Caixinha de surpresas

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Uma semana depois do meu surto, senhor Hiddleston evitou falar comigo, e até me ignorava ainda mais com frequência.

Estava limpando o banheiro do seu quarto quando senhor Hiddleston chegou com algo mas mãos.

"Quero que leia isso". - ele disse me dando o livro que ele lia sempre. "Tem uma semana para ler em entregar. E pelo amor de Deus, cuide bem dele, e não lamba dos dedos quando for passar as páginas. É nojento deixará manchas".

"Não tenho tempo". - disse quase finalizando meu trabalho.

"Deixarei você ler".

Eu estava estranhando toda aquela gentileza.

"O senhor está se sentindo bem?" - perguntei e ele franziu a testa.

"Por quê?"

"Está sendo gentil comigo, e está pedindo para eu usar algo que é seu".

"Ah". - ele sorriu. "Quero que leia. É uma ordem". - antes de pegar o livro ele afastou de mim. "Vai lavar essa mão primeiro, que nojo".

Ele é muito imprevisível. Quando consegui por o livro nas mãos, eu sentia que eu estava num conto de fadas.

"É muito longo, não irei conseguir acabar em uma semana".

"Nada é maior que a fome de ler".

"Nossa, que profundo". - disse abrindo uma das páginas.

"Está escrito aí". - ele diz saindo do quarto. "Trabalha primeiro, lê o livro depois".

...

Era realmente muito complexo a forma de como o autor escrevia. Ele sabia entender muito bem a morte e descrevê-la assim de forma genial.

O livro era bem grosso, e a capa era magnífica. As páginas amareladas ainda cheiravam a novo. Ele sabia muito bem cuidar dos seus livros, são seus bens mais preciosos.

Mas ele tinha uma capacidade mental mais intensa que a minha. O fato do meu chefe ter tentado vários suicídios ao longo da vida, o fazem ver coisas que pessoas mais comuns não vêem. Eu até sentia pena dele, sozinho, sem ninguém que dê apoio a ele, ou que se importe com o que ele fizesse. Ele tem irmãos, mas eles não ligam muito, e o senhor Hiddleston é tão cheio de orgulho que também não se interessa em saber da família.

Pela manhã, fui novamente chamá-lo, todo dia estava sendo assim. Acho que a depressão derrubou ele de vez. Ele estava ainda mais sem ânimo que o de costume, não abria mais a janela, ficava deitado olhando o teto, e quase não queria comer.

 Ele estava ainda mais sem ânimo que o de costume, não abria mais a janela, ficava deitado olhando o teto, e quase não queria comer

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Agora faz sentido a frase: Dinheiro não trás felicidade. Eu só queria que ele ficasse bem, assim eu sairia dali feliz. Todo mundo ficaria bem.

A porta dessa vez não estava trancada, então eu entrei. Como era de se esperar, ele estava chorando novamente. Deixei o café da manhã ao lado da cama.

"Saí daqui". - ele disse amargamente. "Não venha me dizer que eu preciso comer".

"Senhor, eu fiz com tanto carinho".

"Eu não aguento mais". - ele disse deixando as lágrimas caírem e eu fiquei confusa. "Eles me tiraram tudo, até o direito de morrer".

"O senhor tem a vida toda pela frente. Pode se levantar e fazer tudo diferente, não precisa da sua família".

"Ninguém se importa. Eles só querem saber de ganhar ensina do que eu faço". - ele diz se cobrindo.

"Eu me importo. Por isso não fui embora. Quero ter a certeza que o senhor vai estar bem quando eu partir". - disse e ele se descobriu. Estava apenas de cueca. Ainda bem que estava escuro e não deu para perceber o quão envergonhada eu estava.

"Você vai embora?"

"Um dia eu vou".

"Você só pode sair se eu deixar".

"Não senhor. Eu devo sair quando eu bem entender".

"Não".

"Sim".

"Não é assim que as coisas funcionam".

"É assim sim".

"Não, não é".

Ficamos nos olhando em silêncio. Até que eu desviei o olhar para minhas mãos.

"É por isso que eu quero que o senhor se levante e ande com as próprias pernas. O senhor precisa comer". - mudei de assunto.

"O que você fez?"

"Guacamole".

"Eu adoro abacate". - ele diz levantando.

"Eu sei senhor".

Só bastava de um pouco de atenção e paciência para ele se recompor.

Blank Space [Tom Hiddleston × You]Where stories live. Discover now