ame-o ou deixe-o

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Genteee, eu gostaria muito que vocês votassem e comentassem também. Por favorzinho 🙏🥰
Obrigada 😊

- ohh, querida, você está radiante.

Estou fazendo a penúltima prova do vestido, minha barriga está ainda mais aparente, os quadris mais largos e os seios inchados, segundo os exames, estou de quatro meses, mas parece uma eternidade, mesmo que ainda não tenha acostumado ao fato de estar grávida e não saber quem é o pai.

Mark está exultante, não parar de falar em nomes, escolas, uma vez até desejou que fosse uma menina, para poder colocá-la no futebol e mostrar para o pai como Mindy também poderia ter sido uma boa jogadora.

Arth manda mensagens todos os dias. Se comi, tomei as vitaminas, se tenho descansado e tomado um poucos de sol. Seus cuidados me emocionam, mas eu não os respondo, ele não me quer mais, só pensa na possibilidade desse filho ser dele.

Estou usando um vestido branco, que possui mangas longas, gola alta e pérolas incrustadas por todo o vestido, sus cauda é toda confeccionada em renda chantilly com quatro metros de comprimento. Me sinto um bolo com tanto volume e drama por baixo dele.

O vestido possui doze tipos de rendas diferentes, além de rosas bordadas por toda a peça. Para completar, um véu de renda chantilly que cai pelas costas e acompanha até metade do vestido. Uma tiara em pérolas pesava na cabeça, eu realmente me sentia linda, mas meu coração doía só em pensar quem estaria me esperando no altar.

Não que ele seja uma pessoa ruim, pelo contrário, se eu pudesse escolher, mil vezes seria Mark, mas o meu coração é todo de Arthur Philipe, e eu não consigo mais suportar essa ideia.

Sinto os dedos congelarem com o pensamento que transpassa a minha cabeça, tento espantar, mas algo me puxa ainda mais para ele.  Retiro o vestido com ajuda da consultora da loja,  seus pequenos botões duram uma eternidade até que estejam todas separados, vejo meu corpo refletido no espelho, a barriga saliente era vista a distância.

- você está radiante e linda - a mulher ruiva falou automático.

- sorri como resposta, não conseguia manter um pensamento firme, a não ser o de me encontrar com Arthur Philipe, precisava confessar a minha saudade, o meu amor.

De repente algo me toma, e se esse filho não for dele será que mesmo assim desejará ficar comigo? Criar o filho de outro homem? Meti os pés pelas mãos e agora a minha única saída é a verdade que de tão dolorida, poderá causar danos irreparáveis.

Vou ao encontro da senhora Cohen e peço que ela me deixe na minha mansão, prontamente passa a ordem para o motorista e em minutos estou no meu quarto.

Passo a vista pelo ambiente e lembro do dia em que Arth disse me amar pela primeira vez, sua urgência em garantir o emprego de Erika me embrulhava o estômago, seus olhos continham uma melancolia que só agora consigo perceber.

Ouço bater na porta.

- entre - digo sem perspectivas

Estou olhando a mesa com alguns papéis da revista, observo atentamente e me dou conta nessa fração de segundos que ninguém se manifestou após as batidas. Vou até a porta prancheta e toco em seus desenhos e em seguida no trinco, espero um pouco e puxo de uma vez sentindo também a pressão de alguém empurrando. Um bolo na garganta se forma, apenas faço gestos de permissão de entrada e continuo sem respirar segurando a porta.

- acredito que você me deve uma conversa - Arth fala com as mãos dentro do bolso, seu olhar procurava o meu, péssimo momento para vir até mim. Usava uma calça jeans azul, um pouco surrada na barra, a camiseta apertada contra o peito definia cada músculo, esse homem é tão sexy, desejei me derramar naquele corpo agora mesmo, e assim o fiz, me dirigi eufórica para ele, o abracei e senti sua pele nas minhas mãos, procurei os seus lábios quentes

- estou com tanta saudade de você, Philipe - falei por fim. Seu rosto se esquiva do meu, fitou o nada e delicadamente me afastou para que pudesse me encarar.

