"Livro baseado nos cenários e tradições do século 19, os locais e regras citados nesse livro são frutos do imaginário da autora."
Helena Herondele herdeira de umas das propriedades mais prósperas de Burgo era uma dama nada convencional, perdera os p...
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Helena observava a ilha se afastar no horizonte enquanto o navio seguia seu caminho cortando as ondas do mar. A viagem até Burgo levaria meses, isso não a deixava nem um pouco confortável.
— Vou sentir falta da ilha. — Dragão se aproximou de Helena vendo o semblante arrasado dela. — Aquele lugar fora minha casa por anos. Não me sinto bem a deixando, mas tenho que pensar no melhor para os meus filhos. — Dragão sorriu vendo sua esposa brincar com seu filho recém-nascido.
— Não seja melodramático, querido. — Sofia se aproximou com o bebê nos braços, uma linda garotinha com cachos loiros. — Não vou sentir falta nenhuma dessa maldita ilha. — Ela disse com convicção. — Helena, conte-nos um pouco sobre nossa nova casa? — Perguntou Sofia sorrindo tentando arrancar Helena de seus pensamentos.
Helena olhava para o horizonte com melancolia ela não se sentia voltando para casa. Ela fizera da ilha seu lar e sofria muito por ter de abandona-la. Essa era a segunda vez que ela se via obrigada a abandonar tudo que tinha tudo que ela sofrerá e lutara para construir.
Sofia repetiu a pergunta fazendo com que Helena se virasse em sua direção com um olhar confuso. Ela não estava ouvindo. Tentando reaver sua compostura ela se focou em seus amigos.
— Clarence Hall é lindo na primavera. — Ela disse tentando puxar na memória imagens do lugar que ela um dia chamara de casa. — Seus campos e florestas se enchem de flores. Há um lago na propriedade, nos dias quentes de verão a água fica mornar perfeita para nadar. A campina gramada ao sul é excelente para cavalgar. — Ela começou a contar a Sofia, mas quando se lembrou de cavalgadas não foi Clarence Hall que ela viu, mas sim o rosto bronzeado de certo pirata inteligente e bonito que fazia seu coração se acender toda vez que o encarava nos olhos. Ela sentiria falta de Corvel.
— Parece um lugar adorável para se criar crianças. — Disse Sofia empolgada.
— Sim. — Helena concordou nem se quer prestando atenção no que ela dizia. Ela não estava no humor necessário para ser social ou gentil.
Seus pensamentos voavam em disparada relembrando o beijo daquela tarde. Seria possível Corvel a querer daquela forma mesmo conhecendo o passado dela? Com um aceno de cabeça Helena retirou a ideia de sua mente, mesmo se isso fosse possível os dois nunca mais se encontrariam o amor deles havia morrido antes mesmo de nascer.
Os dias passaram em uma sucessão de mesmice e tédio. Não havia muito que fazer no navio e tudo ao seu redor era o mar. Às vezes algumas gaivotas voavam e pousavam em uma das velas do navio. Além disso, não havia nenhum outro movimento.
Antes que Helena notasse a costa burguesa se agigantava a sua frente, dando fim a sua viagem. Os homens no navio começaram os preparativos para atracarem. Após gritos e puxões em cordas o navio ancorou no porto.
Helena subiu na prancha de desembarque. Todos a esperavam, ela estufou o peito e ergueu a cabeça e saiu do navio voltando para à terra que ela jurou nunca mais pisar.