For Him | taekook

Three.

— Não vai funcionar.

Jeongguk paralisou. O destino só podia estar fazendo uma piada de muito mau gosto. Não bastava ser segunda-feira, ou seja, de volta à rotina depois de um domingo procrastinando ao invés de começar a preparar o trabalho da faculdade, tinha perdido o horário pela manhã, o que acarretou em sair sem café da manhã e, mesmo assim, chegar atrasado ao estágio. Para compensar os quarenta e cinco minutos que ele não estava no início do turno, seu chefe pediu que ficasse durante seu horário de almoço. Jeongguk nem ao menos cogitou dizer não, afinal, não era incômodo algum ficar mais alguns minutos com aquelas crianças adoráveis.

Seu estômago, porém, discordou. Sem ingerir algum alimento – biscoitos oferecidos pela faxineira não contavam – desde o dia anterior, seu corpo cravava por qualquer fonte de energia. Assim que foi liberado, planejava dirigir-se à lanchonete mais próxima e alimentar-se. Quando viu a hora, contudo, quase cuspiu a água que bebia. Ia chegar atrasado para a primeira aula se não corresse. E, assim, seguiu: sem alimento, debaixo de um sol escaldante, exausto no primeiro dia da semana.

Agora, ali estava. Encarando incrédulo o senhor Han, Jeongguk engoliu em seco. Não tinha certeza se ouvira certo. Talvez o salgado que comeu mais cedo quando fugiu durante a aula não tivesse sido suficiente para lhe manter alerta. O senhor, com seus cabelos brancos, ostentava certeza em seu olhar. Todos os alunos já tinham ido embora, mesmo após a insistência do professor para que aqueles que já tivessem iniciado o projeto viessem pedir orientação. Jeongguk achou que seria uma boa ideia receber uma ajuda. Havia começado a organizar seus pensamentos, portanto, seria bom ter uma opinião de fora. Seria mais certeiro de obter sucesso caso alguém mais experiente o orientasse. Nesse momento, porém, se arrependia disso.

O professor, sem receber resposta alguma já que o mais novo ainda estava em transe, pôs-se a repetir:

— Não me entenda mal, Jeongguk. Você é um aluno excepcional, mas esse projeto todo não vai dar certo.

— Mas, senhor Han, eu... — sua voz estava trêmula. Foi cortado pelo mais velho.

— Quando eu tinha sua idade, também pensava assim. Achava que podia curar a todos, ajudar cada pessoa que precisasse. Em pouco tempo dentro da profissão, porém, eu percebi que a realidade não é assim. Foi decepcionante, Jeongguk, mas a vida é assim. Aprendemos a aceitar isso com o tempo. Com você não será diferente, tenho certeza.

— Por que não? — o tom indignado transparecia a cada palavra.

— Esses casos são tratados em crianças e obtemos resultados excepcionais. Na idade adulta, contudo, a pessoa já sofreu sequelas irreversíveis. Logo, não há muito que possamos fazer. Sinto muito.

Jeongguk começou a juntar suas coisas. Precisava ir para casa e pôr um fim nesse dia. Já havia sido mais do que o suficiente. Ia se retirar quando lembrou algo. Uma pequena centelha de esperança acendeu dentro de si.

— Professor, por que quando eu fiz alguns dos procedimentos típicos eu obtive respostas positivas?

Taehyung havia reagido bem aos exercícios propostos, Jeongguk tinha certeza. Foi um tanto inesperado, mas o mais novo não recebeu nenhuma reclamação durante o tempo que realizou ações a fim de incentivar o menino. Ele até ficou sentado, o que foi uma grande surpresa, sem emitir nenhum ruído em desaprovação.

— É normal — foi a resposta. — O músculo ficou todo esse tempo paralisado, com o início de novos estímulos é possível que haja pequenas reações. Vai chegar um momento, no entanto, em que não obterá mais respostas. O dano é muito profundo.

Ouvir aquilo foi o último golpe que faltava para o nocaute. Jeongguk estava esperançoso demais para sequer cogitar analisar pelo lado racional. Fazia sentido. Ele obtivera resultados no primeiro dia e se empolgou. Não queria dizer que continuaria assim.