Cap 3.3 "As Aventuras de Yibo: NA PRISÃO." PT1

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1 semana antes do Incêndio
20:00pm

Yibo POV*

Naquela noite os carcereiros passaram em todas as celas para a revisão diária, queriam estar cientes de que nenhum objeto havia  sido entregue aos prisioneiros durante as visitas diárias.

Foram encontrados alguns canivetes, cigarros, revistas, isqueiros e até uma garrafa de álcool.

Pensei, "Como aquilo chegou nas mãos dele?! estávamos do outro lado do vidro, não tem como passar nenhum objeto por lá."

Meu colega de quarto é o garoto jovem de quem eu falei anteriormente, ele é chato, fala bastante e quando está dormindo faz barulhos com os dentes... fica os esfregando, aquilo me mata de agonia.

Faz tempo estou preso nesse lugar e até agora não encontrei nenhuma saída. Todas as janelas são pequenas e o muro do lado de fora tem exatamente 4 metros de altura e mais 1 metro de cerca elétrica,  meio exagerado...

Ouvi dizer que ninguém nunca conseguiu escapar desse manicômio.
"Então Serei o primeiro na história a ter sucesso nessa fuga." Pensei.

Assim que a revista terminou, os carcereiros saíram para fora da ala norte, com certeza estavam marchando para a ala sul.

As luzes foram apagadas e a escuridão tomou conta, apenas a janela era iluminada por um intenso brilho que vinha de fora, era a lua.

Me levantei e subi na cama, fiquei olhando o céu pela janela. Me lembrava Xiao.

Com a agonia no coração e a saudade batendo, me vi em completo estado de pós-morte.

"Xiao...", Suspirei.

-Chefe, vai dormir!-
O garoto grudou na minha barra da calça, o que me fez automaticamente socar a cara dele.

"OMG"

-GAROTO, VOCÊ ME ASSUSTOU!-
Gritei com ele,  o jovem começou a gritar quando sentiu seu nariz escorrer um líquido quente e grosso, acabou por desmaiar, tentei acorda-lo  mas logo os carcereiros abriram a cela e a merda já estava feita. Fui levado para a solitária.

Carcereiro, "Você não devia ter batido no seu colega, vai ficar aqui por 2 dias."

Ele fechou a porta, mas logo abriu novamente.
"E sem refeição."

Pensei comigo, "já não basta ter que dividir a comida com aquele idiota do Grandalhão da cantina, agora eu morro de fome!"

Naquela minúscula sala não entrava luz, não tinha colchão  e nem vaso sanitário para fazer as necessidades, sem contar no fedor de podre. Parecia que alguém tinha morrido ali.

Logo escutei vozes vindas do outro lado da parede. Era um homem, parecia gostar de ópera, sua voz era linda e estrondosa.

Tentei falar com ele, "EEEI PESSOA DO OUTRO LADO DA PAREDE, VOCÊ CONSEGUE ME OUVIR?!"

A voz GRITOU em resposta, "EU CONSIGO TE OUVIR, E VOCÊ?! CONSEGUE ME OUVIR?!"

Respondi, "SIM, EU CONSIGO TE OUVIR!"

Achei idiota o fato de eu ter gritado de volta, tentei conversar com ele.
"Qual é o seu nome? "

-Não sei! -

Continuei o interrogatório.
"faz quantas horas que você está na solitária?!"

-Hoje é que dia? -

A pergunta que ele me fez foi bem aleatória e tentei me lembrar, fiz as contas para ele.
"Eu... acho que é dia 15?"

O silêncio pairou sobre o lugar.
Tentei chamar por ele mas não obtive resultados.

Me sentei no chão e cruzei as pernas, observei aquela escuridão, "eu estou completamente cego. Talvez pela manhã isso melhore."

O tempo passou e acabei dormindo, tive alguns pesadelos e acordei assustado com os gritos vindos do outro lado da parede.

Ainda estava de noite, tentei chamar pelo senhor.
"SENHOR? ACONTECEU ALGO?"

A pessoa do outro lado gritava mais alto, aquele som... era horrível, parecia estar morrendo. Tentei acalma-lo, mas nada resolvia. Ele não me escutava.

Minutos se passaram e os gritos continuavam, tomava uma forma de choro e logo a rouquidão com certeza o pegaria.
Me deitei no chão gelado, encolhi o meu corpo e esperei até que parasse de gritar.

Caí no sono novamente, senti algo macio me acariciando, me virei para o lado e encontrei Xiao com seus belos olhos me olhando com paixão.
Esbanjei no sorriso, o abracei bem apertado e não quis mais soltar.
Comecei a falar coisas em seu ouvido e a pedir perdão pelas falhas que tive durante o tempo que ficamos juntos.
"Eu... te amo muito. Quero ficar ao seu lado até a morte..."

Xiao, "você matou aquelas pessoas!"
Me apertou mais forte, senti suas unhas entrarem na minha carne.

"Eu não fiz isso, você sabe!" Tentei não chorar.

Xiao me encarou e seu olhar era de pura fúria, "Eu sei, você matou aquelas pessoas!"

"Eu não fiz isso..."

Xiao, "seu pai, sua mãe...

Comecei a chorar e a negar com todas as minhas forças, Tentei me desgrudar de seu abraço e mais forte eu era apertado.

Xiao, "e seu irmãozinho?"

Acordei cansado e suado, a falta de ar naquele cubículo me fez ter uma pequena queda, ainda está de noite mas parece que já amanheceu do lado de fora.
O velho da cela ao lado agora estava sussurrando coisas aleatórias e ele parecia mais calmo, só que meu medo de ficar doido aumentou. Me levantei daquele chão  e senti meu corpo dolorido, parecia ter apanhado de várias pessoas, respirei aquele ar e percebi que não cheirava podre... talvez meu nariz já esteja acostumado.
Andei até a porta e bati nela, chamei pelo carcereiro e nada de resposta. Desisti e decidi esperar até acabar.

Os gritos na outra cela não paravam, então para distrair a atenção comecei a cantar uma melodia que eu escutava quando era criança.

A voz ecoava pelos quatro cantos das paredes e meu coração se enchia de alegria, até o velho havia parado de berrar e eu sentia a esperança voltar aos poucos. Finalmente eu consegui sorrir.

"YOU BELONG TO ME!" -YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora