Aceito.

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Amores, desculpem o atraso, eu estava em viagem, e era muito raro eu pegar no celular. Espero que aproveitem. Curtam. Comentem. Compartilhem. 😍😍😍

Estava acordada ha meia hora, meu corpo se recusava descansar, na mesinha de cabeceira um relógio digital mostrava que ainda eram cinco horas, olhei em volta do quarto, suas paredes brancas pareciam pequenas, era tudo silêncio. Pensei em Philipe, não sei o seu sobrenome, não sei sobre a sua família, tudo era mistério. Apesar de me sentir tão envolvida por ele, eu tinha a sensação que tinha alguma coisa errada, e eu iria descobrir. Por falar nisso, desci para buscar os papéis e o meu celular que ficaram no carro. Atravessei o corredor do andar de cima, descalça, usando um hobby preto, estava frio lá fora, o inverno chegou com tudo, faltavam poucos dias para o ação de graças, esse ano papai estará em Seattle a negócio, desde que Amber se fora, ele tem evitado os feriados, já não era mais o mesmo.
Desci as escadas de arenito, pé por pé, tudo era calma, a casa era perfeitamente arrumada, sua mobília antiga indicava que precisava de uma repaginada, darei essa ideia a papai.

Estava tão frio do lado de fora, corri para o carro, minhas mãos estavam congelando, peguei tudo e voltei correndo para dentro.

Tentei dormir outra vez, mas minha cabeça estava a mil, mais uma vez pensei em Philipe e Erika, deveria ter ido até lá, saber se dormiram juntos, se estavam de volta. Meu coração doeu, eu simplesmente não consigo mais pensar naquele homem que não seja comigo. Quero ele na minha vida e pra logo. A noite quando ele voltar do trabalho irei conversar, me abrir, pois agora de manhã tenho outros assuntos para resolver.

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- papa, precisamos conversar

- agora nao, Ellie, tenho uma reunião no centro e acredito que estou meio atrasado

- papa, se atrase por inteiro, é importante
- querida, não tenho tempo para os seu dilemas consumistas, ok?

- papai, me ouça! - falei um pouco alto, os papéis estavam nas minhas mãos trêmulas, senti o sangue coagular no meu corpo, não queria enfrenta-lo dessa forma, mas eu nao teria escolha. - eu sei sobre as propriedades em meu nome - comecei. O homem a minha frente mudou de cor - sei das contas no exterior, e...
- minha voz embarga por segundos, seria tão difícil pra mim aquele momento, queria tanto voltar atras e fingir que nada estava acontecendo - sei que voce perdeu muita grana há alguns anos e que boa parte desse dinheiro você roubou do Herb Grant, o jardineiro.

Ele estava atônito, seus olhos languidos não faziam questão de esconder o medo.

- o quê? O que você... Como você...

- não adianta negar

- você enlouqueceu? - papai andava de um lado para o outro, seus cabelos escuros caiam sobre a testa oleosa, tinha um medo estampado na sua voz, um tremor eminente nas mãos. A sala do escritório parecia pequena agora, ele afrouxa a gravata ao perceber que era um pouco tarde para as suas mentiras.

- eu não o roubei...

- chantagem pra mim é um roubo de todo jeito.

- filha...

- não, papai, eu não sei mais quem você é, eu nem sequer te reconheço - havia tanta decepção no meu olhar, meu coração nem batia mais. - eu cresci... - respirei fundo - eu cresci pensando o quanto você é um cara incrível, trabalhador... Honesto... Você não é honesto.

- Ellie...

- não, Sr. Strandford, não! - eu quero que você devolva tudo, ou não me chame mais de filha. Você tem 72 horas.

O deixei com o coração nas mãos, meu corpo estava tão adormecido, eu só queria correr dali.

