epílogo

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Corro desesperadamente pela calça. Desviava das pessoas com dificuldade tentando não quebrar meu terceiro salto só esse mês.

— Porcaria! — bravejo, perdendo a paciência.

Amarro meu cabelo em um coque e tiro os saltos altos voltando a correr descalça.

Algumas pessoas me olhavam confusas e irritadas quando esbarrava em seus ombros.

Eu precisava chegar cedo, se atrasasse mais alguns minutos perderia  o horário com aquelas pestes, o que não seria nada ruim. Maldita hora em que aceitei um emprego tão longe. Greendale é uma cidade agitada em época de turistas.

— Cheguei! — exclamo ao abrir a porta do escritório.

Os dois garotos mais velhos e a jovem Nina me encaram com enormes carrancas no rosto.

— Não me olhem desse jeito! — reclamo, me sentindo magoada. Eles são pestes, mas eu sempre me apego aos meus alunos.

— Você tá sendo paga pra chegar no horário. O que mais você quer de nós? Sorrisos e flores? — Sam zombou.

— Um pouquinho de respeito seria bom. — puxo sua orelha o fazendo dar um gritinho baixo e doloroso — Bom, vamos começar.

— Podemos continuar com os buracos negros? — Nina propõe parecendo tentar se conter de ansiedade.

Ela odeia que a chamem de nerd, mesmo quando se trata de um assunto que ela gosta tanro como Buracos Negros. Mas é exatamente isso que seu primo, Sam, gosta mais de fazer: zombar dos seus gostos.

— Nerd. — foi o que ele comentou, pela milésima vez.

— Desculpe se o único buraco negro que você conhece é o seu! — vociverou me dando orgulho.

Essa é a minha garota!

Escondo o sorriso enquanto estou virada para o pequeno quadro branco em que lhes dava aulas extras de introdução à física.

Antes que Sam disse algo, eu o interrompo lançando uma piscadela para a garota que sorriu timidamente.

— Vamos começar, pessoal.

Reparo em Joshua que se mantém calado desde que cheguei.

— Você está em que mundo, Josh? — lhe indago o fazendo acordar para seu presente.

— Hã? — piscou algumas vezes, perdido.

— Está tudo bem? Está doente?

— Só se for de amor...por mim. — Sam brincou, atrevido como sempre.

Joshua o ignorou e tentou sorrir para mim.

— Só estou cansado. Acabei dormindo tarde, ontem.

— Consegue aguentar alguns minutos incontáveis das minhas explicações maravilhosas sobre física? — indago o fazendo rir.

— Consigo. — e abriu seu caderno como os outros.

— Vamos começar.

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Termino de apagar minhas anotações no quadro enquanto os três atrás de mim recolhiam seus materiais.

— Espero que tenham aproveitado. Essa foi nossa última aula. — os aviso esperando alguma reação.

Percebo os três se virarem para mim rapidamente, surpresos.

— Nem pensar! — Joshua interveio, irritado — Você é a melhor professora que eu já tive.

Correto demais (Contos de Riverside)Onde histórias criam vida. Descubra agora