Capitulo 20 - Chocada

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Decido levar Lúcia para passear na rua. Aviso Dona Ana que vou comprar algumas coisas para o quartinho de Lúcia e já voltaria. Faço um cafuné me Téo e pego a bolsa da minha princesa. Coloco tudo no carro e parto em direção a cidade.

            Chegando em uma lojinha de artigos para bebês, desmonto o carrinho de Lúcia e caminho com ela por entre as prateleiras. Sinto falta das minhas amigas, agora com essa distância não haverá mais “sábado das meninas”. Suspiro.

            - Posso ajudá-la? – Uma moça, não mais que trinta anos, alta, cabelos castanhos e olhos azuis.

            - Preciso de algumas coisas para o quarto dela. – Sorrio.

            Ela me leva até uma seção, cada coisa mais linda que a outra. Compro quase tudo que vejo: abajur, uma poltrona, cadeira de balanço, ursinhos, roupinhas, objetos de enfeites, LIVROS, mais roupinhas, sapatinhos, mais brinquedos... E decido comprar um guarda roupa só pra ela também.

            Peço para entregar na casa do Nathan. Despeço-me dela e caminho até um parque em frente a loja. Vejo muitos casais sentados nos bancos, caminhando, namorando, brincando com seus filhos... Percebo que nunca vou ter isso. Resolvo sentar de baixo de uma árvore, lá tem um banco. Sento-me e coloco Lúcia em meu colo. Hoje ela está meio tristonha... Acho que é por causa do calor.

            Deixo-a com o mínimo de roupa possível. Uma blusinha regata e sua fralda com uma calcinha rosa. Tento animá-la, mas ela continua triste. Resolvo voltar para casa, Dona Ana me fala que Nathan está trabalhando e que só voltaria bem tarde. Agradeço e pergunto se as coisas de Lúcia chegaram

            - Ainda não Senhora Lisa...

            - Lisa... Só Lisa, por favor. – Digo envergonhada com tanta formalidade.

            - Como quiser Lisa...

            - Ah! E me avise se as coisas chegarem. A moça que me atendeu prometeu que chegaria hoje.

            - Tudo bem. – Diz acenando com a cabeça.

            - Qualquer coisa estarei no quarto dela, vou dar uma banhinho para refrescá-la.

            Caminho até o quarto. O bom desta casa é que não possui escadas. Glória Deus!!

            O quarto dela está quase pronto! Metades das paredes são brancas, e a outra parte é com detalhes em rosa bebê com desenhos de flores.

            Dou um banho refrescante em minha pequena. Lúcia ainda está triste, estou ficando preocupada. Lúcia estava com algumas coisinhas mas achei que era por causa do calor. Como ela está com sono, resolvo antes dela deitar dar seu leite, mas ela recusa novamente... Ela nunca foi de recusar... Como estava praticamente dormindo a coloquei em seu berço e dormiu.

            Vou a cozinha e como alguma coisa, peço para Ana fazer uma comida só para Nathan. Como eram 19:49 resolvo dormir. Não tinha mais nada para fazer. Tomo um banho gelado e coloco minha camisola azul. Ligo o radinho, caso ela chore no meio da noite.

~o~

            Acordo sobressaltada. Olho para o relógio 23:04. O que me acordou? Escuto Lúcia chorar. Olho para Nathan que está dormindo de barriga para baixo. Não o escutei voltar.

            Corro até seu quarto, acendo a luz e pego ela no colo. Ela está com febre, seu choro está rouco e com certeza está sentindo muita dor. Fico desesperada. Corro com ela pela casa até nosso quarto.

            - Nathan! – Já estou sentindo minhas lágrimas escorrerem. – Nathan!

            Ele se levanta e nos olha assustado e vê que estamos chorando.

            - O quê aconteceu??!! – Diz levantando.

            - É Lúcia! Temos que levá-la ao médico!!

            Corremos até o seu carro e praticamente voamos até o hospital. Somos atendidos rapidamente, claro... Foi só Nathan dizer seu nome: Nathan Wolfman. Pronto. Seu pai também é um dos melhores médicos da cidade, não é para menos. Somos levados já para a sala de atendimento.

            Ainda estou desesperada. Preocupada. Foi minha culpa? O médico muito simpático e bonito examina Lúcia. Olha seus ouvidos, garganta, escuta sua respiração.

            - Ela está com laringite. – Abro meus olhos ao máximo. Ele nos explica que se não for tratado logo e corretamente pode evoluir para infecções mais sérias ou causar problemas de voz. Ele prescreve alguns remédios e precauções não compartilhar nada, nada de banhos frios e umidificadores em tempos secos.

            Saio de lá derrotada. Passamos em uma farmácia e compramos tudo necessário. Chegamos em casa era quase uma da madrugada. Depois de dar seu remédio, Lúcia dorme tranquilamente.

            Vou até a sala, sento-me no sofá e olho para o nada. Enterro minha cabeça em minhas mãos e começo a chorar. Fiz minha filha sofrer... Sou uma péssima mãe.

            - Ei... – Nathan me abraça. Encosto nele. – Por que está chorando?

            - Minha... culpa... – Digo soluçando.

            - Não... – Diz calmamente. – Não foi não.

            - É sim! Sou uma péssima mãe... – Digo olhando para ele. – É tudo culpa minha...

            - Lisa, pare com isso. Não foi sua culpa, e você é sim uma boa mãe. Vem, vamos dormir,  está tarde.

            Ele me levanta e vou caminhando para o quarto enxugando meus olhos. Ele senta na cama e estende os braços para mim. Vou praticamente correndo para seu colo. Como fui esquecer de como era boa essa sensação.   

            - Lúcia vai ficar bem... – Só consigo acenar com a cabeça. – Pare de se culpar está bem? Vamos dormir agora está bem. – E nos deitamos abraçadinhos.

~o~

            Já se passaram dois meses desde o nosso casamento. 60 dias e Nathan nunca me encostou. Só quando Lúcia foi diagnosticada com laringite que fui dormir em seu colo. Lúcia estava curada, Dona Ana fez alguns de seus chás para melhorar sua garganta, essa mulher tem chá para tudo, se duvidar até para dor na unha ela deve ter.

            Não sei porque mas acho que Nathan tem outra mulher... Sempre chega depois que estou dormindo, igual aquela vez... Sempre muito serviço... Minha mãe me liga dizendo que queria passar um tempo com a neta, e eu lógico que disse sim... Não confiaria em ninguém mais para cuidar de Lúcia do que minha mãe. Nathan não queria deixar ela ir, mas acabou cedendo. Disse que pretendia passar uns três dias por lá e depois a buscaria depois. Arrumo minhas coisas e as dela  e pegamos a estrada.

            Depois de dois dias minha mãe praticamente me expulsa dizendo que não consegue passar um tempo com a neta comigo aqui. Falo que voltaria para buscá-la no fim de semana. Volto para casa... Sábado. Nathan já deve estar em casa... Nem liguei avisando que voltaria mais cedo.

            Estaciono meu carro e entro na sala. Fico imóvel com a cena em minha frente.

Alugando um amorWhere stories live. Discover now