ADEUS, PASSADO

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3 meses atrás

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3 meses atrás....

Um bom livro pode livrar as almas mais prejudicadas do sofrimento, pode ajudar a curar as mais profundas cicatrizes, mas jamais irá fazê-las desaparecer . Era isso que aquela garota de doze anos pensava enquanto tentava passar o tempo, dissipando sua mente das dores externas e ignorando completamente o que acontecia ao seu redor. Se contentando com universos que nunca viveria.

Mas nada é sempre calmo, o barulho do vidro quebrando a fez voltar para a realidade, logo seguido de mais um barulho um pouco mais agudo que o anterior. Foi esse que a fez levantar.

Alana saiu de seu quarto e foi até a sala:

_Isso tudo é sua culpa, se não fosse por você sua vadia desgraçada, eu ainda estaria lá._ Um homem alto com cabelos castanhos gritava com a esposa alguns centímetros mais baixa que ele.

A mulher a frente dele se encolhia em meio seu suéter bege e seus cabelos amendoados levemente ondulados.

_Não culpe a mim por ser um imprestável!_ A mulher o retruca no mesmo tom_ Se não está mais lá é porque sua ambição ridícula fodeu a todos nós!

Abraços e demonstrações de amor não era uma atividade na casa dos Becker's, seu amor se resumia a socos e seus abraços a palavras que feriam mais do que chutes. "Eu te amo" eram substituídos por "eu te odeio", as noites de conversa não existiam.

_Sente-se e coma, vai esfriar._ A mulher contornou a mesa e se sentou.

Alana finalmente saí de onde estava e vai em direção a cozinha passando pelo homem que antes gritava o vendo se sentar.

_Fiquei sabendo que a filha dos Evan's está grávida._ O homem alto diz, meio embolado por conta da embriaguez que a bebida o causou.

Naquela casa também não se existiam pedido de desculpas, não importa quem estava certo ou errado, machucado ou não. Não existiam pedidos de desculpas.

Um barulho de vidro se quebrando chama a atenção de todos a mesa, a mulher leva suas mãos até a testa e um suspiro cansado rotineiro saí de seus lábios antes de ignorar o que acontecia a seu redor. O homem bate com tanta força a mesa que os pratos recém postos se movem com o impacto, ele se levanta com o olhar escuro e odiosos que menina tanto temia.

Naquele momento ela passou a desejar que um livro estivesse em sua mão, para que tirasse a dor da queda e do caco de vidro do copo que havia cortado seu pulso ao se quebrar , para que tirasse a tristeza que aquele olhar trazia nela, que a curasse da dor que suas costas sentiam a cada vez que o cinto de seu pai batia nela, tão forte que no dia seguinte ela torcia para que não acordasse e a sentisse. Mas apesar de sua dela ser imensa, nada se comparava a dor que ela sentia por nunca -jamais- receber um pedido de desculpas.

Batidas a porta foi a única coisa que fez o homem que berrava xingamentos parar. Ava Becker foi até a porta e abriu, com um rosto tão tranquilo como se nada estivesse acontecendo.

_Posso ajudá-lo?_ a mulher pergunta ao homem a sua frente.

_Escutei gritos, o que está acontecendo?_ Ele a pergunta com um a face confusa.

_Não sei do o que está falando, eu e minha família estávamos vendo um filme de terror, acredito que tenha sido isso._ Ava sorria enquanto contava sua mentira má elaborada.

Contragosto o homem anuiu em afirmação e se preparava para ir embora quando escutou um grito abafado, esse grito foi o estopim de qualquer teoria que o homem havia criado, ele empurra a porta sem se importar com o que acontece com a mulher no processo.

Ao ver a cena de um homem tapando a boca de uma criança que chorava enquanto uma fina linha de sangue saia de seu pulso, sua reação não foi outra além de ir para cima do homem e lhe acertar um soco fazendo com que o mesmo caísse em meio tropeços de seus próprios pés. Deixando ele lidando com a dor da queda e o soco, vai em direção a criança mas ao se virar e vê-la de costas ele sente seu estomago se revirar e seu coração parar por alguns segundos.

Cicatrizes. Grandes, pequenas, medias suas costas estavam cobertas por cicatrizes profundas que provavelmente nunca iriam sumir, novas estavam sangrando e as antigas ainda lutavam para se fechar.

Como que um pai, faria aquilo com sua própria filha? E pior, como que a mãe sorria diante isso? Essa era a unica coisa que homem se perguntava. Ele se abaixa para ficar da altura da pequena e frágil criança.

_ Venha comigo, moro na casa ao lado de lá iremos a polícia e eles nunca mais farão nada contra você._ Ele dizia com sinceridade e empatia, olhando no fundo dos olhos sofridos da garota.

_ Não chame a polícia._ Ela falou tão baixo que o homem se perguntou se tinha realmente escutado aquilo.

Ele anuiu, provavelmente teria escutado errado. Ele levanta a garota como se ela fosse um frágil vaso de porcelana e a leva até a porta onde a mulher o olhava assustada.

_ Se encostarem nela novamente..._ Sua ameaça fica no ar, mas é o suficiente para que ela entenda.

Agora estava sentada em um sofá macio sendo iluminada por um abajur enquanto a esposa do homem que ajudou fazia um curativo em seu pulso.

_Qual seu nome?_ Foi a primeira vez que ele disse algo em 15 minutos.

_Alana. E vocês?_ A voz da menina era tão doce que o casal poderia escuta-la por horas.

_Meu nome é Negan, essa é minha esposa Lucille._ O homem -que agora sabe o nome- a diz._ A quanto tempo isso acontece.

Ela demora a responder.

_ Não sei, talvez desde os cinco ou seis._ ela responde e quando vê que a mulher terminou ela olha novamente para ele._ Não chame a policia.

Negan temeu ter escutado aquilo, mas ouvir em alto e bom som era completamente diferente. Ele se ajoelha a frente dela.

_ Sabe que isso é errado não sabe?

_ Eu os amo, eles são meus pais. Não chame a polícia, não se meta nisso._ A suplica de Alana era quase palpável.

O homem se entreolhou com a mulher na qual assim como ele não fazia a menor ideia do o que fazer com a situação. Ele olhou para a garota e assentiu dizendo que faria seu pedido, mas nunca disse que deixaria tudo como estava.











THE GIRL- The hope 1Where stories live. Discover now