4

8.3K 793 406
                                    

Acordei no susto com batidas na porta, quem seria a essa hora da noite? Levantei ainda com os olhos fechados, estava cansada da missão de mais cedo.

-U-Utahime-sensei? Oque faz aqui essa hora?
-Boa noite, Nayumi. Quero conversar com você. - ela parece seria.
-Aconteceu alguma coisa? - queria mesmo que tivesse acontecido, não queria ter sido acordada atoa.
-Não exatamente, mas acho que deveria falar sobre isso com você.

A convidei pra entrar e pedi para ela me esperar trocar de roupa, para ficar pelo menos mais apresentável.

Assim que me troquei sentei na cadeira a sua frente.

-Então, oque houve sensei?
-Ontem Gojou foi me passar o relatório da missão de vocês, ele disse que você torrou a maldição.
-Muito a cara dele falar uma coisa assim.
-Foi a primeira vez que você usou fogo, certo?
-Sim foi, porque?
-Por onde eu começo? - ela suspirou. - Anos atrás existiu uma renomada família de xamãs, a família Souta, que podia controlar fogo, fogo amaldiçoado. Mas não era apenas fogo que eles controlavam, eles podiam utilizar dos 4 elementos da natureza; terra, ar, água e fogo.
-E oque eu tenho a ver com isso?
-A família Souta era uma das três grandes famílias de feiticeiros jujutsu, porém o poder dos elementos era difícil de ser herdado. A esposa do líder tinha problemas para engravidar, oque o fez a trair diversas vezes, mas nenhum dos seus filhos herdou os poderes. Após 4 anos sua esposa engravidou, ainda não tinha como saber se ela teria potencial como xamã, mesmo assim Souta estava feliz. Porém essa felicidade não durou muito tempo. Ao alcançar 8 meses de gestação ele partiu para uma missão, e acabou falecendo, oque fez sua mulher entrar em uma depressão profunda, e antes que pudesse ter a criança, ela cometeu suicídio. Assim, a família Souta entrou em ruínas e virou apenas uma lenda, não há nenhum herdeiro ou parente vivo com esse nome no mundo jujutsu. Os rumores dizem que a criança morreu junto com a mãe, outros dizem que sobreviveu e os médicos ocultaram isso de todos, mas ninguém sabe oque realmente aconteceu.
-O-oque você quer dizer com essa história?
-Nayumi, você pode ser a filha desaparecida dos Souta. Se você conseguir usar os 4 elementos, a chance de ser você é de 100%.
-Não tem como ser eu! Não pode ser eu! Meus pais morreram quando eu era pequena em um acidente de carro! - eu não conseguia processar oque ela estava falando direito.
-Nayumi! Você precisa aceitar a verdade!
-E-Eu... preciso pensar! - levantei da cadeira e sai correndo chorando, precisava processar toda informação.

Não olhei pra onde corria, só queria ir para qualquer outro lugar que não fosse aqui. Enquanto corria acabei trombando com alguém, não vi quem era, não queria saber quem era. Antes que eu pudesse continuar correndo a pessoa pegou no meu pulso, me impedindo de continuar.

-Nayumi?

A voz era familiar, mas não tinha cabeça pra adivinhar. Enxuguei minhas lágrimas e olhei quem era.

-Gojou? - falei surpresa, esperava qualquer pessoa, menos ele.
-Oque aconteceu? - ele parecia um tanto preocupado.
-Na-nada, não é nada. - tentei me soltar, mas não tinha forças suficientes pra isso.
-Não parece ser nada.
-Não precisa se preocupar, realmente não é nada. - não era nada que importasse a ele.
-Nayumi, pode confiar em mim.

Senti meu coração bater mais rápido por um segundo.

-Porque deveria confiar em você?
-Não confie em mim, mas pelo menos venha comigo.

Eu não queria ser rude, então apenas concordei balançando minha cabeça.

Ele segurava minha mão, me guiando para algum lugar, não pude evitar a pensar de como sua mão boa de tocar, ela me reconfortava de um jeito que não sei explicar, mas de um jeito inevitavelmente bom.

-Aqui. - disse ele me sinalizando onde sentar.

Me sentei ao lado dele, olhei para os lados tentando identificar onde estávamos, provavelmente o terraço. Ficamos próximos um do outro, mas em uma distância respeitável. Encarava o chão, ainda estava triste.

-Ei, - ele me chamou atenção. - olha pra cima.

  Como não pude perceber? O sol já estava prestes a nascer. E lá estava eu, sentada ao lado de um cara que não sabia oque tinha acontecido, mas estava lá, comigo. Meus olhos estavam inchados, minhas bochechas vermelhas e meu nariz entupido por causa da choradeira.

  O sol surgia no horizonte, virei minha cabeça para o lado e vi que Gojou me olhava. Rapidamente virei pra frente, mas ainda o olhava pelos cantos me encarando. O silêncio predominava entre nós, apenas conseguia ouvir o som dos pássaros cantando levemente ao decorrer da chegada do dia.

  Mas não era um silêncio constrangedor, era um silêncio preciso. Eu não queria falar sobre nada, mas estar ali com ele era tudo que precisava, sua companhia naquele momento foi importante pra mim.

  Metade do sol já estava a mostra, voltei meu olhar pra ele, que tinha sua atenção, dessa vez, voltada para o horizonte. Percebi o quanto seus olhos são lindos, ainda mais iluminados. Podia observar o tempo que fosse, nunca cansaria de apreciar seus belos olhos. Parecia o infinito.

  Ele virou no momento que eu o encarava, oque me deixou envergonhada. Desviei o olhar pra frente rapidamente, consegui ouvir uma risadinha vinda dele, sorri espontaneamente, me sentia bem perto desse idiota e não sabia o porque.

  Só conseguia pensar em uma palavra pra falar.

-Obrigada.

Memories; Gojo SatoruWhere stories live. Discover now