Bem-vinda a Weresville

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"Quando tudo se está perdido, uma chama vibrante é vista ao longe, a escuridão se dissipando aos poucos nos mostra que existe uma luz no fim do túnel."


Durante muito tempo fui considerada uma boa garota. Aquela que tirava boas notas na escola, que tinha tempo para passar com os seus pais e fazer o que eles esperavam dela, aquela que nunca – em hipótese alguma – levava fora alguma ordem.

Mas isso mudou nos últimos seis meses. É como se um profundo vazio estivesse crescendo em meu peito pouco a pouco. Eu não sou mais aquela garota. A minha vida mudou do dia para a noite com apenas um piscar de olhos. De agora em diante eu estava sozinha em uma casa enorme e sendo preparada para assumir uma grande fortuna.

Isso seguiria desta forma se eu não tivesse decidido ter uma temporada de "férias" em um lugar muito distante. Era o fator principal que eu necessitava para conseguir colocar todas as coisas em seus devidos lugares e seguir com a minha vida. Desde que os meus pais morreram, não tenho uma ideia realmente significante do que fazer com a minha vida daqui pra frente. Isso me apavora.

Quando a porta da biblioteca é aberta e o Sr. Grayson empurra sua cabeça para dentro, entendo que é chagada a hora de ir. Ele é o homem que ficou encarregado de cuidar das minhas necessidades e do meu patrimônio até que eu estivesse apta a tomar todas as minhas decisões. Eu não podia reclamar da escolha que os meus pais fizeram ao nomear o Sr. Grayson como o meu tutor, em nenhum momento fui capaz de desconfiar da sua lealdade para com a minha família, e eu costumo ser muito intuitiva.

— Scar, o carro já está esperando e sua bagagem já está pronta.

Coloco o álbum de fotografias em cima da antiga mesa do meu avô, e empurrou a pesada cadeira para trás. Eu sentiria saudade desta casa, sentiria saudade das horas que passei na biblioteca estudando com o meu pai e sentiria saudade de Seattle. Entretanto, era a hora de seguir em frente.

— Obrigada Sr. Grayson. Eu não sei o que faria sem o senhor. — Ele balança sua cabeça com um sorriso modesto.

— Não precisa agradecer, Scar. Eu a vi crescer, não poderia abandoná-la em um momento como este. — Tenho um sorriso pequeno para ele, sentindo a ferida latejar em meu coração. Estava muito recente.

Ele me acompanha até a sala principal, como uma sombra em minhas costas. Ao contrário das outras pessoas que estão ao meu redor, não me sinto desconfortável perto do Sr. Grayson. O fato dos meus pais terem sido empresários e sócios tão bem renomados e conhecidos não me fez ser também conhecida e prestigiada e eu agradecia por isso. Nunca me importei com o fato de ter dois pais e nenhuma mãe. Dois pais que eram de sangue e adotivo, mas que habitavam o mesmo lugar em meu coração.

Eu tive uma mãe alcoólatra que não podia dizer com certeza com qual dos seus dois namorados ela havia engravidado até que eu nasci. Sempre me perguntei como eles foram capazes de namorar a mesma mulher sem nunca descobrir nada. Meu pai biológico, Gaspar Vlad era filho de Patrick Vlad e herdou tudo o que meu avô tinha quando morreu. Meu outro pai, Hector Claveland, era um estudante de economia, estagiário na empresa de Vlad. A vida fez com que a minha mãe se envolvesse com ambos, mas engravida-se de Gaspar. Mas, para a sua infelicidade ou não, os meus pais não a deixaram aplicar o famoso golpe da barriga, fazendo assim, que ela lhes entregasse a minha guarda por um bom dinheiro. Ela nunca se importou por isso.

— Obrigada novamente Sr. Grayson. Assim que chegar a Weresville mandarei um e-mail com fotos. — Ele sorriu e seus olhos enrugaram onde se forma pés de galinha.

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