Cap 1- A carta

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#Editado

Melissa POV

Rio de Janeiro, Brasil

"Lucas, o que você está fazendo?" Perguntei rindo

Ele me ignorou e saiu. Fiquei me perguntando o que ele está tramando desta vez. Ele voltou com seu violão:

"Escolhe uma música!" Ele falou

"Qualquer música?"

Ele assentiu

"Ummm... Que tal... Aquarela?"

"Boa"

Então ele começou a cantar com sua voz de anjo. Toda vez que eu encarava aqueles olhos verdes, eu ficava hipnotizada. E as vezes ele piscava pra mim enquanto cantava e tocava, e essas pequenas coisinhas faziam meu coração derreter. Fazer o que né? É esse o efeito que ele tem sobre mim.

Eu me lembro como se fosse ontem, quando eu cheguei ao Brasil com 14 anos de idade. País novo, língua nova, escola nova, pessoas novas... era tudo muito novo, e eu estava odiando toda essa história de voltar ao país onde minha mãe nasceu. O Lucas foi uma das primeiras pessoas que eu conheci aqui. Nossas mães são melhores amigas, e ele junto com sua família nos deram muito apoio no começo. Minha paixão por ele foi instantânea. Assim que encarei seus olhos verdes pela primeira vez, já percebi que talvez essa mudança não tivesse sido tão ruim assim. No começo, nos tornamos melhores amigos, e como ele era meio popular, me apresentou para todo mundo do colégio. Eu pensava que o que eu sentia por ele era platônico, e tinha medo de falar o que sentia e estragar nossa amizade.

Só quase um ano depois eu descobri que não era bem assim, e que na verdade, era recíproco. E aí, aos 15 anos engatamos um namoro que dura até hoje, com nós dois aos 18 anos e recém-formados no ensino médio.

Quando voltei a realidade, a música estava nos últimos versos, e quando ele enfim tocou o acorde final, esbocei um sorriso de orelha a orelha. "Sua voz é linda, sabia?" Falei

"Você é linda, sabia?" Ele falou

Meu sorriso aumentou ainda mais. Não me consegui me conter e o puxei para um demorado beijo. Ele sorriu, colocou seu violão no chão e me puxou para mais perto, enquanto eu tinha minhas mãos ao redor do seu pescoço. Isso era tudo tão maravilhoso. Quando por fim paramos de nos beijar, eu me afastei um pouco para olhar nos seus lindos olhos "Eu te amo Lucas Fernandes, quero estar com você até o final da minha vida!"

Meu namorado sorriu e acariciou minha bochecha"Eu também te amo minha americana linda!"

Ele me chama assim desde que eu saí da minha cidade natal Nova Orleans, nos Estados Unidos, para vir morar aqui no Rio. E eu simplesmente amo esse apelido. Eu já ia puxar ele para mais um beijo, mas seu celular começou a tocar bem na hora.

Lucas pegou seu celular no bolso da bermuda que estava usando "Alô?... Ok, já tô indo... falou, cara"

"Quem era?" perguntei

"O Thomas. Ensaio da banda de última hora"

O Lucas tem uma banda com seus melhores amigos chamada Zero ponto um, e ela até que é famosinha aqui no Rio. Mas ensaio no meio da semana?

Franzi o cenho "Ensaio? Mas hoje é quarta-feira!"

"É eu sei, mas nós precisamos ensaiar para o show de sexta! Falando nisso, você vai né?"

Assenti. Eu não perco um show da Zero ponto um por nada! Afinal meu namorado é lindo e ainda é o vocalista, o que acaba chamando mais atenção do público feminino, então eu procuro sempre ir a todos os shows e deixar bem claro que ele tem dona.

"Beleza!" Ele falou e me deu um selinho

"Te vejo amanhã!" Falei

Ele sorriu e pegou suas coisas que estavam na mesinha da área da piscina do meu prédio. O acompanhei até o estacionamento onde ele foi embora em sua moto.

Chamei o elevados e subi para meu apartamento. Quando abri a porta de casa, meus pais e meu irmão mais velho, Felipe, me encaravam.

