Capítulo 96

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                               Capítulo 96

                                    Gretta

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Observo de longe o moreno voltar do vestuário sentada no gramado. Minhas pernas esticadas sobre a grama bem cortada coçam um pouco, na parte em que a saia do uniforme não cobre, mas nada ao ponto de ser um incômodo ao extremo. Comemos nossos sanduíches um breve tempo antes e meu estômago nunca esteve mais agradecido comigo mesma do que a minutos atrás. Foi uma mini superação que comemoro mentalmente. Percebo conforme Gregory se aproxima que ele traz consigo uma bola de futebol americano. O moreno reveza a bola entre suas mãos e minhas sobrancelhas se unem de leve sem entender ao certo o porque ele estaria trazendo uma bola para cá. Tudo bem que estamos em um ginásio, mas ele está vazio. Definitivamente hoje é a primeira vez em que encontro este local em silêncio absoluto. Todas as outras vezes em que entrei aqui foi ou para algum jogo lotado, ou para os treinos da equipe, ou seja, barulho, barulho e barulho. Micro-segundos de puro silêncio apenas existiam quando o cronômetro que marcava as partidas estava perto do fim e algum jogador tentava dar a reviravolta final, mas nada que durasse mais que 30 segundos. É tranquilizante o ar que esse local passa quando vazio. Tinha questionado à Gregory o porquê deles deixarem as luzes do campo acessas e o moreno dando de ombros apenas me respondeu que; "é para eles terem argumentos na hora de desviar dinheiro para algum lugar".

— Preparada? — a voz de Gregory se faz presente no instante em que o moreno para à minha frente.

Minha atenção ainda presa na bola de couro em suas mãos começa a subir sem pressa pelo físico de Gregory embaixo desse uniforme colado, aproveitando cada segundo, até parar em seus olhos.

— Para que? — o questiono sem ter certeza se quero ouvir a resposta.

Um sorriso sugestivo surge no rosto perfeito do idiota à minha frente e Greg segura a bola em uma só das mãos, esticando sua outra em minha direção. Meus olhos caem nos dedos talentosos de Gregory apenas por alguns instantes, antes de voltar a encara-lo nos olhos.

— Hum... — tento imitá-lo, ou talvez não, tenho o pressentimento que já peguei esse costume dele sem querer — Ainda não obtive minha resposta — mantenho minhas mãos no gramado atrás do meu corpo, em uma posição que lembra muito quando estamos na praia em busca da marquinha perfeita.

— Vamos treinar — Gregory anuncia dando de ombros, como se fizéssemos aquilo 60 minutos, todas as 24 horas, por 365 dias.

— Ah não, valeu, passo — nego pois tenho plena consciência de que não quero; 1) cair com a cara no gramado, 2) chamar atenção do segurança ao lado de fora desse ginásio, e 3) descobrir que não sou boa no esporte que amo assistir, seria uma imensa decepção.

— Vamos Gata... — Gregory suspira — Não lhe disse "não" quando me pediu para treinar com você os passos de dança — o moreno lança sua chantagem emocional e tenho que respirar fundo.

Em partes, Gregory tem razão, já em outras; nem tanto. Digo; não vamos exagerar, imitar — ou melhor; tentar — meus passos da coreografia não se comparam a um treino de futebol-brusco-americano. Ou se comparam?

— Os passos da coreografia! — o corrijo tentando desviar a conversa e também porque o que eu e as meninas fazemos vai além de só "dançar".

— Hum... Que seja — seus ombros sobem e descem novamente embaixo das ombreiras — Vamos, será só você e eu, não precisa ter medo, não vou te machucar — Gregory abaixa sua voz para soar como verdadeira? Segura?

Talvez NamoradosWhere stories live. Discover now