Uma Chance

6.1K 529 59
                                    

Draco bateu na porta do meu quarto depois do almoço. Os domingos em Hogwarts eram ensolarados, mas mesmo assim aquele dia parecia muito triste.

Ele havia cuidado de mim na última noite, esperou eu tomar banho e depois me abraçou até que eu dormisse. Lembrei de ele me dizendo que sempre me protegeria e meu coração deu um salto, sorri involuntariamente.

—Eu trouxe um chá.- ele se sentou na beirada da cama que eu estava deitada e me entregou uma caneca quente.- Talvez queira me contar o que aconteceu agora.

Dei espaço para que ele deitasse e ele foi tirando os sapatos. Eu me aconcheguei entre os braços dele e respirei fundo antes de começar a falar.

—Meu pai...e-ele...está vivo.- disse com um nó na garganta.

Draco se sentou para me encarar.

—Mas isso não é bom? Podemos conhecê-lo e...nossa minha mãe vai adorar saber disso, podemos fazer um jantar para...- Draco tentou dizer.

—Não!- ele me encarou sem entender.

—Qual o problema, Alya?- ele tentou segurar minha mão mas eu recuei.- Você pode me contar qualquer coisa, sabe disso.

—Meu pai é Sirius Black.- minha respiração se perdeu um pouco.

Draco ficou me encarando por longos segundos. Eu não sabia o que fazer, mas precisava conversar com alguém e ninguém era melhor que meu melhor amigo para isso.

— Draco, você não pode dizer a ninguém.- pedi.

— Alya, o Ministério está atrás dele há anos, ele é um assassino.- meu coração acelerou.

—Ele não é!- Draco de calou.- Foi tudo uma grande invenção, tem que confiar em mim,por favor.

—É claro que eu confio em você, mas eu quero o seu bem.-ele apoiou minha cabeça em seu ombro.

—Ele quer me ver, para conversarmos.- disse roendo as unhas de nervoso.

—É seguro?- eu assenti.- Sabe, Alya, minha mãe sempre diz que família é muito importante.

—Acha que eu devo ir?- perguntei e Draco segurou minhas mãos.

—Para ser sincero, meu pai já fez coisas bem ruins, e não deixa de ser família.- ele secou minhas lágrimas.- Dê uma chance a ele, se é isso que você quer.

                                       ••••

Ás três e quarenta da manhã de terça-feira, lá estava eu parada em frente à casa dos gritos. Até que não havia sido difícil fugir de Hogwarts, mas eu ainda estava com medo de ser pega.

Quando avistei Sirius se aproximar meu estômago gelou. Ele vinha como se não tivesse preocupações, e eu estava claramente nervosa.

—Que tal caminharmos?- ele perguntou e eu assenti.

Caminhamos pelas ruas desertas de Hogsmeade e o silêncio estava ficando constrangedor. Meus pés ja estavam cansados quando nos sentamos em um banco de concreto, ele olhava atentamente para o meu rosto mas eu tinha vergonha de o encarar.

— Você tem o rosto dela...mas com os meus olhos.- ele sorriu e eu finalmente tive coragem para olhá-lo, realmente eram olhos iguais aos meus.

—Vocês eram casados?- perguntei tentar levar a conversa a diante.

—Estávamos noivos, mas não chegamos a casar.- seu olhar ficou triste.

— Sinto muito, mas por que não?- não queria parecer inconveniente, mas eram meus pais e eu queria saber.

—Ela se tornou uma Comensal da Morte.- meu peito apertou.- Ela fez isso para proteger alguém que ela amava, mas quando descobriu que estava grávida ela não quis mais isso. Brigamos feio aquela noite.

O clima estava confortável enquanto estávamos falando da minha mãe, mesmo que o assunto fosse pesado. Eu queria saber mais dela, e não só dela, mas também de Sirius.

—Me conte sobre vocês dois.- ele sorriu de canto, devia ter ficado feliz por eu ter me interessado.

— Em Hogwarts eu fazia parte de uma irmandade, eu, James Potter, Remus Lupin e Peter. Éramos os Marotos...- eu cerrei os olhos.

—Como o mapa?- me lembrei das vezes que eu vi Fred e George com aquilo no segundo ano.

—Exatamente como no mapa, nós que fizemos aquilo! Eu sou o Almofadinhas.- Sirius sorriu empolgado provavelmente lembrando dos momentos, eu sorri também.- Enfim, nós tínhamos alguns problemas com o Ranhoso, digo, com Severo Snape.

—Professor Snape?- quis rir, eu o adorava mas até que Ranhoso era um apelido engraçado.

—Professor Ranhoso seria bem melhor.-rimos.- Eu era o que mais implicava com ele mas Lily e Mary sempre o defendiam com unhas e dentes.

—Quem são?- já havia ouvido aqueles nomes em algum lugar.

—Lily Potter, mãe de Harry e...Mary Greeney, sua mãe.- senti um arrepio, Sirius também pareceu sentir.- Os três haviam crescido juntos, eram amigos, mas quando ele se tornou um Comensal da Morte houveram reações diferentes.

—Snape era um Comensal da Morte?- minha cabeça deu voltas, como meu professor favorito poderia ter sido um daqueles monstros?

—Boatos de que nunca deixou de ser.- Sirius levantou as sobrancelhas.- Lily brigou com ele depois que isso aconteceu, ela nunca o perdoou, mas Mary se tornou uma Comensal para protegê-lo. Acho que depois ter visto tantas atrocidades ela percebeu o futuro que daria a você se aquilo continuasse, e foi quando ela voltou para se desculpar e começou a oferecer informações à Ordem da Fênix.

— Não descobriram que ela estava fazendo isso?- perguntei.

—Depois de um tempo, sim, e foi quando tudo desmoronou. Peter nos traiu, James e Lily foram mortos e eu fui preso, depois de tudo isso assassinaram Mary quando você ainda estava na barriga, mas eu não soube disso.- os olhos de Sirius se encheram de lágrimas.- Quando eu fugi de Askaban a primeira coisa que fiz foi ir atrás de Mary, e obviamente não a encontrei. Foi apenas quando encontrei com Remus que ele me contou o que havia acontecido, ele disse "Sirius, é tarde demais, suas meninas se foram".

—Por isso nunca me procurou...- um lágrima correu pela minha bochecha e pela dele também.

—Me perdoe.- ele pediu sem olhar para mim.

—Famílias não são perfeitas, certo?- ele sorriu e eu sorri de volta.- Que tal tomarmos café da manhã juntos no sábado? Podemos convidar o Harry.

—Seria ótimo.- ele tinha um olhar generoso e bom.- Obrigado.- ele me abraçou.

Fiquei alguns segundos imóvel, então o abracei. Havia esperado por aquele momento a vida toda, um abraço de pai.

Only One - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora