🌻 3. Crianças fugazes 🌻

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Era a calada da noite quando Blênio decidiu ser o momento de partir e procurar as respostas para as suas tantas perguntas

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Era a calada da noite quando Blênio decidiu ser o momento de partir e procurar as respostas para as suas tantas perguntas. O menino avistou todas as janelas fechadas, e o silêncio que pesava sobre o lugar dava indício de que os demais já se encontravam em sono profundo.

O menino então buscou as coisas que mais amava: o broto azul que nunca vingou, o boné que ganhou das estrelas e a pulseira feita de grama que a babá lhe dera em seu décimo aniversário. Havia guardado uma maçã no lanche e um pote de doce de amora feito com a polpa da fruta e melaço. Ele tentou sair de fininho, sem fazer qualquer barulho, segurando uma lanterna para espantar os viventes noturnos do qual as babás tinham medo.

Quando encarou a sua casa outra vez sentiu saudades, mas espantou o remorso; compreendendo a importância de fugir do lugar do qual as respostas nunca lhe satisfaziam.

O garoto prosseguiu a sua peregrinação se esgueirando entre árvores e tocos partidos e temeu ser descoberto ao ver uma rosa bocejar. Respirou profundamente e seguiu ao sul, o coração batia forte e os olhos contemplavam tudo em uma atenção merecida.

Enquanto Blênio atravessava a cidade — chegando próximo aos vórtices de ouro — Zaya sonhava. Era um sonho calmo que poderia se tornar uma história na próxima noite.

Como acontecia em uma frequência apreciada, ela tinha entre os braços o pequeno Mitchal que mais uma vez fizera graça e não se contetara em ouvir somente uma história. No entanto, um chamuscado de luz, que parecia vir de não tão longe, aparentava resplandecer sobre ela e ao abrir os olhos ocorreu-lhe a sensação de que algo não seguia como habitual. O seu corpo estremeceu com um arrepio que atravessou a coluna e permaneceu ali, como um assombro.

Com cuidado, saira de fininho, abrindo a janela que dava para o corredor de troncos que protegiam as crianças e as babás. Encarou cada uma delas e o coração pareceu perder uma batida quando viu a janela do leito de Blênio aberta. A garota coçou os olhos e tentou aprumar a visão para ver se o menino dormia. Logo imaginou que pudesse ter sido a ventania violenta, do sopro dos celestiais, que refrescava a pequena vila. No entanto, ao deparar-se com uma cama vazia, considerou o mais óbvio: o menino havia fugido.

Ela correu em direção ao tronco em que Elfie se refugiava e bateu na pequena janela no qual uma lanterna azulada se via acesa.

A jovem temia despertar algum dos noturnos, mas temia mais ainda perder uma criança para o acaso.

— Mãe postiça, mãe postiça! — chamou ao chegar no dormitório da criatura.

A babá ergueu-se em um salto e bateu com a cabeça na lanterna que se apagou com o impacto.

— Blênio se foi, babá — revelou antes da mulher alcançá-la.

A folha que formava a cabeça da mulher se esticou, os veios ficaram secos de água, quase que ressequindo por completo.
Ela paralisou por um átimo, resgatando líquido de outra parte menos importante para não perder a cor verdejante.

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⏰ Última atualização: Mar 29, 2023 ⏰

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