- esse filho é meu!

- você não tem como saber...

- eu sei que é, você também sabe. - sua voz era firme, um pouco presunçosa, as lágrimas se formavam e eu as deixei cair, hesito, mas logo falo.

- e se não for?

- ele é!

- Philipe, eu não tenho certeza, por favor, não me trate assim - sua expressão fria me desolava, preferia a morte até que encarar seu rosto cheio de decepção. - Confie em mim...

- Você me usou, Ellen, usou para o seu bel prazer, nunca se importou com o que eu pudesse sentir.

- ah, para, você se divertiu também - soltei zombeteira

- diversão? Eu estava apaixonado, caramba! - sua voz agora era calma, queria tanto amenizar a sua dor, mas eu me sentia mais frágil que ele, talvez os ânimos da gravidez, ou a culpa mesmo. Me perdoa meu amor, pedi em pensamento, chorei e percebi o quanto eu machuquei aquele homem, cada som que saia da sua boca era carregado de verdade, aquilo me matava, entrava no meu peito e dava nós por onde passava. - eu me desarmei para sua insistência, seu jogo de ego, eu vim aqui para está cidade com um propósito, e você me tirou do meu caminho, com suas mentiras, seu pedantismo.

- para, por favor...

- agora você conhece essa palavra, não é? Quando se sente ameaçada, eu não sou uma peça do seu jogo.

- eu te amo

- então me mostre, não se case com ele.

-  mas e se esse filho não for seu? - engasgo

- eu amarei tudo o que vier de você, amarei tudo o que você quiser me dar, desde que seja real.

Seus passos fortes atravessaram o quarto me deixando sozinha, o observei e me senti devastada, a fome tomava de conta de mim, e uma solidão também.

Quando eu era criança, uns nove ou dez anos, me apaixonei por T.J Lewis, um garoto da vizinhança em Seattle, ele tinha lá os seus doze anos, andava de bicicleta pelas ruas na primavera e nas férias de verão viajava para a casa dos avós, quando voltava, seu cabelo parecia ainda mais dourado que antes, sua pele bronzeada refletia cada luz que lhe atingia. Um dia, eu estava brincando com as outras crianças no jardim da casa dele, corríamos de um lado para o outro em busca do prêmio escondido entre os arbustos, Chris Collen, corria atrás d mim como um foguete, eu nunca fui boa em correr, sempre odiei as aulas de atletismo, tentei puxar todo o ar para os meus pulmões, concentrando- me nos obstáculos do caminho e corri até me faltar todo o ar, escondendo o corpo atrás da árvore, vejo T.J se aproximar, minha testa suada e a face ruborizada, demonstrava o cansaço da corrida, senti uma agonia persistente

- oi, você deixou cair o seu relógio - ele disse com uma voz meiga, suas mãos estendidas, seguravam o objeto na minha direção

- ah... Obrigada...  Você me salvou, minha avó quem me deu há alguns anos... - a voz embargada pelo cansaço de correr e pela timidez, eu sorria tão largo que quando eu percebi já era tarde.

- não há de quê. - ele ainda era meigo. - cuidado, na próxima vez, eu posso não estar aqui para te salvar

Se afastou e eu o contemplei até que sumisse por trás da porta da frente da sua casa.

Estávamos apaixonados, certamente.

Dois dias depois eu o vi no parque que tinha acabado de chegar na cidade, suas mãos estavam segurando as de outra garota, alguém que eu não conhecia, senti meu coração saltar até a garganta e depois até o fundo do estômago, chorei de tanta decepção e ódio, como ele pôde fazer isso comigo? Achei que estivesse nós conectados de alguma forma. Essa deve ser a mesma pergunta que Philipe se faz, como eu posso ser tão vadia e usá-lo dessa forma?

Pobre Arthur Philipe, sinto a sua dor. Eu sou uma pessoa horrível.

O MotoristaWhere stories live. Discover now