✵ EPISÓDIO (1/3): 𝐃𝐄𝐒𝐈𝐑𝐄 ✵

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𝙳𝚎𝚍𝚒𝚌𝚊𝚍𝚘: BlackFenixx ❤️

❝𝐴̀𝑠 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑒́ 𝑛𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝒉𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑒́ 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜, 𝑛𝑎̃𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑜

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❝𝐴̀𝑠 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑒́ 𝑛𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝒉𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑒́ 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑜𝑠𝑜, 𝑛𝑎̃𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑜.❞ Audrey.

    É ENGRAÇADO. Numa cidade tão movimentada quanto à capital o bar estar praticamente vazio em pleno fim de tarde, quando o sol se põe e as estrelas dão sua graça no céu azul-escuro os bares, restaurantes, botecos e empórios ressurgem com todo o seu esplendor, as diversas luzes – algumas psicodélicas – que iluminam as ruas da cidade são um dos principais atrativos da noite.

   Wendy recepcionava os clientes que transitavam o caminho até o balcão com um sorriso eufórico no rosto moreno e os pedidos entregues nas mãos. Enquanto isso, sua namorada se servia numa mesa solitária observando-a de longe sem querer incomodá-la. Sabia que sua amada estava bastante ocupada.

   Sua feição era refletida na parede de vidro adjacente, uma tristeza infinita que não parava de torcer o seu coração até que este se transformasse em um órgão murcho. Era demais para a menina lembrar que seus pais não aceitaram muito bem a relação das duas no natal passado.

   Wendy percebera a mudança de humor da garota, aquele belo rosto de porcelana brilhante era mais familiar do que o seu próprio corpo. Sabia distinguir cada mínima diferença que acontecia com Megumi, ela é um livro aberto mesmo não desejando ser.

    Ao terminar o seu turno decidiu fechar sozinha o estabelecimento, mas junto de sua teimosa namorada. Megumi detestava voltar para casa desacompanhada.

    A garota de ondulados fios dourados conduzia tudo no automático, desligava algumas luzes e trancava as portas do fundo. Mal se dera conta de um par de mãos familiares lhe abraçarem por trás, Wendy sabia muito bem o que a fazia esquecer do mundo lá fora.

— O que essa cabecinha linda está pensando? — indaga a morena de longas mechas escuras. Seus lábios trilham beijos molhados por toda a extensão do pescoço da loira, que por sua vez, estava totalmente tímida com os atos carinhosos da amada.

— Que deveríamos fechar mais rápido, antes do sol nascer. — respondeu baixando a cabeça enquanto sentia as sutis massagens que Wendy fazia em seus ombros. — Senão... o seu chefe... vai te matar.

— Amanhã, talvez. Mas, hoje não. — retruca, virando o rosto alvo da moça de madeixas de ouro.

   Seus rostos se encontram lentamente. Wendy sempre deixa que Megumi introduza o ritmo das duas e, enfim, se deliciam com o sabor das bocas uma na outra.

    Os gemidos soltos são contidos, mas audíveis pelas quatro paredes. É uma sinfonia paradisíaca que ambas se deleitam juntas. A morena, com as mãos em volta do rosto da namorada, acaricia sua nuca a puxando mais para si. Queria mais daquele sabor, mais daquele toque celestial, mais dela.

  Os lábios da loira são tão macios quanto de um algodão, eles gemem palavras desconexas para a ocasião de prazer. A pele, macia como de bebê, se arrepia no dedilhar de Wendy que trilha maliciosamente pelas as curvas de Megumi.

— Não devíamos estar fechando o bar? — a loira pergunta, de forma sonsa, mordiscando o lábio inferior da morena.

   Ela, por outro lado, sorriu largamente fingindo retomar a consciência se afastando da amada vagarosamente.

— Tem razão. — disse soltando as mãos da cintura da loira, cuja a pele formigava pela ausência de seu contato. — Precisamos terminar antes do amanhecer. Tenho que manter o meu profissionalismo.

— É... — balbucia incerta.

   Os olhos prateados de Megumi  transmitiam a angústia que a consumia. Tinha dissipado tantas memórias para se entregar ao desejo que esqueceu-se de calar a grande língua. Wendy, por sua vez, se divertia a vendo se remexer em pé.

— Você nunca foi muito profissional. — rebateu de repente.

— Não, nunca fui mesmo. — respondeu a puxando novamente.

    E lá estavam as duas com suas línguas se degladiando pela boca adentro. Ambas querendo absorver mais daquele momento, mais daquelas mãos bobas, mais daquele calor.

— Mas você sempre gostou mais do proibido. — balbucia a morena, concluindo o que dizia anteriormente.

    Ainda de costas, Megumi é alçada pelas nádegas no balcão. A garçonete, antes com as mãos em torno do rosto da namorada, inspeciona gradualmente cada centímetro do corpo dela. Apalpando com prazer, Wendy desliza os dedos pelo cós da calça de sua amada e o aperta contra si chocando os dois corpos.

    Só mais um passo. Só mais um toque e nós estaremos unidas mais uma vez, são um dos pensamentos da morena que abre o fecho da calça de cintura alta.

     Entretanto, o clima abrasador entre as duas muda drasticamente pelo barulho de uma descarga da privada. Suas respirações travam, o medo e vergonha estampado nas caras delas é de rir para não chorar.

    Meu Deus, alguém me enterre para nunca voltar, a loira divagou escondendo o rosto entre as mãos.

    Dali, com uma mochila de viagem nas costas, sai uma mulher de escuros e curtíssimos fios como a noite, olhos azul-esverdeados e tantas tatuagens no corpo que nem os olhos conseguem encontrar totalmente.

— Desculpe, não sabia que estavam fechando. — ela anuncia, sua voz é grave e sedutora, quase um ronronar de uma gata.

    Uma gata vira-lata, Wendy revira esse repentino pensamento para longe.

— Já faz meia hora. — Megumi hesita em respondê-la, mas quando diz sua voz desata apressadamente.

    A forasteira arregala os olhos mostrando estar bem surpresa de ter se perdido por tantas horas. Wendy a observa atentamente, a roupa folgada esconde muito bem a musculatura curvilínea da moça e os lábios carnudos mais parecem terem saído de uma clínica do que serem realmente naturais. Sua feição se entorta pela excessividade de atenção que ela dá a sua namorada e retruca:

— A saída é por ali, tenha uma boa noite.

    Ela aponta com o indicador enquanto os olhos amêndoas se enroscam no oceano da mulher desconhecida.

— Obrigada. — responde aumentando a distância entre as duas. — Ah, não pude deixar de escutar o que você disse... — sussurra parando no meio do caminho, antes de tocar na maçaneta da porta.

    Megumi tentou novamente esconder o rosto ruborizado, mas sua namorada encarou mesmo com o vermelhidão aparente no rosto de bronze. Ela tinha mais coragem.

— Às vezes é no desconhecido que é mais gostoso, não no proibido. — profere, esboçando um sorriso audacioso como se escondesse um tesouro com aquele enigma. — Tenham uma ótima noite, meninas.

    E então ela se foi. A porta foi selada e o silêncio reinou naquelas quatro paredes que foram as únicas testemunhas da obscenidade das duas mulheres. Megumi engoliu em seco. Ela tinha entendido perfeitamente o que aquela mensagem passava pelas entrelinhas, e mais do que isso, sabia também como sua amada estava se sentindo e a intensidade que ela iria transpassar quando estivessem a sós em sua casa. Em chamas.

Continua

Audrey ᶜᵒⁿᶜˡᵘⁱ́ᵈᵒWhere stories live. Discover now