Capítulo 39 - aquela voz...

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 Já era quinta-feira, e eu estava louca para que Romeo voltasse para casa. Lucas não se pronunciou mais, o que eu não sabia dizer se era bom ou ruim. Ele poderia estar planejando algo, ou me mandou aquela mensagem apenas para me assustar, eu torcia para que fosse o último caso.

De qualquer forma, consegui me adaptar tranquilamente ao trabalho, embora voltasse correndo para casa ao fim do expediente.

Foi uma semana solitária, mesmo com a visita de minhas amigas alguns dias atrás. Acabei contratando uma cozinheira como as garotas me instruíram, mas ainda assim eu me sentia sozinha. Apenas Otto me fazia companhia naquela casa imensa.

Naquele dia cheguei no trabalho um pouco mais cedo, e a loja ainda estava fechada. Por isso, fiquei sentada em um banco próximo esperando uma das minhas colegas chegarem.

Acabei me distraindo com o celular, e nem percebi alguém se aproximando.

— Jenny.

Aquela voz...

Todos os meus músculos se retesaram, e eu senti minha respiração parar. Não podia ser.

Me virei no banco e dei de cara com Lucas em pé, ao vivo e em cores.

Aquela mensagem não havia sido uma brincadeira.

— Lucas — Me levantei num salto e dei alguns passos para trás.

— Já fugindo de mim? — ele riu — Pensei que ficaria feliz em me ver. Namoramos por tantos anos.

— O que você quer? — tentei manter minha voz séria e confiante, mas senti que ela começava a vacilar.

Não, eu não ia me desesperar. Não ainda.

— Vim ver como você está. Vi no seu instagram que começou a namorar um cara tremendamente rico. Me pergunto como conseguiu, você sempre foi tão retraída e sem graça.

Ele tentou se aproximar, mas eu continuei indo para trás.

— Eu não sou mais como na época da escola. Não tenho mais medo de você.

Lucas riu mais uma vez.

— Tem certeza? Não é o que parece.

Mais uma tentativa de aproximação, e mais passos meus para o lado oposto.

— O que você quer? — repeti a pergunta, minha voz beirando a histeria.

O loiro não parecia preocupado por estarmos em ambiente público, até porque o corredor estava vazio. As lojas só abririam dali alguns minutos, quando os funcionários começassem a chegar.

— Eu estava realmente tentado a deixar para lá, mas digamos que você me proporcionou a oportunidade perfeita.

— Oportunidade de que? — ousei perguntar.

— De ganhar dinheiro.

Franzi o cenho.

— O que quer dizer com isso?

O sorriso no rosto de Lucas foi a coisa mais macabra que já vi nessa vida.

— Que estou sequestrando você.


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