Capítulo 14

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Acordei sentido minha cabeça e garganta doerem, me fazendo levar uma mão para cada lugar, massageando o local. Me sentei na cama e assim que percebi que era uma de solteiro, meu coração gelou.

Pulei de cama no susto e abri meus olhos rapidamente, piscando frequentemente para conseguir focar o lugar, rezando para que não tivessem me pegado novamente. Senti lágrimas descendo por minhas bochechas e minha respiração ofegando. Porém, assim que minha visão não estava mais nublada pelo sono ou as lágrimas vi que estava em um dos quartos de hóspedes na minha casa.

Suspirei aliviada e me joguei na cama com o coração apertado. Será assim para sempre agora? Viverei todos os dias com o medo de alguém me sequestrar novamente?

A maçaneta da porta se mexeu, e, embora eu estivesse na minha casa, não consegui segurar o impulso de ir para o outro lado da cama, colocando o máximo de distância possível entre mim e quem quer que fosse.

Assim que ela abriu prendi minha respiração, esperando que o Medo aparecesse ou aquele verme, mas quando nenhum dos dois apareceu e foi meu pai que passou pela porta com uma bandeja de comida nas mãos corri até seus braços, quase derrubando-a.

— Calma princesa, tu tá segura agora. Vai ficar tudo bem — ouvir a voz dele depois de tanto tempo me quebrou por dentro e mais lágrimas molharam meu rosto, me fazendo entrar em um choro compulsivo.

— Pe-pensei q-que, que nun-nunca mais te ve-veria — solucei em seu peito e ele me abraçou com mais força quando conseguiu colocar a bandeja na mesinha de canto, levando uma mão para o meu cabelo e fazendo carinho.

Ficamos assim por longos minutos, até que ele teve que se sentar por causa do joelho machucado. Peguei a bandeja e me sentei na frente dele, fazendo a pergunta que não parava de pensar enquanto enfiava pão bem recheado na minha boca – só percebendo o quanto estava faminta quando dei a primeira mordida. Porra mano, desde de ontem eu não como nada.

— Por que ele ainda está vivo, pai? — Demo franziu o cenho, se perguntando quem, mas não demorou muito para ele rir.

— Agora tu que o comedia morto? Te decide pirralha — falou debochado e fiz bico, ameaçando chorar. — Não faz essa cara pra mim não, ô pilantra — disse rápido e acabei rindo, ficando seria logo depois.

— Você tá perdendo o jeito meu velho, ele já devia ter ido pra vala — meu pai arqueou a sobrancelha me encarando.

— Tá de caó pro meu lado, Maria Eduarda? Vou meter bala nele só por causa do que tu falou. Agora eu quero vê tu me fazer mudar de ideia depois do que eu contar.

Cruzei meus braços o desafiando que fez questão de sorrir sarcástico pra mim e se acomodar na cama.

— Esse Zé Mosquito aí, que tu andava pegando, fez nada não... — interrompi ele na mesma hora.

— Um caralho que ele não está envolvido, o filho da puta é culpado até o sangue — Steve me olhou sério.

— Vai me deixar falar ou não, hein? — mordi minha língua e assenti. — Queria eu que ele fosse só assim eu matava com motivo, mas o desgraçado nasceu com o cu virado pra lua. O fodido da vez foi o Rabiola...

— Quê? Como assim o Rabiola? Você tem certeza disso? — perguntei não acreditando no que saia por sua boca.

— Vou costurar tua boca — falou sério e mesmo que eu quisesse contestar a cada fala que meu pai dizia, fiquei calada enquanto ele contava toda a história.

Quando acabou eu simplesmente não conseguia acreditar que o Rabiola, o garoto extrovertido e cheio de piadas, queria fuder com a minha vida. A princípio sentir uma vontade grande de chorar, mas depois tudo o que eu senti foi uma raiva descontrolada. Aquele pau no cu me fez de palhaça, velho, e ainda desgraçou mais ainda a minha vida. Maldita hora que fui confiar nele.

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