"O que foi?" Perguntei confusa e minha mãe apontou para alguma coisa que estava na mesinha de centro na minha frente. Olhei para o que ela indicava e vi uma carta... com o selo dos Estados Unidos. Por que eles estão assim? Meus avós paternos que ainda moram em Nova Orleans sempre nos escrevem, já que não sabem direito mandar mensagens por WhatsApp nem por e-mail.

Percebendo minha cara de o que é que tem, meu pai me manda abrir. Pego a carta e quando leio a parte de trás, meu coração dispara. É da New York Film Academy. Meus olhos se arregalaram e olho para minha família com desespero.

Desde que me entendo por gente, minha paixão sempre foi atuar. Quando ainda morava em Nova Orleans, eu fazia escolinha de artes, e quando vim para o Brasil, entrei para o clube de teatro da escola, e eu posso dizer que sempre fui boa nisso. Como todos me falam, eu nasci para ser atriz, e é o que eu sempre quis ser. Quando cheguei no terceiro ano do ensino médio, que a pressão para escolher um curso começou, meu irmão me incentivou a mandar um vídeo de uma de minhas atuações em peças para uma faculdade no exterior, onde ficam as melhores, e foi o que eu fiz, achando que não ia dar em nada. E para não se arriscar muito, ainda sim fiz o vestibular para Jornalismo, o curso "reserva" que eu escolhi, já que aqui a profissão dos meus sonhos não é tão valorizada como lá fora. E agora, olhando essa carta, eu estou literalmente com o meu futuro em minhas mãos.

"Chegou hoje de manhã. Mas só percebemos que era essa carta quando o papai foi olhar as correspondências" Felipe disse chegando perto de mim e me lançando um olhar encorajador.

"Estou com medo de abrir" Falei

"Não tenha medo, filha. Teremos orgulho de você independente do que esteja escrito aí" Minha mãe me incentivou

"É, e se não te aceitarem, eles que perdem" Meu pai concordou

Sorri para minha família. Desde o começo, eles sempre me incentivaram a seguir meus sonhos, mesmo sendo muito difíceis de se realizarem. Respirei fundo, abri a carta, e comecei a ler em voz alta.

"Querida Senhorita Walker, é um prazer informá-la que você foi aceita em nossa es-" Eu não consegui nem terminar de ler, pois meus familiares já estavam gritando, pulando de alegria, me abraçando assim que ouviram é um prazer informá-la. EU NÃO ACREDITO QUE PASSEI!!! EU VOU ESTUDAR TEATRO!!!!! Meu irmão me carregou no colo e começou a me rodopiar no ar dizendo que estava extremamente orgulhoso de mim e que iria para Nova York comigo.

E assim que a palavra Nova York foi mencionada, meu sorriso desapareceu. A faculdade fica fora do Brasil, lugar onde eu moro por 4 anos, onde eu conheci pessoas incríveis... inclusive o amor da minha vida. Eu vou ser capaz de deixar isso pra trás? Eu lembro que quando mandei minha inscrição para essa faculdade, eu e o Lucas estávamos brigados por ele ter passado o dia inteiro bebendo em um lugarzinho qualquer e sem mandar notícias para ninguém. Eu estava tão furiosa que até disse que queria morar com meus avós em Nova Orleans. Então acabei mandando o vídeo, e depois quando nos resolvemos, nem pensei nisso direito, já que eu também tinha decidido prestar vestibular para jornalismo... Ele nem sabe que fiz isso. Eu não posso simplesmente deixá-lo pra traz, afinal, ficar com o Lucas também é meu sonho.

Percebendo a cara nada feliz que fiz, meu irmão me colocou no chão e meus pais pararam de pular. "Eu não vou" Falei e eles gritaram um "O QUÊ?"

Expliquei que não ia por causa do Lucas eles começaram a falar que eu estava louca, que estudar teatro era meu sonho, e que eu não podia deixar isso pra trás por causa de um namorado.

"Vocês não entendem! O Lucas é o homem da minha vida! Não posso deixá-lo" Falei "Está decidido, eu não vou!" Joguei a carta no chão e subi para meu quarto, deixando pra trás minha família indignada e meu sonho de ser uma atriz internacional.

O preço da famaWhere stories live. Discover now