A Comandante - Levi Arckeman

TRÊS

O dia estava nublado, parecia que o mundo iria acabar e talvez acabasse mesmo. Eu estava atrasado para o treinamento que mais me parecia uma continuação daquela oficina idiota, o Erwin ficaria puto, mas o que eu poderia fazer.

— Por que não foi me chamar? — Sussurrei para Hange assim que me aproximei. Todo mundo parecia bem ocupado mostrando e aprendendo métodos de lutas diferentes.

— Eu não sei, imaginei que você não quisesse vir. — Disse enquanto tirava a maioria de seus acessórios.

— Eu não sabia que isso era uma opção. — Disse deixando as minhas coisas na mesa de madeira.

— Nãao!? Então porque se atrasou? — Hange arregalou os olhos.

— Tive uma péssima noite.

— Está com cara que dormiu até agora.

— Isso não importa, vamos terminar com isso logo...

— Levi, Levi... Andou aprontando a noite não foi?

— Você não consegue pensar em outra coisa sem ser de modo sexual?

— Está bem, não falo mais nisso então.

O treinamento seguiu o resto do dia, na maior parte eu só ficava ao lado da Hange ou orientando os pirralhos em alguma coisa. Somente o comandante Erwin apareceu no treino e eu agradeci por aquilo, eu não sabia se conseguiria olhar para a comandante Akemi, depois de hoje de manhã. A culpa estava me consumindo, e eu me arrependia de ter feito aquilo.

— Preciso dormir ou não vou aguentar me levantar amanhã para a cerimônia. — Hange se espreguiçou enquanto caminhávamos para casa.

— Que cerimônia?

— Não escutou o Erwin? Infelizmente amanhã a comandante Akemi vai embora com suas tropas, tínhamos tanto pra compartilhar. Ela disse que somos convidados pra ir em Mukō-gawa.

— O que? Mas quando ela disse isso?

— Hoje de manhã, antes de você chegar. Aparentemente você estava errado sobre ela, tudo o que ela fez desde que chegou foi entregar seus conhecimentos, mais com os comandantes claro! Mas isso não importa.

— É, não importa.

...

— Merda!— Uma parte do meu equipamento estava faltando. Eu estava arrumando minhas coisas em casa, já estava tarde demais para voltar até lá para buscar, mas se ficasse lá alguém com certeza pegaria.

Peguei meu guarda-chuva e tranquei a casa, pra piorar o céu parecia desabar. Quando chegasse em casa faria um chá bem quente para evitar um resfriado. Quase não tinha pessoas andando na rua, todos deveriam estar em casa, ainda assim a luz do galpão onde ficavam os equipamentos, estava acesa.

Entrei no lugar que parecia estar vazio, então andei até minhas coisas e me surpreendi quando vi a comandante Akemi mexendo em alguns equipamentos em cima da mesa e ela pareceu surpresa também quando me viu.

— Capitão o que faz aqui?

— Eu esqueci umas coisas. — Me aproximei da mesa pegando meus equipamentos. — E o que tá fazendo aqui tão tarde?

— Arrumando minhas coisas para partir. — Ela disse baixo.

— Eu soube... — Nos encaramos por alguns segundos em silêncio, não nos conhecíamos direito, porém ela faria falta.

Eu não sabia quanto tempo eu estava parado olhando para ela, mas só acordei quando senti aquele cheiro tão único dela, ela estava muito perto.

— Capitão... — Ela passou a mão pelo meu braço e eu apenas permiti.