UM

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Desde de que esses soldados chegaram, Erwin não toma mais decisões por si próprio — não o culpo, tudo é muito novo não só pra ele, mas para todos nós. Fazia poucos dias que a Comandante de Mukō-gawa havia chegado nas muralhas, ela pouco falava com qualquer outra pessoa que não fosse do alto escalão, segundo ela, não tinha tempo a perder.

É claro que todos deram ouvidos, já que ela foi o principal motivo de ter salvado muitas pessoas. Há quase seis anos, na noite anterior ao ataque na muralha, a tropa de Mukō-gawa apareceu, contou o que estava prestes a acontecer e nos ajudou a reprimir o ataque. Desde então este povo convive conosco, partilhando da comida e da cultura. Apesar de tudo ter sido muito repentino e suspeito, ninguém nunca soube o porquê eles sabiam daquele ataque, e muito menos porque nos ajudaram. A emoção de ter evitado várias mortes, impediu que o alto escalão e povo das muralhas quisessem enxergar o que estava por trás dessa ação. Mas é claro que nada dura muito, e por isso acolhemos uma nova tropa junto da Comandante Akemi.

— Capitãaao! — Escutei Hange gritar, enquanto eu caminhava pelo corredor.

— Será que dá pra parar de gritar quatro-olhos.

Hange estava mais animada do que o normal, quando me alcançou.

— Vamos finalmente ter uma reunião com a Comandante de Mukō-gawa.

— Isso é o motivo da sua euforia? — Continuei andando.

— E como você não está animado? Parece que ela finalmente vai falar mais sobre sua visita as muralhas, imagina quantas respostas ela pode nos dar? Sobre como é Mukō-gawa, seus poucos soldados são tão eficientes, e aquelas engenhocas que nos ajudaram tanto nos últimos anos... Ela parece tão misteriosa, todos de Mukō-gawa a respeitam, diziam que na cidade deles ela era uma das melhores assassinas de titãs, antes de se tornar comandante. Ela parece ser tão jovem, não é?

— Respira! — Me virei para Hange. — Acha mesmo que ela vai nos ajudar em algo? Seu ar desde entrou pelas muralhas foi de soberania, duvido muito que seu interesse seja para o bem de alguém, se não do seu próprio povo.

— Como pode dizer isso, se só a viu uma vez?

— Foi o suficiente. — Voltei a andar, evitando o olhar curioso de Hange sobre mim.

— Bem de qualquer forma, Erwin mandou que eu o chamasse. A reunião vai começar em algumas horas e querem que seu esquadrão esteja lá também. — Suspirei deixando Hange para trás.

É claro que ela iria querer o meu esquadrão lá, tenho certeza de que Eren Yeager era seu maior interesse, me admira que o alto escalão tenha permitido esse encontro. Estamos em maior número, mas já vimos o que os poucos soldados de Mukō-gawa são capazes. No entanto, preciso confiar no Erwin.

...

— E... Ela é a comandante? — Um dos pirralhos sussurrou, enquanto via a Comandante Akemi entrar.

Seu olhar era como o de quem tinha a arrogância de achar que sabia sobre tudo, mas seu rosto carregava o semblante de uma pessoa dócil, qualquer idiota se deixaria levar por sua beleza e talvez essa fosse a maior arma dela.

— Então esse é o seu tão falado capitão? — A mulher estava na minha frente me encarando de cima, como se eu fosse um animalzinho de estimação do Erwin. O cheiro dela de chá verde misturado com Jasmim impregnou meu nariz, fazendo eu ter que controlar minha respiração, para não ter que respirar profundamente na frente dela. Seu olhar, passou de arrogante para decepcionada. — Não vou mentir, esperava alguém... A sua altura Erwin, mas sei que, os melhores vêm sempre de onde menos esperamos. É um prazer te conhecer capitão Levi.

Ela estendeu a mão para mim e tudo o que fiz foi encara-la, Erwin praticamente implorava com os olhos para que eu fosse gentil, e eu podia quase escutar os dentes da Hange se batendo de tanto nervosismo. Não era possível que eu era obrigado a ser educado com essa estupida, estupidamente... Controla a respiração Levi.

— Infelizmente não posso dizer o mesmo Comandante Akemi. — Todos na sala pareciam entrar no mesmo estado de tensão e então ela apenas sorriu, como podia sorrir? Eu acabei de dizer que não queria tê-la conhecido, e ela apenas sorriu.

— Entendo, de onde eu venho algumas pessoas dizem que o prazer dificilmente é a primeira coisa que sentimos ao conhecer alguém. Essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora.

— Bem, antes de começar a reunião gostaria que conhecesse oficial Hange...— Erwin interveio fazendo a mulher sair de perto para dar atenção para quatro-olhos, e eu finalmente pude parar de controlar a respiração, sentindo só o resquício de seu cheiro irritantemente bom.

A reunião seguiu mais calma do que imaginei, havia poucas pessoas ali que não olhavam a comandante com os olhos brilhantes enquanto ela falava sobre sua visita as muralhas. De acordo com ela, queria muito conhecer e ajudar o povo que acolheu sua tropa por anos, uma verdadeira política.

— Eu sei que não começamos muito bem capitão, mas espero que possamos resolver isso antes da minha partida. — A mulher disse assim que a reunião acabou, seguindo Erwin para fora da sala.

— Por um segundo eu achei que você ia desmaiar. — Hange se aproximou com sua cara de que falaria alguma merda.

— E porque eu desmaiaria?

— Eu vi você, quase não respirava perto dela. — Hange riu. — Não é possível que o "tão falado capitão Levi" estava nervoso. Hmmm. Será que alguém finalmente...

— Não fode quatro olhos, tenho mais coisas pra fazer.

Hange gargalhou alto e tudo que fiz foi sair da sala, para não ter que ouvir mais nenhuma besteira.

A Comandante - Levi ArckemanTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon