de Sharon Carter com um beijo antes de entrarem no avião e rolou os olhos. Carter era legal, elas tinham feito faculdade juntas, pode-se dizer até que eram amigas na época de Stanford, mas ela era meio como todos os outros: nascida em berço de ouro e incapaz de saber quanto custa uma hora de trabalho.

Desembarcariam no Equador, e de lá se moveriam para os outros países, tendo o suporte de um navio, se tivessem que ficar mais próximos do litoral.

Foi uma viagem longuíssima. Natasha se dava bem com a maioria dos colegas que estava na missão, e com todos os dez enfermeiros. Com Barnes ela nunca tinha conversado direito, mas ele parecia ser gente fina. E bem... Rogers.

Veja, não é que ela o odiasse. Nem tinha nada contra ele. Só se sentia injustiçada por poder trabalhar o quanto quisesse e nunca receber ⅕ do reconhecimento que ele ganhava. Mas tirando isso, ele sempre era atencioso com os pacientes e colegas; nunca tinha ouvido nenhuma reclamação dele de absolutamente ninguém.

Como Banner era o mais velho e a especialidade dele era a mais relevante para o lugar, ele era meio que o chefe da equipe. Bom. Natasha gostava dele, era calmo e gentil.

Quando chegaram, foram direto para uma zona mais de interior, o que significava que ficaram em uma zona mais fria, próxima das montanhas. Lá montaram o acampamento. Os pacientes não tardaram a encher as tendas de atendimentos. Os primeiros dias foram frenéticos. Apesar de cada um ter sua especialidade, estavam atendendo de tudo, fazendo até mesmo pequenos procedimentos cirúrgicos conforme dava. Barnes fez até mesmo uma remoção de apêndice.

Um dia, chegou um paciente bem grave. Administrando alguns medicamentos, Nat notou que as vias aéreas superiores dele começaram a se fechar. Steve insistia em tentar entubar, mas ela já se preparava para fazer a traqueostomia.

"Com licença, Rogers."

"Não, eu consigo!"

"Dá licença, Rogers, vai matá-lo!"

Vendo que ele teimava na intubação, Natasha o empurrou com o quadril de leve, para que não machucasse o paciente, e procedeu à incisão.

"O que está fazendo? Eu disse que conseguia, que inferno!"

"Não está no hospital que seu papai te deu, Rogers! Não pode fazer experimentos. Agora se quiser mesmo me ajudar, pare de discutir comigo e me passe o instrumental!"

Steve se afastou e foi atender outros pacientes. Nat resolveu aquele caso por hora, na UTI improvisada, e o paciente estabilizou logo.

As coisas se passaram daquela forma por um tempão, e quando dava para evitar, não se falavam direito. Não havia nenhum desrespeito, mas tampouco amizade.

No último dia de Equador, Steve e Carol se juntaram no caso de uma criança. Ficaram o dia todo debruçados sobre o garoto, que aparentemente tinha uma meningite que evoluiu muito mal. Em horas, tinha virado encefalite, e apesar dos esforços, o menino veio a óbito.

Carol voltou para a tenda muitas horas depois de todos, e estava desolada.

"Sinto muito, Carol."

A amiga deu um sorriso fraquinho de agradecimento e pegou a marmitinha com o jantar. Nat percebeu que só restava a de Steve.

"Cadê o Rogers?"

"Ah, ele ficou chateado. Até falaria pro Barnes conversar com ele, mas está numa cirurgia com a Wandinha."

Nat conhecia bem a sensação. Não tinha tanto disso no novo emprego, mas já tinha visto muitos pacientes morrerem rapidamente por falta de uma estrutura adequada.

Pegou o recipiente de comida, que ainda estava quente, e saiu da tenda para encontrar Steve.

Não andou muito. O encontrou em uma das mesas, cabisbaixo.

"Ei, Rogers."

Ele olhou para ela, que estendeu a comida na direção dele.

"Obrigado."

Ela esperava que ele dissesse que não tinha fome, mas não foi o caso.

"Sinto muito por hoje."

"Obrigado."

Ele não parecia querer conversar, e ela respeitou, entrando de volta na tenda dormitório.


[N/A: Aguardo comentários! Espero que estejam gostando!]

Brains and Hearts - RomanogersWhere stories live. Discover now