08 | o mundo não é estúpido

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ㅡ Jong Ho, cuida bem do Min Gi enquanto eu estiver fora, okay? Não deixa ele se meter em confusão... Me liga se precisar de alguma coisa... Eu voltarei correndo, sério mesmo. ㅡ San agarrava as mãos do amigo muito forte, com a voz um pouco tremida e arrastada. Dava de perceber o quão próximo os dois eram e eu entendia tal relação. Min Gi era tudo que Choi San tinha.

ㅡ Está tudo sobre controle, cara, vão logo, vão! ㅡ Jong Ho falou o despachando rápido. Até eu já estava impaciente com aquela despedida, mais de 15min e ele ainda tinha coisas para dizer.

ㅡ 'Tá, mas antes... Me dá um abraço? Só um abraço. Vai que esse doido pretende me abandonar num matagal? Essa pode ser a última vez que você me vê.

ㅡ Porra? ㅡ Resmunguei baixinho do lado do motorista. Os dois se abraçaram finalmente e me preparei para pegar a estrada com o pequeno ao meu lado. ㅡ Não fica preocupado, vai dar tudo certo. Jong Ho parece ser bem responsável e também deixei Yun Ho para dar uma olhada na sua casa.

ㅡ Obrigado!! Ninguém nunca fez algo desse tipo por mim. ㅡ Sorri e começei a dirigir. ㅡ  Seu carro é bem bacana. E confortável. Sabia que eu nunca saí da província? Até já pensei nisso... muitas vezes, tentar a sorte em Seoul ou em qualquer outra cidade... Mas eu não posso deixar Min Gi para trás. ㅡ Ele disse, segurando o pingente de cruz em seu colar. Tentei me concentrar na estrada, mas seus atos, o jeito que falava e grudava os olhos na janela, contando cada árvore, era tão fofo que me deixava sem direção.

ㅡ Hmn, e por que não leva Min Gi com você? ㅡ Ele se aquietou depois de acenar para um gatinho no encosto da pista.

ㅡ Aí eu escolho, ou eu como ou eu junto pra levar o Min Gi comigo, como que faz? ㅡ Disse mais uma vez, com uma terrível naturalidade. Parecia já estar acostumado com aquelas condições. ㅡ Tem dias que eu tenho que deixar de tomar café, pra ter o que jantar, e vice-versa.

ㅡ ... E mesmo assim, você ainda trabalha para ajudar os outros...

ㅡ É uma lei de sobrevivência, não é? Nos ajudamos enquanto podemos. E quem serve ganha o dobro de sopa. Só benefícios. ㅡ Sorri. Abri meu porta-luvas procurando alguma snack rápida para mantê-lo entretido. Mesmo bem ao meu lado, sabia onde aquelas mãos podiam ir e fazer. Assim que achei o pacote, o joguei em sua direção.

ㅡ San, é o seguinte... Eu vou te levar nos lugares, mas você vai me prometer que não vai roubar ninguém. Tem que se comportar, tudo bem? Posso confiar em você? ㅡ Afinal de contas, era um tanto maluco ter que fazer aquilo para recuperar algo que era meu, mas lá no fundo... Sentia que era uma boa ação.

ㅡ Já disse, não tenho um transtorno. Mas e essa bonequinha? Quem te deu? ㅡ Apontou o painel do carro onde tinha uma boneca dançando, a medida que o carro se movimentava.

( ... )

O vi encantado com os peixes do aquário, com as mãos para trás, analisando os movimentos das arraias e peixes maiores. Não podia desgrudar o olho dele um minuto, já estava papeando com uma moça indefesa a distraindo. Cheguei lá com um sorvete antes que ela fosse uma vítima dos seus furtos repentinos.

ㅡ San!! ㅡ Entreguei a ele o seu doce do sabor que queria. ㅡ Você me deu sua palavra...

ㅡ O que foi que eu fiz?! ㅡ Seus olhos cresceram assustados. Toquei seu corpo para o revistar, o fazendo sorrir sapeca, mas não encontrei nada. ㅡ 'Tá vendo? Não roubei não. Você não confia em mim, garoto?

ㅡ Você não tem me dado lá os melhores motivos para confiar. ㅡ Falei sem querer, entupindo minha boca com o sorvete. Seus olhos ficaram tristes e um bico enorme se formou em seus lábios. ㅡ ... Affe, San, me desculpa...

ㅡ Você nunca passou necessidade. O Rolex nunca fará falta pra você, você tem dinheiro pra comprar a joalheria toda. ㅡ Falou praticamente cuspindo na minha cara. ㅡ Ponha-se no meu lugar. Eu não tenho estudo, não tenho um emprego que pague bem, um irmão míope que só se mete em confusão, não tenho família, nem amigos, eu sou um zé ninguém, Wooyoung. Mas eu não viro as costas pra quem está tentando me ajudar. Confia em mim. ㅡ Ele disse, de um jeito tão sério...

Engoli a seco, ele esqueceu de me dar um textão porque se distraiu com um fliperama. Choi San mexia com muitas emoções dentro do meu cérebro. Limpei uma gotinha que se formou no canto do meu olho e fui até lá lhe pagar algumas fichas. Era agradável o ver se divertindo.

Rodamos o shopping inteiro, o comprei algumas roupas. Ele era um bom consultor de moda. O levei pra assistir um filme, tomamos café, andamos por uma praça quando já caía a noitinha. O comprei um balão da Frozen. Resumindo, gastei com Choi San em um dia o que sozinho demorava um mês para gastar, mas seu sorriso nunca havia desaparecido dos seus lábios, e aquilo estava me dando ótimas vibrações.

Estavam fazendo pintura de rostos por ali por perto, San brincou com algumas crianças. Havia uma bastante triste, apenas observando as outras. O pequeno agachou-se para ela e lhe deu um beijo na testa, a entregando o balão. Meu coração não parava de se iluminar com aquele brilho. A criança o pediu para imitar um tigre --- a sua pintura no rosto --- e o fez de bom grado.

ㅡ Por que o tio não pinta o rosto também? ㅡ Ela perguntou apontando para mim. San sorriu e negou, deixando seus cabelos esvoaçarem com o vento.

ㅡ Eu acho que ele não tem corag--- ㅡ Fiquei na fila da moça que estava pintando os rostos, acabei virando uma borboleta roxa. Os dois riram mais uma vez, uma das crianças colocou uma asa em mim pra fazer jus ao figurino, e nos divertimos muito.

Sendo bem sincero... Talvez tenha sido o melhor dia que tive em toda a minha vida.

GOOD LIL' BOY | ATEEZWhere stories live. Discover now