🌻 2. Cenários da imaginação 🌻

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O cair do dia era violento, como um papel de parede lustroso que sugava a escuridão, despenhando rodante

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O cair do dia era violento, como um papel de parede lustroso que sugava a escuridão, despenhando rodante.

As raposas negras correram para o abrigadouro dos seres noturnos e as feras uivantes partiram também. As rosas afrouxaram as suas pétalas e cantaram, como sempre faziam, para alertar de que o dia já havia despontado no horizonte.

As lamparinas se apagaram e os vagalumes voaram para o trecho das almas sonhadoras. As crianças se espreguiçaram, saindo sorrateiras do conforto de suas pétalas, já correndo de encontro as suas babás. Vinte e duas no total.

Todas as manhãs eram iguais na Cidade Perdida. As bolhas de água se formavam e pairavam no ar assim que os raios solares roçavam o mar, as crianças corriam para estourá-las e proveitavam o líquido fresco que caía para aguar as babás que ficavam felizes com o despertar.

O céu irrompia em tons radiantes, no qual o singelo sorriso da lua competia com o aparecimento do luminar diurno. As nuvens flutuavam vagarosas, cobrindo partes de um todo que se via imenso.

Os brotinhos dormiam em pequenos frascos de vidro, até o dia em que despertariam para tagarelar como belas rosas que seriam. Alguns deles abriram os orbes naquele momento, e as crianças foram dar as boas vindas e sugerir as opções de nomes para as mais novas roselas.

A contadora de histórias se via mais a frente.

As estrelas de ar conseguiam se transformar naquilo que desejassem, embora não tivessem voz para contar os seus desejos. Zaya as ensinava a desenhar e assim criarem maneiras de se comunicarem ainda que muitos dos desenhos fossem imprecisos.

As almas sonhadoras teciam as histórias, que a garota narrava, em presentes de madeira e pedra, enquanto giravam ao dançar uma ciranda. Se viam criaturas bonitas, desbotadas feito mármore, os olhos reluzentes esferas como as lanternas que surgiam na noite, e as vestimentas ondulavam através do ar como as corolas das flores.

O céu era tingido em tons de azul, rosa e lilás. Uma miscelânea de cores claras que formavam a paisagem mais linda. As bolhas de água que restavam permaneciam flutuantes em meio ao ar e sob o céu até a vinda do escurecer.

A divisão da cidade se via como um alerta sobre até onde era seguro ir. Rosas para a esquerda, sonhadores para a direita. Fumaça Dourada há quilômetros de distância. Não deveriam ir para o sul. Nunca para o sul. O sul? Jamais.

Nesse instante, Zaya encarava o sul como se lá estivesse uma placa indicando “perigo”, a sensação de se ver imersa no medo era palpável e ela engoliu em seco.

No entanto, em meio ao encarar das terras povoadas pelo nada, percebeu que uma das crianças se encaminhava para lá e o seguiu para impedir o que quer que ele fosse fazer.

Não era comum uma criança tentar escapar, embora não fosse impossível o brotar do pensamento.

— Blênio, Blênio! — Ela gritou para o garoto que cessou o caminhar ligeiro. O menino tinha os fios dourados e os olhos mais questionadores que qualquer outra criança que vivia ali. — O que faz aqui?

As Crianças Da Cidade PerdidaWhere stories live. Discover now