Vidas Entrelaçadas

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Sina Deinert 

  Estavam todos ali: minha família meus amigos e eles, os olheiros da Companhia de ballet, da Ópera de Paris. Aquele era o meu grande sonho desde infância, e me preparei durante meses para aquela noite

  Estava tudo pronto; eu estava vestida e maquiada. Preparada, eu senti a luzes, as mãos de Erik na minha cintura. Notei que seu sorriso não chegava aos olhos; sei que ele estava tenso assim como eu, pois era seu sonho também  almejava uma vaga na companhia. 

  Nós dois demos o sangue para aquele espetáculo acontecer; o ballet era nossa vida, nascemos para isso. A dança corria em nosso sangue.

  Sorri para ele e não fui retribuída Erik estava concentrado; porque para ele o passo ainda não era perfeito? Quantas cobranças e noite sem dormir 

  Mas valeria a pena! Sei que conseguiríamos. Era nossa grande noite e seriamos contratados . Iriamos a Paris e ganharíamos o mundo 

- Vamos? -  Nossa professora Susane chegou ate nos. Ela era uma mulher de grande elegância, sagaz. Foi uma grande bailarina em sua época, e hoje, com cinquenta anos, era nossa mestre ; perfeccionista mas muito amorosa - Essa noite é de vocês 

  As luzes se acenderam e a musica começou. Meu corpo entrou no ritmo, eu senti, eu vivi, eu amei e eu danei; doei minha alma  e dancei com todo o meu amor

  Os aplausos, as luzes, as pessoas... Sentir cada um em mim; fazia-me amar ainda mais tudo aquilo eu amava dançar, amava o palco. Nasci para fazer isso

  Quando a musica parou, meus olhos estavam cheios de lagrimas; eu estava feliz

   Ainda tinha a segunda parte da apresentação, que era um grupo, mas eu tinha certeza que conseguiria. As pessoas nos olhavam embevecidas; Susane nos abraçou. feliz, e com lagrimas nos olhos.

- Foi lindo, Sina. Parabéns! - ela me abraçou - Você fez bonito Erik.

  Ele continuou sério, sem me olhar, e foi para o camarim. Não entendi o motivo de ele estar frio comigo, mas creio que eu não era o problema ; provavelmente devia ser a tensão. Nós namorávamos a tanto tempo, que eu sabia quando ele precisava de espaço. Decidi trocar de roupa para a ultima apresentação 

  As luzes se acenderam e fomos para o meio do palco

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  As luzes se acenderam e fomos para o meio do palco. Havia mais cinco bailarinas  e cinco bailarinos; faríamos  ultima apresentação  chamada Ressurreição. A coreografia era de autoria da própria Susane  e tínhamos  ensaiado durante meses, preparando todo o figurino  e detalhes; todos estavam eufóricos e sabíamos  que era a nossa grande chance.

  Todas aquelas meninas sonhavam com Paris, com o reconhecimento mundial. Nós já éramos conhecidas nas companhias brasileiras, mas agora queríamos o mundo.

  Sorri pra plateia e encenei meu papel na peça, mas meu coração parecia um tambor. Eu estava com medo, mas também sentia que aquela era nossa noite. Nascemos para isso

  A musica mais uma vez me tomou ; as batidas, o canto, tudo me deixava em trane e eu mais uma vez dancei com minha alma.

  Senti-me viva. amada

Os aplausos 

Saímos do palco em êxtase. Susane recebeu todos com carinho, e mais uma vez me abraçou, ela já tinha me dito que sabia que aquela vaga era minha  e que sentiria minha falta, mas que eu fiz por merecer o mundo.

  Não sei direito o que aconteceu nem de onde veio o toque, mas me vi caindo do palco principal. O local estava em reforma, contudo, não estava pronto. Era uma altura considerável e eu gritei tentei me segurar em alguma coisa, mas minha mão só sentiu o ar, e as luzes se apagaram

Salva-me ᵃᵈᵃᵖᵗᵃᵗⁱᵒⁿ ⁿᵒᵃʳᵗOnde as histórias ganham vida. Descobre agora