24 ↬ Miranda's pov's

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Uma semana havia se passado desde o ocorrido com o suposto namorado de Nora, ela havia ficado arrasada ao descobrir que havia sido usada como ponte para que Renan chegasse a Andrea, pediu desculpa várias e várias vezes, como se ela pudesse adivinhar que ele a usaria para aquele propósito.

Andrea não me dirigia a palavra por causa dos seguranças dispensados naquele dia, voltou a ser a mesma Andrea do início do casamento, poucas palavras, saindo cedo e chegando tarde, além de passar horas dentro do escritório, aonde até mesmo Cassidy estava impossibilitada de entrar, pois agora a porta só ficava trancada.

Passei as mãos no rosto, o trabalho da Runway estava intenso, logo a revista do mês estaria nas bancas então o trabalho havia dobrado, para não ter novos problemas com Andrea o segurança ia comigo a cada canto, eu só o impedia de entrar no banheiro, até mesmo meu almoço era confiscado, pois ele temia haver veneno.

— Que cara horrível essa sua, ainda sem sexo?

— Minha vida sexual não é a pauta aqui, Nigel — Disse séria — Trouxe os tecidos?

— Todos em mãos.

— Aonde estão os marfins?

— Você disse que não queria saber deles, pois estragavam a bela edição da revista — Respirei fundo recordando, estava com a mente cansada já — Deveria ir pra casa descansar, não é por que Andrea voltou a ser a Andrea de sempre que você deve desanimar dessa maneira, ao menos a mente você tem que da aquela parada de horas ou vai bagunçar toda a revista — Meu celular tocou e eu o peguei.

— Priestly falando.

— Temos uma confraternização para ir às seis, Nolan irá leva-la até lá, não se atrase — Foi tudo o que disse e desligou sem esperar respostas.

— Foi ela?

— Sim.

— Ao menos dessa vez ela não mandou a secretária ligar, isso significa que a greve de silêncio acabou.

— É da Andrea que estamos falando, Nigel, não do Doug.

— Eu preciso dizer que sou muito sortudo por meu marido ser maravilhoso e transparente, não conseguiria ser tão paciente como você, se bem que ela é você, só que um pouco mais ácida — Revirei os olhos voltando ao trabalho.

.§.

Assim que cheguei em casa no fim do dia, beijei as meninas e subi rapidamente para o quarto, ainda estava distraída, não como antes, mas estava, se eu acreditasse em pressentimento diria que aquela inquietação toda era um presságio de algo, mas não saberia dizer se bom ou ruim.

Tomei um breve banho e me arrumei, peguei a bolsa e desci, os seguranças já me esperavam na porta, adentrei o carro, não tinha vontade alguma de ir a esse tal evento e eu poderia simplesmente ligar e dizer que não iria, mas seria a primeira vez em dias que eu ficaria de frente para Andrea, certamente conseguiria conversar com ela na volta pra casa.

Assim que chegamos em frente ao prédio onde estava ocorrendo a confraternização, vi Serena a minha espera, desci do carro após a porta ser aberta e caminhei até ela.

— Boa noite senhora Sachs — Contive minha vontade de revirar os olhos ao ser chamada de senhora, mas maneei a cabeça em cumprimento — A Juíza lhe espera no salão principal, me acompanhe, por favor — Novamente afirmei e logo segui seus passos pelo hall do lugar, junto aos dois seguranças que sempre me acompanhavam.

A porta do salão foi aberta e eu pude ver algumas pessoas ali, havia sido apresentada a alguma delas quando estive em outra confraternização daquela, ainda seguindo Serena avistei Andrea de pé conversando com um casal.

— Senhora — Ela virou-se quando a loira lhe chamou e voltou sua atenção a mim.

Ela voltou a olhar para Serena e afirmou, logo aproximando-se me dando um selinho no canto da boca, sua mão segurou minha cintura, me levando até o casal que me encarava.

— Senhor e senhora Anderson, essa é minha esposa, Miranda Priestly-Sachs, querida, esses são Francisco e Elena Anderson, trabalham no senado.

