O lobo e a chapeuzinho

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"O lobo continua mau, mas a chapeuzinho já não é tão inocente."
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Eu não sei o que responder, a maneira intensa com que ele me olha e me faz sentir me deixa desconcertada. Embora sempre que nos encontrávamos existia uma tensão palpável, Randolf nunca chegou a expressar que me desejava, muito menos que tinha algum sentimento por mim.

— Você não sabe o que dizer, não é mesmo? — Eu o encaro, tentando decifrar o olhar em seu rosto. — Venha aqui.

Infelizmente, eu não sou capaz de esquecer com apenas um estalar de dedos. Estava claro que eu gostava de Randolf além da razão, assumo que sempre corri atrás dele desde que nos vimos pela primeira vez, mas esquecer tudo de forma tão rápida não era o meu forte.

— Eu não quero dizer nada que possa me arrepender depois. — Assumo, tomando uma respiração profunda e o empurrando para o lado, tirando-o de cima do meu corpo.

— De jeito nenhum. — Protesta. — Você fica aqui e eu estou feliz exatamente desse jeito. — Ele me puxa de volta, ignorando tudo o que eu disse sobre tomarmos um banho.

— Randolf, eu já disse que preciso de um banho, e principalmente você!

— Venha cá. — Ele ordena outra vez, claramente me ignorando.

Cruzo os braços no peito, arqueando uma sobrancelha e enviando um olhar matador. Nesse momento, tudo o que mais preciso é de espaço. Randolf até pouco tempo não me queria sequer por perto, agora ele está aqui, coberto de terra, lama e aparentemente pronto a arrancar o próprio coração do peito se eu pedir.

— Não estou me sentindo confortável agora. — Ele suspira e rola para o meu lado, deixando seu peito exposto e usando uma mão como apoio para sua cabeça.

É absolutamente inevitável não olhar para o seu membro semi ereto. Randolf ri baixinho.

— O que foi? — Questiono, rolando para fora da cama. Eu preciso de uma distância segura para reorganizar minha mente.

— Você está com as bochechas vermelhas. — Comenta.

— E o que tem isso? — Ele ri de novo e eu me derreto por considerar seu sorriso uma das características que mais admiro nele.

— Como faremos os nossos bebês se você sente vergonha em olhar o corpo do seu homem nu? — Fico tensa.

Eu abro minha boca para responder, no mesmo instante em que batidas na porta chamam nossa atenção.

Oh, merda!

— Scar? — A voz do senhor Greyson me chama atrás da porta,  ele provavelmente quer certificar-se de que estou inteira, após ter passado o dia inteiro fora.

Um rosnado baixo vindo de Randolf chama a minha atenção de volta para ele.

Seu rosto está retorcido. A cor dourada já retornou à sua íris e seus dentes estão à amostra.

— Randolf? — Chamo baixinho, tentando evitar que o senhor Greyson ouça alguma coisa.

Eu fico muito mais tensa quando ele se levanta com um salto. Tenho certeza absoluta que não vou gostar do que quer que ele esteja planejando fazer. Randolf contorna a cama rapidamente. Pulo por cima do colchão, caio de quatro no tapete e tento desesperadamente engatinhar o mais rápido possível até a porta, na tentativa de evitar que Randolf arranque a cabeça do senhor Greyson.

De repente, uma mão agarra meu tornozelo, dá um puxão forte o bastante para me derrubar de barriga, e me gira de costas. Em um piscar de olhos, Randolf está por cima do meu corpo, apenas centímetros separando nossos rostos. Ele não coloca nenhum peso sobre mim, mas estou presa entre seus braços e pernas. Seu olhar aprisionando o meu.

SONAROpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz