Capítulo 6

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Capítulo 6

Quanto mais Sônia negava maior era o ódio de Raúl. Para deixá-la sem palavras, Ivan mostrou-lhe as fotos no seu celular.
Sônia olhou para o filho espantada. Não imaginava que o seu maior inimigo havia saído das suas entrenhas.
_ Não é justo que você continue enganando o meu pai desse jeito sórdido!
_ Já basta de tanta hipocrisia! Vocês estão me fazendo diversas acusações, mas se esquecem que o Raúl me traiu durante anos com a minha própria irmã, além de outras vagabundas!
_ O papai é homem, é normal. Já as mulheres conseguem se controlar. Você não fez porque não quis. Não tem caráter.
_ Você está sendo machista, Ivan.
_ Uh, é! Não era isso que você queria que eu  me tornasse, mamãe? Não foi para isso que apoiou o meu pai a me levar a um bordel quando eu tinha doze anos de idade, para perder a virgindade com uma prostituta adulta?
_ Então, você fez tudo isso por vingança?
_ Não. Fiz porque não acho justo que você engane o meu pai quando ele está neste estado.
_ Já basta!_ Gritou Raúl com dificuldades._ Sorte sua que estou entrevado nesta maldita cadeira de rodas, senão eu teria te dado uma boa surra, que é o que vagabundas como você merecem. Quero que pegue as suas coisas e saia imediatamente da minha casa.
_ Você não pode fazer isso comigo.
_ Ou você vai sair por bem, ou eu vou ordenar que um dos seguranças te atire na rua como um saco de lixo.
Ivan desejava muito demonstrar a sua alegria com gargalhadas, mas decidiu manter a pose de bom filho preocupado com o pai doente.
Sônia se retirou do quarto sentindo -se injustiçada, pois suportou por anos a infidelidade conjugal do marido para não perder a vida luxuosa que levava, e, agora havia perdido tudo.
Ela não tinha uma família rica como a do marido. Antes de se casar com Raúl, era apenas uma estudante de moda, filha de pais advogados e ela sonhava em ascender de classe social.
Por ter se casado com um homem rico, nunca concluiu os estudos e ingressou no mercado de trabalho. Viu -se perdida, sem saber o que fazer e que rumo daria a sua vida.
Sônia ordenou que uma das empregadas fizesse as suas malas e levou consigo as pouca jóias que guardava em casa. Também ordenou a um dos seguranças que levasse as malas para o carro. Ela tinha a intenção de se hospedar em hotel de luxo e pagar as despesas com um dos seus cartões de crédito sem limites.
Antes de sair, Sônia foi até o seu antigo quarto e encontrou Raúl sendo atendido por um médico, o empresário tinha no rosto uma mascara que lhe dava oxigênio vindo do nebulizador.  Ivan sentado numa poltrona em frente.
Ficou por alguns segundos observando o filho e percebeu que aquele homem não era mais o seu menino que partira para a Suíça anos atrás. Ela não o reconhecia mais.
_ O que você está fazendo aqui, piranha? Saia!_ Raúl se agitava e a sua situação de saúde se complicava ainda mais.
Ivan levantou-se da poltrona, pegou a mãe pelo braço e a levou para o corredor.
_ Já chega! Vá embora. Você quer matá-lo?
_ Eu não quero matar o seu pai, mas você quer. Mostrou as fotos a ele mesmo depois de eu dizer que o Raúl não poderia ter emoções. Você é cruel, Ivan! Com certeza quer ficar com o dinheiro do seu pai todo só para você. Mas, saiba que isso não vai acontecer. Eu fui casada com aquele traste por anos e tenho os meus direitos. O meu advogado vai procurá-los.
Sônia dizia apontando o dedo indicador para Ivan, que a olhava de uma forma inexpressiva. A socialite retirou-se. Ao vê a mãe descer as escadas, a expressão de Ivan se converteu em um sorriso de satisfação.
No dia seguinte, Ivan informou ao pai sobre o que a mãe havia dito em relação a recorrer os seus direitos.
_ Eu não vou deixar um centavo para aquela vagabunda. Ela quer  gastar todo o meu dinheiro com os machos.
Durantes os dias, Ivan se comportou como um filho zeloso e dedicado a cuidar do pai enfermo.  O que fez com que conquistasse a confiança do empresário.
Numa noite fria, Ivan alimentava o pai com sopa de legumes. Raúl pediu para que afastasse o prato e comunicou ao filho a sua decisão.
_  Eu não posso negar que sou um velho desgraçado e doente. Que cheguei ao ponto humilhante de precisar de outro homem para limpar a minha bunda. Pareço um marica.
Raúl dizia com tonalidade áspera. A expressão era raivosa.
Ivan se sentiu incomodado com o fato de mesmo doente, o pai humilhava os homossexuais. Na verdade,  Raúl sentia raiva de saber que o sobrinho gay era jovem, belo e saudável, enquanto ele que julgava ter uma sexualidade superior, estava na fase terminal da sua vida.
_ Logo eu vou morrer. Mas não quero que a piranha da sua mãe herda um centavo meu. E muito menos a Luíza. Ela é muito apegada ao veado do irmão Gael,  tenho certeza de que gastará o meu dinheiro com ele, e  isso eu não vou admitir nem mesmo depois de morto.
"Você é o único digno do meu dinheiro. Foi leal ao desmascarar a sua mãe. Mesmo sendo jovem e saudável perde o seu tempo cuidando de um velho inútil.
"Além do mais, você por ser homem é o único competente para ficar à frente da empresa. A Luíza é sentimental demais, como todas as mulheres, e a empresa precisa ser dirigida por pulsos firmes.
"Por isso, tomei a decisão de passar para o seu nome todos os meus bens. Farei isso em vida para que não aja testamento. E assim elas não terão direito a nada.
"Eu já comuniquei à minha equipe jurídica. Em breve você será o proprietário de tudo. Só peço  que  cuide da sua irmã. Não dê fortunas a ela, mas a ampare depois da minha morte."
_ Não diga isso, pai. O senhor não vai morrer.
Ivan segurou a mão do pai e Raúl a arrancou com força.
_ Deixe dessas bobagens de sentimentalismos . Isso é coisa de veado. Eu tô doente! Agora saia daqui e leve essa porcaria de sopa.

Naquela noite, Ivan decidiu que não ficaria em casa. Foi ao motel mais luxuoso da cidade do Rio de Janeiro e pediu o  champanhe mais caro.
Na banheira do motel, tomou um relaxante banho de espumas e sorria ouvindo músicas no celular.
Vestido com roupão azul, atendeu o interfone com a taça de champanhe na mão.
_ Ok. Mande subir.
Ao ouvir o barulho na porta, atendeu o convidado com um sorriso malicioso, mordendo o lábio inferior.
Puxou o belo rapaz pela cintura e o beijou.
O garoto de programa era um belíssimo rapaz moreno, de ombros largos e peitoral bem definido. Tinha os cabelos bem curtos e um sorriso alvo de dentes bem alinhados.
_ Espero que tenha gostado dos meus serviços de ter seduzido a sua mamãe. Não é para me gabar, mas ela gostou muito.
_ Sim. Você fez um serviço. Aqui está o restante do pagamento. Agora desapareça da vida dela.
Ivan o entregou um cheque no valor de trinta mil reais.
_ Foi um prazer fazer negócio contigo. Se precisar dos meus serviços é só chamar.
Ivan o olhou de cima para baixo e retirou o roupão.
_ Vou precisar sim. Ajoelhe -se me chupe.
O rapaz sorriu e obedeceu ao inusitado  cliente.

Verdades secretas Where stories live. Discover now