Capítulo Trinta e oito

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Medo. Desejo. Aversão. Amor.

São palavras que não deveriam estar juntas nunca! Para mim elas nem caberiam em uma mesma frase, mas eu subjuguei a capacidade que eu e Salazar tínhamos de atrair opostos.

A mudança de casas fez com que todos nós estivéssemos ocupados por tempo demais, os alunos precisavam perder hábitos das outras casas, reaprender normas de conduta, tentar igualar o conhecimento com os outros, tantas coisas que mal tínhamos tempo para qualquer outra coisa que não cuidar da nossa casa. Não via nenhum dos outros professores, nem mesmo Rowena que prometeu me procurar não teve tempo para isso.

Estava sendo sugada pelos novos alunos, ainda que meus antigos que permaneceram estivessem ajudando não era o suficiente. Como conter os impulsos de coragem dos antigos alunos de Gryffindor? Como tirar a individualidade excessiva dos alunos de Slytherin? Como mostrar que a racionalidade não é a única forma de agir para os alunos de Ravenclaw? Muito trabalho e pouquíssima evolução!

Os Flandres que deveriam estar ali para nos ajudar estavam reclusos, e na verdade, eu não queria nenhum deles perto de mim agora. Apesar da distância todos pareciam extremamente presentes. Rowena não teve tempo de vir conversar comigo, mas havia resolvido enviar comida para mim todos os dias, não que eu comesse sempre ou tudo, mas eu sabia que ela se sentia melhor por isso.

Parecia loucura para mim, o tempo parecia correr rápido demais, mas já haviam se passado meses, havíamos perdido as festividades de fim de ano, não havíamos recebido a ajuda do ministério como havia sido combinado e Helena já tinha um ano! Rowena mandou um cartão por um aluno avisando e pediu para ficar sozinha com a filha, ela já deveria estar andando, e bem diferente do que me lembro. Quando foi a última vez que a vi? Mas o meu choque veio quando mais uns meses depois um aluno de Salazar veio trazer um cartão.

Era o que estávamos esperando! O ministério chegaria, finalmente! Não via nenhum deles a quase um ano agora, era assustador saber que morávamos no mesmo lugar e nem nos esbarrávamos, um talento absurdo em se evitar. Eu mesma só ficava em três espaços do castelo: a estufa, o meu quarto e o salão da minha casa, onde estavam acontecendo as refeições noturnas, as diurnas eram sempre na estufa.

Pensando bem em tudo o que iria acontecer vejo que não fiz a escolha mais assertiva da minha vida, mas quando eu me vesti bem antes? "Excepcionalmente bonita!" Ok! Obrigada, cérebro! Foi muito útil lembrar quando estive bela. Receberíamos os membros do ministério hoje, não houve tempo a pensar em um dia recebíamos um cartão de Salazar com a informação já tarde da noite e no outro dia tínhamos que receber visitas. Vendo o desespero dos alunos e minha própria ansiedade vejo que o vermelho vivo não era nem de longe a melhor opção, Rowena vestida um rosa claro e Alene branco, só eu trazia cor de sangue, elas a calmaria.

Rowena estava disposta a ignorar nossos problemas pessoais em prol da escola, dividiu os Flandres com as nossas casas, George ficaria com a minha e a de Slytherin, a abnegação com a astúcia, Alene ficaria com Ravenclaw e Gryffindor, a inteligência com a coragem. Seu vestido era simples, muito mais do que todos os outros que já a vi usando, era liso, com poucos adornos sutis de flores no corpete, mangas justas até os cotovelos e a partir daí soltas, estava sem luvas e chapéu hoje, era uma roupa ideal para trabalhar e lutar, mas ainda passava a calma que os alunos precisavam ver.

Os Flandres começaram a organizar os alunos de modo a um proteger o outro para qualquer tragédia que pudesse vir a acontecer. George era doce o suficiente para lidar com meus alunos e firme o bastante para controlar os de Slytherin. Alene não tinha trabalho com os dela, parecia flutuar no seu vestido branco, quase um anjo, era a roupa ideal para o momento apesar de tudo. O branco do seu vestido era adornado por flores delicadas lilas com o miolo verde claro, enchiam o seu corpete e desciam pelas mangas compridas, todo o seu vestido era de tule, como o de Rowena e também não usava luvas e chapéu, a saia tinha uma camada onde as flores desciam.

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