Capítulo 73

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Capítulo 73

Os meses passavam a passos lentos para Sônia. Os dias na prisão eram tumultuosos.
Maria Quitéria sentia prazer em persegui-la. Sempre que sentia vontade, dava um violento tapa na cara da loira, mesmo sem ter motivos para isso. Na hora da refeição, jogava o alimento de Sônia no chão e a obrigava a comer sobre os seus pés.
A loira estremecia de raiva e medo ao ver que Maria Quitéria e as suas suditas portavam facas e canivetes.
Boatos corriam que a serial killer, estava prestando serviços para uma facção criminosa e com isso, conseguia para ela e as amigas smartphones, por onde mantia contato com o mundo exterior.
Sônia não se conformava com a situação que vivia e dedicou revertê-la.
Mudou a sua postura de madame soberba, para uma mulher agradável e prestativa com as presidiárias. Sempre pedia  ao seu advogado que  levasse presentes como maquiagens, roupas baratas, cosméticos e cigarros, os quais ela distribuia com as companheiras.
Sônia engolia o seu tédio, o disfarçando por trás de palavras consoladoras para ouvir os desabafos das colegas.
Diante dessas atitudes, Sônia havia conquistado a amizade de quase todas as presidiárias e carcereiras do local. Era querida por todas, por causa do seu falso jeito meigo e gentil.
Contudo, internamente, detestava a todos, os achavam inferiores e estúpidos. Mas, tinha consciência que precisava manter uma boa imagem para não ser perseguida.
Todas as suas técnicas de sedução não convenceram a Maria Quitéria, que não cessava as suas perseguições a Sônia.
As outras presidiárias não aprovavam mais as atitudes da serial killer, mas não ousavam a contestá-la.
Sônia percebeu que precisava de mais para finalizar as perseguições. Com isso, passou por cima do nojo e decidiu aceitar as investidas de Marção.
Desde que Sônia chegou ao presídio,  Marção ficou encantada com a beleza e as curvas da bela loira. Apelava para cantadas, piscada de olho e recadinhos via torpedo de papéis.
A loira sentia um nojo tremendo da mulher. Muitas vezes, sentia ódio por ser assediada por uma lésbica.
Contudo, concluiu que Marção era uma espécie de vice líder da cadeia e o braço direito de Maria Quitéria. Investir numa relação com a bandida seria um caminho para ter a sua segurança.
Com o passar do tempo, a simples atração por Sônia havia se transformado numa paixão. A mulher enviava a Sônia cartas de amor se declarando com palavras intensas e eróticas.
Sônia a respondia com joguinhos de sedução,  a fim de conquistar de vez a mulher.
"Eu confesso que nunca senti atração por uma mulher, mas por você é diferente. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Não sei explicar este sentimento forte e intenso que tenho por você. Tenho medo de mergulhar nesse amor  inesperado."
Ao ler as palavras mentirosas de Sônia, Marção suspirava acreditando na veracidade delas.
Numa das conversas delas no pátio da penitenciária, Sônia mentiu que a amava profundamente, mas que temia investir numa relação por medo das perseguições de Maria Quitéria.
_ Não se preocupe, meu amor. Eu vou falar com ela e te prometo que terá paz._ Marção disse segurando a mão de Sônia,  a deixando com mais nojo.
E assim foi feito, Marção pediu a Quitéria que deixasse Sônia em paz para que elas pudessem namorar.
_ Você é uma sapatona burra mesmo, hein vixe! É lógico que aquela rapariga não sente nada por você. Ela quer é proteção. Olha pra ti, tu é feia, gorda e escrota e ainda fede. E ela é linda, magra e cheira a perfuma caro. Se enxerga, mulher.
Marção odiava os maltratos que recebia de Quitéria, mas sempre os engolia em silêncio.  Suportava calada as palavras grosseiras e os tapas que recebia da líder, pois temia passar a ser uma das perseguidas.
_ Mas se tu quer chupar a boceta da quenga loira, por mim tudo bem. Vá com tudo. Assim é bom que ela sossega o facho e não fica de gracinhas com o meu homem.
Foi assim que Sônia conseguiu um pouco de paz, mas teve que pagar um preço para isso. Com muito custo teve que suportar os beijos e carícias de Marção.
Como elas assumiram a relação publicamente, o casal passou a dormir na ala de casais da penitenciária.
Todas as noites, as presidiárias ouviam os gemidos de Sônia ecoando pelo local. Como uma boa atriz, ela representava um prazer que não sentia ao ser tocada pela presidiária.
A sua intenção era deixar Marção completamente apaixonada e a mercê dos seus desejos.
Outro fator que fez Sônia não ser mais alvo de perseguição de Maria Quitéria foi a chegada de Lurdes.
O fato da torturadora da pequena Alice chegar ao presídio causou reboliço no local.
Pelo smartphone, Quitéria e bando souberam do motivo da prisão de Lurdes e se revoltaram desejando o sangue da mulher.
Como o caso era famoso na mídia, Lurdes conseguiu ficar temporariamente numa cela especial para não ser assassinada, mesmo não obtendo diploma de ensino superior.
Contudo, o prazo de trinta dias havia acabado e Lurdes teve que ser jogada na toca das leoas.
A primeira vez que esteve no pátio a mulher tremia de medo diante dos olhares ameaçadores das presidiárias. Encolhia-se assustada, como Alice fazia diante das agressões feitas por ela.
Aproximou-se de Quitéria de um jeito submisso. Com o olhar suplicante e uma expressão quase chorosa.
_ Bom dia, a senhora que é a líder daqui?
Quitéria a olhava de um jeito demoníaco, com os olhos vermelhos como as chamas que ardiam no fogo do inferno. Deu um sorriso bestial, encarando uma presa que estava louca para destroçar.
_ A senhora trabalha para o CV?
_ Não. Eu pedi demissão. Agora trabalho para Satanás e ele já me encomendou a sua alma. Ele adora torturar quem maltrata anjos.
A mulher soltou uma gargalhada estridente e macabra, fazendo Lurdes gelar dos pés a cabeça, como se ouvisse os passos da morte se aproximando.
Todas em volta gargalhavam percebendo o medo dela.
_ Eu tenho dinheiro lá fora. Eu posso te dar em troca de proteção. É só falar com o meu advogado e...
A mulher sentiu o impacto da bofetada da serial killer.
_ Você tá pensando o que, o quenga dos infernos? Eu sei que você tá na merda. Perdeu o seu emprego e a sua família te deu as costas. Ninguém apoia uma vadia que maltrata anjos. Ou tu acha que eu não leio jornais?
_ Eu juro que...
_ Os seus dias estão contados, garota. O diabo clama pela sua alma e se depender de mim ele terá.

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