— É um grande prazer conhecê-la, senhora Sachs — O homem disse beijando minha mão cordialmente, sorri de canto.

— O prazer é meu.

— Adoro a Runway, é uma revista encantadora — Elena disse depositando dois beijos em meu rosto.

.§.

Me sentei ao lado de Andrea assim que seguimos para a mesa após muitas conversas — que não me importavam nem um pouco —, sobre casos e como a lei estadunidense poderia melhorar.

Olhei para Andrea que tinha a atenção no celular digitando algo incessantemente.

— Até quando vai me ignorar? — Perguntei em baixo tom olhando-a, seus olhos buscaram os meus.

— Não estou ignorando você.

— E voltar a ser a mesma Andrea do início não significa que você está fugindo?

— Eu jamais deveria ter deixado de ser aquela Andrea — Sua voz foi completamente fria ao dizer, voltando a atenção ao celular em seguida.

— Eu não poderia ter evitado aquilo, não, Andrea, não pode me culpar, as minhas filhas estavam em casa, acha mesmo que as colocaria em perigo?

— Você as colocou em perigo quando dispensou os seguranças, então não venha com discursos onde nada mudará.

— Sempre estive sozinha com a Nora e isso nunca havia acontecido antes, Andrea, eu não tinha com o que me preocupar só porquê ela disse que estava namorando — Disse começando a me irritar.

— Eu não vou mais entrar nesse assunto, muito menos aqui — Logo Francisco e Elena estavam na mesa e nossa conversa outra vez foi deixada de lado.

Logo um homem subiu ao palco falando um pouco sobre os assuntos daquela confraternização, aonde eu me desliguei completamente pensando se estar ali era realmente uma boa ideia, eu estava vulnerável e diferente de Andrea, eu já não conseguia mais ser a mesma de antes.

.§.

Quando o tedioso evento terminou, Andrea cumprimentou algumas pessoas e saímos do salão, ela estava inquieta, havia ficado boa parte daquela confraternização daquele modo, mexendo no celular a cada segundo, movendo-se na cadeira, procurando os seguranças a cada segundo que passava.

Caminhamos juntas para a saída do hotel até que ela parou, fora tudo muito rápido, sua mão segurou forte minha cintura e logo me soltou, Serena e mais dois seguranças correram ao nosso encontro enquanto outros quatro correrem em direção a um lugar desconhecido por mim, não entendi nada até me virar para Andrea.

Foi como se eu estivesse em um pesadelo, seu corpo sendo amparado por Serena com uma grande mancha de sangue em sua barriga, minhas pernas fraquejaram e eu sentir alguém me segurar, mas não me importei em ver quem era.

— Andrea — Minha voz saiu tão fraca e sôfrega, eu jamais havia me sentido daquele modo.

Me abaixei ao seu lado segurando seu rosto enquanto escutava burburios tão baixos que não sabia de onde vinham.

— Querida olhe pra mim — Disse segurando seu rosto e deitando sua cabeça em meu colo — Olhe pra mim, vai ficar tudo bem.

— Sinto frio — Sussurrou fraca, solucei dando conta apenas naquele momento que eu chorava.

— Vai ficar tudo bem, eu estou aqui.

— Eu sinto muito — Murmurou antes de tossir com uma feição de dor, deu um longo suspiro, logo fechou os olhos e soltou minha mão que estava em seu rosto.

— Andrea, Andrea abra os olhos — Disse desesperada dando leves tapinhas em seu rosto — Andrea, por favor, abra os olhos.

— Os sinais estão fracos — A voz de Serena me despertou do meu transe desesperado.

O som das sirenes da ambulância ecoaram e logo haviam paramédicos sobre o corpo de Andrea, colocando-a em uma maca e medindo seus batimentos, novamente alguém segurou meu corpo, me levantando para o carro enquanto Serena a acompanhava para até o hospital dentro da ambulância.

Por... ContratoWhere stories live. Discover now