Subi para o quarto com as lágrimas caindo sem parar, meu celular tocava insistente, era Mark, sem cabeça para ele agora, sem cabeça para quem quer que fosse. Sentei no assoalho frio e me deixei chorar ainda mais, o meu pai, o cara que eu mais admiro, um chantagista, um homem mesquinho... As lágrimas desciam quente, a música que vinha do celular era alta

- Mark, hoje eu não posso, ok

Desliguei o telefone e observei a noite cair. Tinha uma chuva fina lá fora, mas o suficiente para embaçar o vidro da porta que dá para a sacada. Passaram -se três horas desde a conversa com meu pai, podia sentir o inchaço das pálpebras e olheiras, me sentia horrível, sentia o meu corpo inteiro formigar. Levantei indo até a janela, as luzes de Philipe estavam acesas, vou tomar um banho e ir até lá, preciso do seu abraço, quem sabe do seu beijo.

Entro no banho e deixo a água correr, quente, suave, eu sinceramente não conseguia entender como o meu pai pode arrasar com uma família inteira por causa de dinheiro, um dinheiro sujo... Se ele devolver, ainda seremos ricos, mas muita coisa irá mudar, muitos investimentos deixarao de ser nossos. Mudaria o padrão de vida drasticamente.

Passo sabonete no meu corpo e sinto a espuma a me envolver, delicada, como um veludo encostando na minha pele. Preciso agora me manter firme, e procurar por Philipe, hoje eu iria dizer a ele como me sinto, iria dizer que o amo.

Nada mais poderia me parar, eu estava decidida, eu o amo, quero conhecê-lo, quero o seu colo hoje, preciso sentir que não estou sozinha de alguma forma. Escovei os cabelos molhados com calma, o rock ecoava até o meu quarto, certamente devia estar bebendo uma cerveja, melhor assim, talvez estivesse mais leve, sei lá. No closet, procurei meu moletom da Adidas, fazia tanto frio lá fora, eu estava quase congelando por conta do cabelo molhado, mas eu não o iria secar.

Lá embaixo, vi papai com alguns sócios, pareciam irritados, um deles, Jason Clark, andava de um lado para o outro, me preocupei em apressar os passos, e chegar até a casa de Philipe.

Andei devagar, juntando forças, e procurando palavras, meu coração quase saltava pela boca, uma mensagem de Mark dizendo que queria jantar comigo acabara de chegar, hoje não, baby, hoje não.

Como eu imaginei, ele estava tomando cerveja, sentado em sua habitual cadeira de descanso, poderia vê-lo de longe, poderia sentir o seu cheiro embriagar minhas narinas.

-oi, agora que não trabalha mais para mim poderia me oferecer uma cerveja. - sorri largo, meu corpo estava retesado.

- senhorita - falou levantando rápido - o que... Eu... O que está fazendo aqui?

Sua voz saiu seca, um fio de pavor a cortava e antes que eu respondesse, Erika saiu de dentro da casa usando uma camiseta tão larga que deduzi que fosse de Philipe.

Os encarei por segundos, um soco doeria menos no meu estômago, ela sorria em desdém. Dei meia volta e corri pelo bosque.

- Ellen... Espera

Philipe gritava, resolvo parar e ouvi-lo

- o que? O que você quer?

- eu sinto muito, eu não sabia que você estaria em casa hoje?

- o que? Caso contrário seria mais seguro trazer a sua namorada aqui? Vocês voltaram?

- Ellen, por favor, me ouça

- voltaram? - eu tinha urgência na voz. - voltaram?? - gritei. As lágrimas me traiam, como sempre, meu corpo tremia de frio e medo pela resposta.

- Ellen, por favor

- a resposta, Philipe, resposta...

- eu sinto muito - ele abaixa a cabeça e solta o meu braço para que eu possa ir, o encarei por mais uns minutos e me deixei sumir pelos arbustos.

Em 15 min eu estava no apartamento de Mark

- eu estava preocupado com você, parecia tão triste ao telefone.

- Mark, me come agora. Come a sua noiva. Eu aceito me casar com você.



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