14. Só o Tempo Trará as Respostas

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Para a maioria das pessoas - em especial para Clare - receber visitas em casa é sempre uma alegria. Já por isso, dispunha de um lugar especial na sala, arrumado com capricho e bom gosto, que traduzia a personalidade dos Park. Contudo, a situação extraordinária deu-se de forma tão surpreendente que toda a pompa com o qual a mulher fazia questão de receber os amigos e parentes, esvaiu-se por completo. Tanto mãe quanto filha demoraram alguns segundos para assimilarem e associarem a figura elegante parada na porta, com o motivo pelo qual estava ali.

- Quem é que chegou? - Mason apareceu atrás de Rosie e Clare, carregando o filho no colo, ficando boquiaberto com a imagem que sua visão captava – Jennie Kim?

Ao ouvir a voz grave do pai é que Park se deu conta de que ainda não havia permitido a entrada da morena em sua residência, ou melhor, na residência seus progenitores.

- Jen...Srta. Kim, queira entrar por gentileza. - A agente fez sinal com a mão, inspirando a fragrância do J'Adore que espalhou-se no ambiente, trazida pela filha do presidente.

Ante uma situação como aquela, exigia se uma boa dose de autocontrole e "savoir vivre", os velhos bons costumes que todos deveriam conhecer e jamais abandonar.

- Bom, o que traz a nossa casa uma visita tão ilustre? - O patriarca tentava aparentar o máximo de amabilidade que era possível, ao passo que sua esposa encarava a mulher com a sobrancelha erguida e o cenho franzido, não se preocupando em disfarçar em leve dissabor por sua presença.

Após cumprimentar os colegas de profissão, que se mantinham parados em postura ereta frente à porta, a loira voltou a sua atenção para a visita.

- Sente-se, senho...

- Jennie, por favor. Somente Jennie. - Roseanne estreitou os olhos por um milésimo de segundo, tamanha a estranheza que o momento causava - Eu não vou tomar muito do tempo de vocês.

De certo que nos dias em que a agente estava hospedada na casa dos pais, foram diversas as vezes em que sua mãe externou a insatisfação para com a herdeira presidencial e suas atitudes extremistas, mas naquele instante, o que importava era mostrar para a mulher o quanto eram civilizados, recepcionando-a com cortesia e boa educação, dispondo de alguns minutos para uma conversa amistosa. Ainda não sabiam o motivo real da presença de alguém tão importante, porém às vezes era somente a cordialidade que Kim esperava, saindo dali com o coração grato pelo acolhimento que teve e ainda arrependida pelas besteiras que cometeu.

- Você aceita um café, uma água, ou... não sei? Desculpe-me, mas não temos o costume de receber... - A matriarca da família interrompeu sua fala ao prestar atenção no homenzarrão que vistoriava sua janela.

- Isso é procedimento de praxe, mãe, para ver se não há movimentação suspeita nos prédios ao entorno daqui. - Park sentou-se ao lado do pai, no sofá em frente à morena.

- Então... deseja um suco, talvez?

- Não se preocupe comigo. Estou bem, mas… uma água seria bem vinda. - Jennie sorria cordialmente, ao menos era o que aparentava.

- Claro! Eu já volto. - Clare alternou o olhar brevemente entre seu esposo e sua primogênita, saindo em seguida, caminhando até a cozinha. Rosie, treinada para decifrar o significado das milhares de expressões faciais que o ser humano usava - mesmo que inconscientemente - para externar as suas emoções, soube de imediato que a morena não estava de todo à vontade, que muitos trejeitos se davam de maneira forçada. 

Esboçou um breve sorriso contido, ao virar-se para brincar com a mãozinha do irmão. Talvez faltasse uma pitada a mais de naturalidade nos atos de Kim, mas a loira tomou o esforço que estava sendo feito como ponto à seu favor.

A Filha do Presidente Where stories live. Discover now