Part 6

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Neville

Fazem três dias desde o acontecimento na estufa e eu não consigo olhar na cara da S/n do mesmo jeito.

Sempre acreditei que deveríamos fazer essas coisas com pessoas que amamos, e eu amo ela, mas não estamos namorando ou algo do tipo.

Isso tem me deixado extremamente paranoico nos últimos tempos. Se ela sente algo a mais por mim na mesma intensidade; se está brava por ainda não termos nada; se deveria entrar no assunto com ela ou esperar...

Não queria falar sobre com meus amigos, então ontem enviei uma carta para a única pessoa que sentia poder confiar o suficiente para esse tipo de conversa, meu pai.

Mandei dois pergaminhos e meio contando a história detalhadamente, escrevi durante uma aula chata de poções enquanto Snape gritava e tirava pontos da Grifinória.

Hoje de manhã chegou a resposta, um pequeno pedaço de pergaminho rasgado escrito com letras redondas.

"Não entendi uma palavra do que escreveu, querido. Respire fundo e escreva novamente, se possível com menos tremedeiras, ou mande um berrador.

Amo você.

Papai.

Suspirei amassando o papel.

Ótimo.

— Qual é a sua com a S/n? — Simas chamou minha atenção, sentando em minha frente na comunal.

Franzi as sobrancelhas, jogando a carta na lareira. Não era a pessoa nem o momento para aquele assunto.

— Também queria saber. — George se inclina sobre o encosto do sofá, olhando fixo para mim. — Ela é minha melhor amiga e está esperando o anel mais incrível de todos como pedido de namoro, e eu não vejo nenhum anel na mão dela.

Fred balança a cabeça concordando e debruçando ao meu outro lado, ambos me cercando como uma presa.

A resposta era bem simples: não sabia. Nossos encontrinhos durante a semana foram ótimos, mas nunca falávamos sobre sentimentos ou algo do tipo.

Ela sempre estava ocupada demais fazendo algo com a boca... E desde o início das provas, ficou mais difícil conversar.

— Eu vou dar um jeito. — Murmurei, voltando minha atenção para o livro de feitiços aberto sobre meu colo.

Os três continuaram me encarando, analisando cada movimento que eu fazia atentamente.

Fechei o livro com um baque, jogando-o na mesinha de centro e saindo da comunal.

Andei pelos corredores tingidos de laranja pelo Sol da tarde que começara a desaparecer pelo horizonte. De repente vi um garoto baixinho da Lufa-Lufa passar apressado rumo a comunal da casa.

— Hey! — Gritei — Você mesmo! Vem cá.

Ele bufou, caminhando até mim, balançando a cabeça com pressa.

— Sabe quem é S/n S/s da sua casa? — O loiro meneou em dúvida. — Uma mais ou menos desse tamanho — Ergui uma mão no ar, indicando um espaço próximo da altura da garota. — Capitã das líderes de torcida, com um sorriso bonito e...

— Eu sei quem é. — Me interrompeu com desdém. — Aquela maluca nos fez perder 50 pontos!

— Pode chamar ela para mim, por favor? — Pedi ignorando sua última fala rancorosa.

— Certo, e o que eu ganho com isso? — Deu um sorriso de lado.

— Eu não te azaro agora mesmo. Anda logo pirralho, eu ein! — Disse com impaciência, imitando inconscientemente a fala da S/n com qualquer aluno de 13 anos para baixo.

Fiz um movimento de mãos indicando para ir rápido, cruzando os braços em seguida.

O menino voltou para seu caminho anterior, pisando firme. Alguns minutos depois ela surgiu, vindo em minha direção.

— Ameaçando crianças por mim? Que fofo. — Sorriu, me abraçando brevemente.

— Foi preciso, esse povo esta cada vez mais abusado! — Fiz uma careta, novamente imitando o que ela sempre dizia quando eu a corrigia.

Sorri bobo ao vê-la balançar a cabeça rindo, me esquecendo por instantes do que vim fazer aqui.

Pretendia pedir S/n em namoro, finalmente. Convida-la para um tipo de piquenique na Torre de Astronomia hoje, onde poderíamos falar com calma, levar alguns doces para comermos e observar as estrelas. Ela adorava fazer isso.

Seria o clima ideal.

— Então, me chamou para que? — Questionou rodeando minha cintura em um abraço, jogando a cabeça para trás me encarando.

— Queria saber se você quer... sei lá... jantar comigo hoje. — Soltei tentando parecer casual, fazendo um carinho desajeitado em seus cabelos.

— Adoraria, mas estou de detenção. — Franzi a testa em dúvida.

Não não não!

— Contaram que eu estava contrabandeando kits mata-aula dos gêmeos para a Lufa-Lufa. Tiraram 50 pontos meus e deram detenção com aquele palhaço ali. — S/n fez uma careta indicando o final do corredor, onde Lockhart passava distraído, admirando um espelho de mão.

Não tínhamos mais nem um minuto de paz sozinhos e quando finalmente o achamos, aparece alguém para estragar.

Cerrei os olhos sentindo uma onda de coragem me atravessar.

Soltei S/n, indo em direção ao professor de DCAT.

— Ei, bocó! — Falei alto, fazendo o homem me olhar espantado. — Deveria achar outro hobby, esse é tipo, o quinto espelho que pretende rachar no dia?

— O que está insinuando, senhor Longbottom? — Revirei os olhos com seu tom de ameaça. — Menos 10 pontos para a Grifinória.

— Pelo o que? Falar a verdade? Quer dizer, não sei se o senhor entende o significado dessa palavra, dada a porcaria falsa que são seus livros.

— Menos 20 pontos! — Proferiu afinando a voz escandalizado.

— Mas acho que já está familiarizado com o falso — Continuei —, tipo esse seu cabelo seboso, é peruca né? — Sorri ouvindo S/n gargalhar atrás de mim. — Se for, péssima escolha ein, deveria ser considerado crime portar isso. Existe um feitiço para melhorar a aparência dessa coisa, mas creio que o senhor deva saber, já que lutou contra tantos dragões e vampiros perigosíssimos...

— 40 pontos e está de detenção! — Lockhart, que parecia um pimentão a essa altura, gritou fino, dando um pulinho de ódio e sumindo pelo corredor marchando.

Sorri vitorioso, tentando afastar o receio dele mandar uma carta não muito educada para meus pais.

— Meu dia acaba de melhorar em 200%. — Virei para S/n, que enchugava uma lágrima na bochecha. — Só não tenho certeza se sua coragem é admirável ou terrivelmente burra.

— Acho que um pouco dos dois. — Fiz uma careta. — Te vejo em meia hora.

Dei um selinho demorado na garota, refazendo o trajeto rumo ao meu dormitório.

Nunca me colocaria em uma situação como essa com o maluco do Lockhart em plena consciência, mas já que estava nela, precisava pensar em um novo modo de esclarecer as coisas com S/n em definitivo.

Cotton Candy Skies || Neville LongbottomOnde histórias criam vida. Descubra agora